domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Luce: Drama com elenco de peso reflete sobre as pressões sociais impostas sobre todos nós

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Enquanto sociedade, aprendemos a nos organizar em clãs. Seja pela raça, preferências pessoais ou origens sócio políticas, nos identificamos em grupos, embora façamos tudo para fugir dos pejorativos estereótipos. Em se tratando de adolescentes, a necessidade de se encontrar e se identificar em micro sociedades é ainda mais latente. Com suas percepções sobre si mesmos firmadas nad expectativas dos que os cercam, eles são os mais confusos quanto ao tipo de gente que querem ser. O drama Luce, que fez sua estreia mundial no Festival de Sundance 2019, vai a fundo exatamente nessa temática, trazendo um elenco de peso, para debater a pressão que fazer parte de uma sociedade organizada exerce sobre todos nós.

 



Dirigido por Julius Onah, a produção acompanha o prodígio Luce, um garoto negro resgatado da zona de guerra da Eritreia, por um casal de brancos americanos (Naomi Watts e Tim Roth). Habituado à nova cultura e tradições há 10 anos, ele é exemplar em toda sua conduta. De fala mansa e sorriso conquistador, ele não passa despercebido por onde anda e é visto como um modelo de jovem negro dentro da escola. Sob os olhares de todos, ele esconde seus medos, conflitos e complexos sociais em um sutil comportamento sádico dúbio. Com duplo sentido em tudo que faz, ele se revela um sociopata em potencial, principalmente após sua professora, Sra. Wilson (Octavia Spencer), encontrar um conteúdo perigoso no seu ármario da escola.

Tentar destrinchar e desmembrar o comportamento de Luce é uma das artimanhas mais prazerosas da experiência de assistir o filme. Tentando compreender as atitudes desse jovem, que titubeia entre ser um santo e um sádico, vamos buscando mecanismos e artifícios que poderiam tornar esse jovem tão promissor em uma figura tão doentia. Em meio a um contexto turbulento onde um amigo perde a bolsa de estudos por porte ilegal de maconha dentro da escola e um trabalho polêmico revela uma percepção anarquista e violenta do nosso protagonista, Luce nos ajuda a percorrer o quebra-cabeça da mente deste jovem, à medida que revela novas camadas de uma trama com tensão crescente, a cada passo cauteloso e friamente calculado do personagem homônimo.

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Fazendo jogos mentais com seus pais e com a destestada professora da escola, Luce tenta provar sua inocência e pureza, com reações que surpreendem a audiência tamanha sagacidade. Sob a caracterização do novato ator Kevin Harrison Jr., contemplamos um personagem assustadoramente hipnotizante. Com uma atuação arrebatadora, o drama independente garante ao espectador uma experiência imersiva na narrativa, por meio de construções surpreendentes. Como um longa que reside em seus personagens e seus respectivos dilemas, Luce acerta em cheio de maneira completa, trazendo uma trama madura, sustentada com leveza e maestria por seu elenco.

E no que diz respeito à narrativa, Luce acerta mais uma vez por ser extremamente pontual. Analisando o contexto social da pressão existente sobre os afro-americanos de evitar os estereótipos corrompidos e a estigmatização da raça (negro não possui formação profissional, negro só se envolve com problemas e confusões, entre tantas outras mentiras racistas), o longa traz um jovem adolescente como o centro do debate. Por meio do peso que sua própria vida trouxe sobre si mesmo, ele desafia as imposições sócio culturais sobre a cor da sua pele, tentando encontrar sua identidade, despida de todos os argumentos exaustivos colocados sob seus ombros. A tal busca o leva para caminhos tortuosos, fazendo com que sua família entre em uma espiral de crise de confiança profunda, gerando rompimentos emocionais e psicológicos que chegam até à audiência, tamanha sua autenticidade.

Nesse grande nó que é o ser humano, Naomi Watts se entrega de corpo e alma como uma mãe adotiva que padece pelo filho como alguém que o gerou no ventre. Hipnotizante, sua atuação é um deleite para o público, que se sufoca junto a ela. Roth e Spencer não ficam atrás e completam o quadro de atuações de primeira, que é coroado pelo jovem Harrison, um garoto novo no cinema, mas com um carreira brilhante. Com uma direção simples, centrada nas emoções de seus personagens, Luce traz um roteiro alinhado, co-escrito por Julius Onah e JC Lee. Fundamental para o debate sobre as pressões que os clãs sociais exercem sobre seus pares, o drama ultrapassa a linha do entretenimento, promovendo uma reflexão essencial sobre a identidade particular de um indivíduo, independente de qual seja o seu background ou responsabilidade social incubida.

