sexta-feira , 15 novembro , 2024

Crítica ‘Loki’ | Segundo episódio é um montanha-russa de expectativas

[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao segundo episódio de Loki, não leia esta matéria para não receber spoilers.

 Na última quarta, a Marvel lançou seu episódio piloto mais “padrão” até aqui. Ele introduziu muito bem a questão da TVA e sua função, mas também deixou no ar sobre a moralidade (ou falta de) que a agência exerce sobre incontáveis vidas no Multiverso. Levantando uma certa desconfiança acerca de sua real motivação. Eles são bons? Eles são maus? Pois bem, o segundo episódio parte dessa premissa para brincar com essa incerteza, só que também traz novas reviravoltas, deixando o futuro em aberto.



Sobre essa questão das incertezas, a série já faz questão de deixar claro que ninguém é confiável logo na cena de abertura desse episódio. É mostrada uma sequência do “Loki Variante do Mal” atacando uma Caçadora da TVA em uma feira medieval dos anos 1980. A trilha sonora enquanto ela realiza o ataque é “Holding Out For A Hero”, da Bonnie Tyler, que descreve o herói perfeito. Essa ironia é muito interessante, justamente pela revelação do final do episódio.

O tal “Loki Variante do Mal” é, na verdade, a Lady Loki (Sophia Di Martino). Ou é isso que a série quer que o público pense. Isso porque ela aparece ao longo do capítulo manipulando a mente de várias pessoas, fazendo com que ela tomasse conta de seus respectivos corpos. Como foi visto em Os Vingadores (2012), o Loki (Tom Hiddleston) até consegue manipular a mente dos outros, contanto que esteja em posse da Joia da Mente. Na série, a suposta Lady Loki faz isso com muita facilidade. Nos quadrinhos, porém, essa habilidade é atribuída a Sylvie Lushton, uma criação superpoderosa de Loki que é capaz de dominar a magia e já foi membro dos Jovens Vingadores. Só que ela é adolescente e acaba assumindo o nome de Amora/ Encantor, uma feiticeira asgardiana que causou muitos problemas para o Thor. E como ela já existia previamente, quando descobre que uma humana está usando seu nome, ela volta cheia de ódio para resolver o problema. Enfim, existe uma especulação de que tanto a Sylvie quanto a Encantor vão aparecer na série. Então seria interessante se a suposta Lady Loki fosse uma versão crescida da Sylvie e que a Encantor original viesse, mais pra frente, tirar essa história a limpo. Existe ainda a possibilidade de Lady Loki, Sylvie e Encantor serem a mesma pessoa e estar apenas tentando manipular o Loki para conseguir seus objetivos. Fato é que a “vilã”, que parecia ter uma missão heróica de impedir que a TVA dizimasse linhas do tempo alternativas, ganhou um pouco mais de ar vilanesco, por assim dizer, com essa introdução misteriosa.

Mas, voltando para a ambiguidade da TVA, que vem se mostrando uma agência repressora desde o primeiro episódio, é bem curioso o modo com que Mobius M. Mobius (Owen Wilson) lida com ela. Ele afirma para Loki que foi criado pelos Guardiões do Tempo e que cumpre sua função para agradar seus criadores, por mais que isso signifique abdicar de certos desejos, como andar de jet-ski. Na verdade, ele parece nutrir um instigante fascínio pelos anos 1990, o que abre uma brecha para teorias. Quer dizer, o MCU já mostrou o Império Kree reconfigurando a memória de Carol Danvers (Brie Larson) para que ela pensasse ser um deles. Caso seja confirmado que a TVA é uma empresa praticamente facista, o que impediria os Guardiões do Tempo de apenas terem sequestrado pessoas de linhas temporais distintas e apagado suas memórias para que elas pensassem terem sido criadas na TVA? Outro ponto que corrobora para isso é a forma professoral como a Senhorita Minutos fala no vídeo introdutório para o Loki, quase como uma lavagem cerebral. Sem contar que o próprio Mobius fala sobre não questionar e apenas aceitar sua criação. Então, pode ser que Mobius seja mesmo um humano dos anos 1990 sequestrado e “reconfigurado” que demonstra traços de sua vida passada por meio de seus hobbies.

