terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Lupin – Série com Omar Sy já é a MELHOR da Netflix de 2021

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Nem duas semanas se passaram e já é possível dizer que, por enquanto, ‘Lupin’ é a melhor série da Netflix de 2021. E é bem provável que, em dezembro, ela continue figurando entre as melhores produções da plataforma nesse ano. Não à toa, desde sua estreia segue entre as mais vistas pelos assinantes. A razão é simples: a série é muito foda!

Tudo começa em 1995, quando Babakar Diop (Fargass Assandé) consegue emprego como motorista da família Pellegrini. Um dia, a Madame Pellegrini (Nicole Garcia) oferece que ele pegue para si um livro da biblioteca da mansão, e ele escolhe ‘O Ladrão de Casaca’ – o primeiro livro de aventuras de Arsène Lupin. Só que, em seguida, Babakar é acusado de roubar do cofre da família um colar valiosíssimo, e vai preso, deixando o filho, Assane Diop (Mamadou Haidara), sozinho no mundo. O tempo passa, e Assane (Omar Sy) agora é um homem adulto em busca de respostas sobre o que aconteceu com seu pai. Na sua jornada pessoal, ele comete diversos pequenos delitos, inspirados nas aventuras do refinado ladrão Arsène Lupin.

Essa é a sinopse beeeem resumida da série – ‘Lupin’ é muito mais que isso. Baseado nos livros de suspense policial de Maurice Leblanc, o arco dos cinco episódios que compõem a primeira parte da produção francesa é construído de maneira primorosa, sem defeitos. O roteiro escrito por George Kay e François Uzan costura com muita precisão a ficção criada por eles – de um personagem fã de Lupin e sua busca por justiça – e o universo de Lupin, entrelaçando ambas as ficções para compor uma história crível, interessante, atual e sofisticada. Com muita inteligência, a dupla de roteiristas conseguiu pegar uma franquia de livros de sucesso do meio do século XIX e atualizá-la, trazendo para o contexto do século XXI. Através do protagonismo preto, ‘Lupin’ debate o racismo de maneira muito inteligente, com finesse, com muita ironia e se apropriando desse mesmo racismo da branquitude para dar ao seu protagonista sua melhor característica: conseguir se infiltrar e se disfarçar sem que os antagonistas percebam, porque partem do princípio de que todos os pretos são parecidos.

A tripla direção de Marcela Said, Ludovic Bernard e Louis Leterrier é afinada, construindo um arco geral da missão de maneira sólida e homogênea sem deixar a peteca cair em nenhum dos cinco episódios. De mero golpista, Assane passa a justiceiro a la ‘V de Vingança’ com uma pegada de 007, e a gente torce por ele,  graças à atuação primorosa de Omar Sy, que consegue mudar totalmente sua postura, sua expressão e até mesmo sua voz a cada novo disfarce que Assane usa, com um charme e carisma irresistíveis.

Lupin’ é uma série de polícia e ladrão viciante, que a gente maratona sem sentir e que ainda nos proporciona um belo rolê pela França – estilo ‘O Código Da Vinci. Felizmente teremos a segunda parte em breve.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Tudo começa em 1995, quando Babakar Diop (Fargass Assandé) consegue emprego como motorista da família Pellegrini. Um dia, a Madame Pellegrini (Nicole Garcia) oferece que ele pegue para si um livro da biblioteca da mansão, e ele escolhe ‘O Ladrão de Casaca’ – o primeiro livro de aventuras de Arsène Lupin. Só que, em seguida, Babakar é acusado de roubar do cofre da família um colar valiosíssimo, e vai preso, deixando o filho, Assane Diop (Mamadou Haidara), sozinho no mundo. O tempo passa, e Assane (Omar Sy) agora é um homem adulto em busca de respostas sobre o que aconteceu com seu pai. Na sua jornada pessoal, ele comete diversos pequenos delitos, inspirados nas aventuras do refinado ladrão Arsène Lupin.

Essa é a sinopse beeeem resumida da série – ‘Lupin’ é muito mais que isso. Baseado nos livros de suspense policial de Maurice Leblanc, o arco dos cinco episódios que compõem a primeira parte da produção francesa é construído de maneira primorosa, sem defeitos. O roteiro escrito por George Kay e François Uzan costura com muita precisão a ficção criada por eles – de um personagem fã de Lupin e sua busca por justiça – e o universo de Lupin, entrelaçando ambas as ficções para compor uma história crível, interessante, atual e sofisticada. Com muita inteligência, a dupla de roteiristas conseguiu pegar uma franquia de livros de sucesso do meio do século XIX e atualizá-la, trazendo para o contexto do século XXI. Através do protagonismo preto, ‘Lupin’ debate o racismo de maneira muito inteligente, com finesse, com muita ironia e se apropriando desse mesmo racismo da branquitude para dar ao seu protagonista sua melhor característica: conseguir se infiltrar e se disfarçar sem que os antagonistas percebam, porque partem do princípio de que todos os pretos são parecidos.

A tripla direção de Marcela Said, Ludovic Bernard e Louis Leterrier é afinada, construindo um arco geral da missão de maneira sólida e homogênea sem deixar a peteca cair em nenhum dos cinco episódios. De mero golpista, Assane passa a justiceiro a la ‘V de Vingança’ com uma pegada de 007, e a gente torce por ele,  graças à atuação primorosa de Omar Sy, que consegue mudar totalmente sua postura, sua expressão e até mesmo sua voz a cada novo disfarce que Assane usa, com um charme e carisma irresistíveis.

Lupin’ é uma série de polícia e ladrão viciante, que a gente maratona sem sentir e que ainda nos proporciona um belo rolê pela França – estilo ‘O Código Da Vinci. Felizmente teremos a segunda parte em breve.

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