sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Love Lies Bleeding: Kristen Stewart vive amor bandido em alucinante suspense da produtora A24

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2024

Sob uma luz amarelada de uma antiga academia, Lou (Kristen Stewart) e Jackie (Katy M. O’Brian) trocam olhares e se encontram mental e emocionalmente. Completamente diferentes – uma franzina, a outra musculosa -, elas se encaixam em um tórrido e peculiar romance que poderia muito bem ser apenas uma tempestuosa e tumultuada história a dois. Mas o que Love Lies Bleeding não nos revela logo de início é exatamente o que a torna uma das experiências mais originais e inusitadas do cinema recente. O que poderia se tratar apenas de um amor bandido, se transforma em uma caçada vingativa e sangrenta com ares de contos pulp, marcada por um plot twist absolutamente inesperado. E nem nas nossas maiores expectativas em relação à versatilidade da produtora A24 esperaríamos algo tão…divertidamente exagerado.



Se revelando como um thriller romântico surrealista, o longa de Rose Glass reitera o enorme talento e criatividade da cineasta, que sabe nos conduzir a uma espiral alucinante de efeitos dominó onde nada do que se espera genuinamente é o como parece. E nos convencendo facilmente de que estamos diante de um mero romance com um pequeno “twist”, ela se aproveita de nossa inocência perante a trama para nos tragar para dentro de um impensável e inusitado mistério, onde aquela mesma história de amor se torna apenas o elo de uma catarse familiar regada por traumas, relacionamentos quebrados e consequências caóticas.

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E em apenas 1h44 de filme, Stewart lidera seu elenco com astúcia e brilhantismo, revelando uma face mais masculinizada e antissocial. Provando sua capacidade camaleônica enquanto artista, ela brinca em tela com sua personagem, se apropria de uma linguagem corporal mais rude e esconde sua beleza em um corte de cabelo mal feito e roupas surradas e desgastadas. Já O’Brian é a personificação da ostentação física e do culto ao corpo. Seus músculos sobressalentes causam inveja em qualquer maromba e rato de academia e seu sonho no fisiculturismo é o pilar de sustentação dessa rede anárquica de eventos que se desmorona como um castelo de cartas.

Juntas em uma excelente dinâmica relacional, elas fazem de Love Lies Bleeding um suspense criminal/romântico com um toque de Thelma & Louise, onde o crime rege a jornada desse casal rejeitado pela sociedade, mas disposto a transcender a frivolidade daqueles que querem separá-las e destruí-las. E nesse rolo de lã infindável, outros arcos paralelos ajudam a encorpar a trama principal, como a disfuncional e abusiva dinâmica do casal J.J. e Beth, muito bem encarnado por Dave Franco e Jena Malone, e a vida de mafioso de Lou Sr., pai de Beth e Lou, vivido de maneira poderosa por um Ed Harris pavoroso e breguíssimo (e com um mullet invejável!).

E assim, o novo thriller da A24 vai se desenvolvendo como uma poderosa pulp fiction, transformando um conto inicialmente simples em uma gigantesca história onde o elemento fantástico se une à ação e ao mistério. Adentrando ainda no folclore urbano e POP, Love Lies Bleeding consegue romper todas as nossas expectativas, superando uma a uma conforme avançamos para o seu 3º e surreal (literalmente) ato. Flertando com o caricato e até mesmo com o universo dos quadrinhos da Mulher Hulk, a produção nos faz arregalar os olhos com seu plot twist e nos leva ao riso inesperado com as ousadas escolhas narrativas de Glass e sua co-roteirista Weronika Tofilska.

Desafiando nossa percepção enquanto audiência e nos convidando a experimentar algo genuinamente autêntico, Glass e Tofilska aproveitam as telas do Festival de Sundance para nos inundar com sua sanguinolência, juras de amor exageradas e mortes aleatórias, na certeza de que o primeiro público de seu filme está à espera desse tipo de cinema. Não se levando a sério demais e cumprindo a promessa de entregar um entretenimento da mais alta qualidade e insanidade, elas fazem de Love Lies Bleeding uma aventura contagiante, chocante, divertida e cheia de surpresas. Feito para os exaustos de remakes, releituras e repetições de estereótipos, esse é aquele original A24 que comprova mais uma vez o quanto essa produtora veio para revolucionar a indústria cinematográfica.

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Se revelando como um thriller romântico surrealista, o longa de Rose Glass reitera o enorme talento e criatividade da cineasta, que sabe nos conduzir a uma espiral alucinante de efeitos dominó onde nada do que se espera genuinamente é o como parece. E nos convencendo facilmente de que estamos diante de um mero romance com um pequeno “twist”, ela se aproveita de nossa inocência perante a trama para nos tragar para dentro de um impensável e inusitado mistério, onde aquela mesma história de amor se torna apenas o elo de uma catarse familiar regada por traumas, relacionamentos quebrados e consequências caóticas.

E em apenas 1h44 de filme, Stewart lidera seu elenco com astúcia e brilhantismo, revelando uma face mais masculinizada e antissocial. Provando sua capacidade camaleônica enquanto artista, ela brinca em tela com sua personagem, se apropria de uma linguagem corporal mais rude e esconde sua beleza em um corte de cabelo mal feito e roupas surradas e desgastadas. Já O’Brian é a personificação da ostentação física e do culto ao corpo. Seus músculos sobressalentes causam inveja em qualquer maromba e rato de academia e seu sonho no fisiculturismo é o pilar de sustentação dessa rede anárquica de eventos que se desmorona como um castelo de cartas.

Juntas em uma excelente dinâmica relacional, elas fazem de Love Lies Bleeding um suspense criminal/romântico com um toque de Thelma & Louise, onde o crime rege a jornada desse casal rejeitado pela sociedade, mas disposto a transcender a frivolidade daqueles que querem separá-las e destruí-las. E nesse rolo de lã infindável, outros arcos paralelos ajudam a encorpar a trama principal, como a disfuncional e abusiva dinâmica do casal J.J. e Beth, muito bem encarnado por Dave Franco e Jena Malone, e a vida de mafioso de Lou Sr., pai de Beth e Lou, vivido de maneira poderosa por um Ed Harris pavoroso e breguíssimo (e com um mullet invejável!).

E assim, o novo thriller da A24 vai se desenvolvendo como uma poderosa pulp fiction, transformando um conto inicialmente simples em uma gigantesca história onde o elemento fantástico se une à ação e ao mistério. Adentrando ainda no folclore urbano e POP, Love Lies Bleeding consegue romper todas as nossas expectativas, superando uma a uma conforme avançamos para o seu 3º e surreal (literalmente) ato. Flertando com o caricato e até mesmo com o universo dos quadrinhos da Mulher Hulk, a produção nos faz arregalar os olhos com seu plot twist e nos leva ao riso inesperado com as ousadas escolhas narrativas de Glass e sua co-roteirista Weronika Tofilska.

Desafiando nossa percepção enquanto audiência e nos convidando a experimentar algo genuinamente autêntico, Glass e Tofilska aproveitam as telas do Festival de Sundance para nos inundar com sua sanguinolência, juras de amor exageradas e mortes aleatórias, na certeza de que o primeiro público de seu filme está à espera desse tipo de cinema. Não se levando a sério demais e cumprindo a promessa de entregar um entretenimento da mais alta qualidade e insanidade, elas fazem de Love Lies Bleeding uma aventura contagiante, chocante, divertida e cheia de surpresas. Feito para os exaustos de remakes, releituras e repetições de estereótipos, esse é aquele original A24 que comprova mais uma vez o quanto essa produtora veio para revolucionar a indústria cinematográfica.

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