Chegamos agora ao protagonista da série. O Loki é um personagem tão bom justamente pelo que está sendo mostrado na série até aqui. Em diversos momentos, ele assume um papel de criança assustada, quase submisso, para se mostrar – aparentemente – no controle da situação no momento seguinte. Ele está suspeitando sobre a real intenção da TVA, principalmente depois de descobrir que pode acabar ganhando uma audiência com os Guardiões e que ele não tem acesso aos documentos sobre a história deles e sua relação com a linha temporal. Essas divindades obscuras que ostentam um poder intangível são o objetivo de Loki. Ele quer trapaceá-los. Ele quer tomar seu lugar como regente do tempo. Se é que eles são isso mesmo. Loki está usando Mobius e vice-versa, mas eles parecem estar nutrindo um tipo de amizade que é divertidíssimo de ver. No entanto, com esse encontro de supostos Loki’s, ele deve perder um pouco da já escassa confiança que Mobius tinha com ele. A menos, é claro, que ele traga informações para a TVA. Loki agora assume quase que um papel de mediador entre a TVA e a suposta Lady Loki. E isso é muito promissor.

Por fim, as ações da suposta Lady Loki geraram um verdadeiro caos no Multiverso, criando novas ramificações. Delas, é legal reparar em duas. A primeira ramificação é em Lisboa, 1492. Na realidade em que vivemos, foi nesse ano, em Lisboa, que o navegador Cristóvão Colombo saiu com sua frota rumo à conquista da América. Se a série rumar para um episódio mostrando as consequências de um mundo sem os Estados Unidos como o conhecemos, será um episódio bem interessante, principalmente porque os principais heróis do MCU vieram de lá. A outra ramificação que merece destaque é a de Vormir em 2301. Vormir, para quem não se lembra, é o planeta onde o Caveira Vermelha guarda a Joia da Alma, e onde Gamora (Zoe Saldana) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) morreram. Provavelmente a série dará um pulo por lá, o que abre diversas possibilidades.

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Os novos episódios de Loki estreiam no Disney+ toda quarta-feira.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Sobre essa questão das incertezas, a série já faz questão de deixar claro que ninguém é confiável logo na cena de abertura desse episódio. É mostrada uma sequência do “Loki Variante do Mal” atacando uma Caçadora da TVA em uma feira medieval dos anos 1980. A trilha sonora enquanto ela realiza o ataque é “Holding Out For A Hero”, da Bonnie Tyler, que descreve o herói perfeito. Essa ironia é muito interessante, justamente pela revelação do final do episódio.

O tal “Loki Variante do Mal” é, na verdade, a Lady Loki (Sophia Di Martino). Ou é isso que a série quer que o público pense. Isso porque ela aparece ao longo do capítulo manipulando a mente de várias pessoas, fazendo com que ela tomasse conta de seus respectivos corpos. Como foi visto em Os Vingadores (2012), o Loki (Tom Hiddleston) até consegue manipular a mente dos outros, contanto que esteja em posse da Joia da Mente. Na série, a suposta Lady Loki faz isso com muita facilidade. Nos quadrinhos, porém, essa habilidade é atribuída a Sylvie Lushton, uma criação superpoderosa de Loki que é capaz de dominar a magia e já foi membro dos Jovens Vingadores. Só que ela é adolescente e acaba assumindo o nome de Amora/ Encantor, uma feiticeira asgardiana que causou muitos problemas para o Thor. E como ela já existia previamente, quando descobre que uma humana está usando seu nome, ela volta cheia de ódio para resolver o problema. Enfim, existe uma especulação de que tanto a Sylvie quanto a Encantor vão aparecer na série. Então seria interessante se a suposta Lady Loki fosse uma versão crescida da Sylvie e que a Encantor original viesse, mais pra frente, tirar essa história a limpo. Existe ainda a possibilidade de Lady Loki, Sylvie e Encantor serem a mesma pessoa e estar apenas tentando manipular o Loki para conseguir seus objetivos. Fato é que a “vilã”, que parecia ter uma missão heróica de impedir que a TVA dizimasse linhas do tempo alternativas, ganhou um pouco mais de ar vilanesco, por assim dizer, com essa introdução misteriosa.