 

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Enquanto sociedade, aprendemos a nos organizar em clãs. Seja pela raça, preferências pessoais ou origens sócio políticas, nos identificamos em grupos, embora façamos tudo para fugir dos pejorativos estereótipos. Em se tratando de adolescentes, a necessidade de se encontrar e se identificar em micro sociedades é ainda mais latente. Com suas percepções sobre si mesmos firmadas nad expectativas dos que os cercam, eles são os mais confusos quanto ao tipo de gente que querem ser. O drama Luce, que fez sua estreia mundial no Festival de Sundance 2019, vai a fundo exatamente nessa temática, trazendo um elenco de peso, para debater a pressão que fazer parte de uma sociedade organizada exerce sobre todos nós.

 

Dirigido por Julius Onah, a produção acompanha o prodígio Luce, um garoto negro resgatado da zona de guerra da Eritreia, por um casal de brancos americanos (Naomi Watts e Tim Roth). Habituado à nova cultura e tradições há 10 anos, ele é exemplar em toda sua conduta. De fala mansa e sorriso conquistador, ele não passa despercebido por onde anda e é visto como um modelo de jovem negro dentro da escola. Sob os olhares de todos, ele esconde seus medos, conflitos e complexos sociais em um sutil comportamento sádico dúbio. Com duplo sentido em tudo que faz, ele se revela um sociopata em potencial, principalmente após sua professora, Sra. Wilson (Octavia Spencer), encontrar um conteúdo perigoso no seu ármario da escola.

Tentar destrinchar e desmembrar o comportamento de Luce é uma das artimanhas mais prazerosas da experiência de assistir o filme. Tentando compreender as atitudes desse jovem, que titubeia entre ser um santo e um sádico, vamos buscando mecanismos e artifícios que poderiam tornar esse jovem tão promissor em uma figura tão doentia. Em meio a um contexto turbulento onde um amigo perde a bolsa de estudos por porte ilegal de maconha dentro da escola e um trabalho polêmico revela uma percepção anarquista e violenta do nosso protagonista, Luce nos ajuda a percorrer o quebra-cabeça da mente deste jovem, à medida que revela novas camadas de uma trama com tensão crescente, a cada passo cauteloso e friamente calculado do personagem homônimo.

Fazendo jogos mentais com seus pais e com a destestada professora da escola, Luce tenta provar sua inocência e pureza, com reações que surpreendem a audiência tamanha sagacidade. Sob a caracterização do novato ator Kevin Harrison Jr., contemplamos um personagem assustadoramente hipnotizante. Com uma atuação arrebatadora, o drama independente garante ao espectador uma experiência imersiva na narrativa, por meio de construções surpreendentes. Como um longa que reside em seus personagens e seus respectivos dilemas, Luce acerta em cheio de maneira completa, trazendo uma trama madura, sustentada com leveza e maestria por seu elenco.

E no que diz respeito à narrativa, Luce acerta mais uma vez por ser extremamente pontual. Analisando o contexto social da pressão existente sobre os afro-americanos de evitar os estereótipos corrompidos e a estigmatização da raça (negro não possui formação profissional, negro só se envolve com problemas e confusões, entre tantas outras mentiras racistas), o longa traz um jovem adolescente como o centro do debate. Por meio do peso que sua própria vida trouxe sobre si mesmo, ele desafia as imposições sócio culturais sobre a cor da sua pele, tentando encontrar sua identidade, despida de todos os argumentos exaustivos colocados sob seus ombros. A tal busca o leva para caminhos tortuosos, fazendo com que sua família entre em uma espiral de crise de confiança profunda, gerando rompimentos emocionais e psicológicos que chegam até à audiência, tamanha sua autenticidade.

Nesse grande nó que é o ser humano, Naomi Watts se entrega de corpo e alma como uma mãe adotiva que padece pelo filho como alguém que o gerou no ventre. Hipnotizante, sua atuação é um deleite para o público, que se sufoca junto a ela. Roth e Spencer não ficam atrás e completam o quadro de atuações de primeira, que é coroado pelo jovem Harrison, um garoto novo no cinema, mas com um carreira brilhante. Com uma direção simples, centrada nas emoções de seus personagens, Luce traz um roteiro alinhado, co-escrito por Julius Onah e JC Lee. Fundamental para o debate sobre as pressões que os clãs sociais exercem sobre seus pares, o drama ultrapassa a linha do entretenimento, promovendo uma reflexão essencial sobre a identidade particular de um indivíduo, independente de qual seja o seu background ou responsabilidade social incubida.

 

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