segunda-feira , 9 dezembro , 2024

Crítica | ‘Madame Durocher’ – Um importante olhar para uma precursora [Festival Varilux de Cinema Francês 2024]

Um olhar para uma precursora. Passando rapidamente em contextos sociais do século XIX, a partir de uma forte protagonista rodeada de traumas e tragédias ao longo de sua vida, o longa-metragem selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, Madame Durocher, nos apresenta de forma emocionante e reflexiva recortes na vida da primeira mulher a obter o título de parteira no Brasil. Mesmo vago em alguns pontos, não indo a fundo em questões que se propõe debate, essas visitações históricas são importantes para conhecemos sobre trajetórias que mudaram vidas, sobre lutas e exemplos que se tornaram atemporais.



Na trama, ambientada no Rio de Janeiro do século XIX, conhecemos Marie Durocher (na primeira fase Jeanne Boudier, depois Sandra Corveloni), uma mulher que ao longo do tempo precisou vencer obstáculos para exercer sua profissão. Desde o início de sua trajetória sendo testemunha de absurdos com a mãe Anne (Marie-Josée Croze), quando se vê sozinha resolve ingressar na escola de medicina tornando o partejar como ofício. Aprendendo a viver com o insuportável e se blindando de um passado que a atinja, percorremos uma trajetória de dor e luta no choque com o machismo e o preconceito.

Uma das funções das obras audiovisuais é trazer ao público histórias importantes para considerações no traço entre o passado e o presente. Nesse trabalho consistente dos ótimos cineastas Dida Andrade e Andradina Azevedo, uma questão se mostra um sólido alicerce que logo se torna a ponta de interseção nas camadas que atinge: o nascer e o renascer. Sempre na porta do amor que irá chegar, Marie Durocher vive uma segunda vida sem saber lidar com o passado que cisma em a perseguir. A narrativa se agarra nesses embates, transformando o abstrato dos sentimentos em composições visuais que conversam com o discurso.

O auxílio nos cortiços, os problemas com o avanço da cólera, da febre amarela, recebe olhares através das ações da personagem. Primeira mulher a ser reconhecida como membro da Academia Nacional de Medicina, muitas vezes impedida de exercer a profissão com acusações incabíveis, a protagonista se mostra como uma precursora, um exemplo. Desconhecida por muitos, ganha um olhar intimista.

O vasto contexto na trajetória pessoal da protagonista, coloca o público de frente com o modo de pensar da sociedade através também de dilemas que se jogam aos montes dentro dessa estrada de sofrimento e luta, algo que faz crescer as reflexões sociais de uma época dominada pelo machismo e preconceito. Esse recorte temporal não deixa de criar paralelos com os dias atuais.

 

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Um olhar para uma precursora. Passando rapidamente em contextos sociais do século XIX, a partir de uma forte protagonista rodeada de traumas e tragédias ao longo de sua vida, o longa-metragem selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, Madame Durocher, nos apresenta de forma emocionante e reflexiva recortes na vida da primeira mulher a obter o título de parteira no Brasil. Mesmo vago em alguns pontos, não indo a fundo em questões que se propõe debate, essas visitações históricas são importantes para conhecemos sobre trajetórias que mudaram vidas, sobre lutas e exemplos que se tornaram atemporais.

Na trama, ambientada no Rio de Janeiro do século XIX, conhecemos Marie Durocher (na primeira fase Jeanne Boudier, depois Sandra Corveloni), uma mulher que ao longo do tempo precisou vencer obstáculos para exercer sua profissão. Desde o início de sua trajetória sendo testemunha de absurdos com a mãe Anne (Marie-Josée Croze), quando se vê sozinha resolve ingressar na escola de medicina tornando o partejar como ofício. Aprendendo a viver com o insuportável e se blindando de um passado que a atinja, percorremos uma trajetória de dor e luta no choque com o machismo e o preconceito.

Uma das funções das obras audiovisuais é trazer ao público histórias importantes para considerações no traço entre o passado e o presente. Nesse trabalho consistente dos ótimos cineastas Dida Andrade e Andradina Azevedo, uma questão se mostra um sólido alicerce que logo se torna a ponta de interseção nas camadas que atinge: o nascer e o renascer. Sempre na porta do amor que irá chegar, Marie Durocher vive uma segunda vida sem saber lidar com o passado que cisma em a perseguir. A narrativa se agarra nesses embates, transformando o abstrato dos sentimentos em composições visuais que conversam com o discurso.

O auxílio nos cortiços, os problemas com o avanço da cólera, da febre amarela, recebe olhares através das ações da personagem. Primeira mulher a ser reconhecida como membro da Academia Nacional de Medicina, muitas vezes impedida de exercer a profissão com acusações incabíveis, a protagonista se mostra como uma precursora, um exemplo. Desconhecida por muitos, ganha um olhar intimista.

O vasto contexto na trajetória pessoal da protagonista, coloca o público de frente com o modo de pensar da sociedade através também de dilemas que se jogam aos montes dentro dessa estrada de sofrimento e luta, algo que faz crescer as reflexões sociais de uma época dominada pelo machismo e preconceito. Esse recorte temporal não deixa de criar paralelos com os dias atuais.

 

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