Mas, voltando para a ambiguidade da TVA, que vem se mostrando uma agência repressora desde o primeiro episódio, é bem curioso o modo com que Mobius M. Mobius (Owen Wilson) lida com ela. Ele afirma para Loki que foi criado pelos Guardiões do Tempo e que cumpre sua função para agradar seus criadores, por mais que isso signifique abdicar de certos desejos, como andar de jet-ski. Na verdade, ele parece nutrir um instigante fascínio pelos anos 1990, o que abre uma brecha para teorias. Quer dizer, o MCU já mostrou o Império Kree reconfigurando a memória de Carol Danvers (Brie Larson) para que ela pensasse ser um deles. Caso seja confirmado que a TVA é uma empresa praticamente facista, o que impediria os Guardiões do Tempo de apenas terem sequestrado pessoas de linhas temporais distintas e apagado suas memórias para que elas pensassem terem sido criadas na TVA? Outro ponto que corrobora para isso é a forma professoral como a Senhorita Minutos fala no vídeo introdutório para o Loki, quase como uma lavagem cerebral. Sem contar que o próprio Mobius fala sobre não questionar e apenas aceitar sua criação. Então, pode ser que Mobius seja mesmo um humano dos anos 1990 sequestrado e “reconfigurado” que demonstra traços de sua vida passada por meio de seus hobbies.

Chegamos agora ao protagonista da série. O Loki é um personagem tão bom justamente pelo que está sendo mostrado na série até aqui. Em diversos momentos, ele assume um papel de criança assustada, quase submisso, para se mostrar – aparentemente – no controle da situação no momento seguinte. Ele está suspeitando sobre a real intenção da TVA, principalmente depois de descobrir que pode acabar ganhando uma audiência com os Guardiões e que ele não tem acesso aos documentos sobre a história deles e sua relação com a linha temporal. Essas divindades obscuras que ostentam um poder intangível são o objetivo de Loki. Ele quer trapaceá-los. Ele quer tomar seu lugar como regente do tempo. Se é que eles são isso mesmo. Loki está usando Mobius e vice-versa, mas eles parecem estar nutrindo um tipo de amizade que é divertidíssimo de ver. No entanto, com esse encontro de supostos Loki’s, ele deve perder um pouco da já escassa confiança que Mobius tinha com ele. A menos, é claro, que ele traga informações para a TVA. Loki agora assume quase que um papel de mediador entre a TVA e a suposta Lady Loki. E isso é muito promissor.

Por fim, as ações da suposta Lady Loki geraram um verdadeiro caos no Multiverso, criando novas ramificações. Delas, é legal reparar em duas. A primeira ramificação é em Lisboa, 1492. Na realidade em que vivemos, foi nesse ano, em Lisboa, que o navegador Cristóvão Colombo saiu com sua frota rumo à conquista da América. Se a série rumar para um episódio mostrando as consequências de um mundo sem os Estados Unidos como o conhecemos, será um episódio bem interessante, principalmente porque os principais heróis do MCU vieram de lá. A outra ramificação que merece destaque é a de Vormir em 2301. Vormir, para quem não se lembra, é o planeta onde o Caveira Vermelha guarda a Joia da Alma, e onde Gamora (Zoe Saldana) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) morreram. Provavelmente a série dará um pulo por lá, o que abre diversas possibilidades.

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