sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | Magnatas do Crime: Theo James é um aristocrata cercado pelo tráfico de drogas em divertida série da Netflix

A elegância e delicadeza do chá da tarde, sempre acompanhado por deliciosos biscoitos amanteigados servidos em bandejas de prata ornamentadas e visivelmente reluzentes formam um contraste com a sujeira de uma terra pouco produtiva, mas que guarda um segredo subterrâneo. Enquanto a vida segue em sua mais perfeita normalidade aristocrata aonde a luz do sol bate, o que há embaixo da terra é muito mais assustador e significativamente menos aristocrático. Um pequeno império de cultivo e tráfico de maconha opera sob luzes fluorescentes, sustentando quietamente o estilo de vida suntuoso dessa família Real, que passeia por seus amplos cômodos com trajes de alfaiataria, feitos sob medida.

Guy Ritchie uma vez mais resgata todo o vigor de seu popular filme Magnatas do Crime para o formato seriado, tornando a aventura uma vez liderada por Matthew McConaughey em uma nova jornada a longo prazo. Dessa vez, Theo James é o caçula honesto da família Horniman, que decide dedicar seus dias como oficial do exército. Mas a morte de seu pai o leva de volta para casa, onde inesperadamente ele será nomeado como o duque, o grande responsável pela herança deixada pelo patriarca. A responsibilidade, que por si só já traria suas agruras, é encorpada com a descoberta de um império de tráfico de drogas operando subterraneamente nos terrenos de seu pequeno palácio. E obstinado a encerrar a parceria, ele sujará suas mãos para garantir que o seu sobrenome permaneça limpo. Mas obviamente isso não será nada fácil.

Optando por não se levar tão a sério, a fim de tornar sua produção uma espécie de sessão de descarrego de pura adrenalina, Ritchie faz de sua versão televisiva de Magnatas do Crime um experimento cultural divertido, onde ação, comédia e personagens carismáticos formam uma combinação explosiva e leve para a audiência. Puramente entretenimento – como toda boa série deveria ser -, o cineasta não está interessado em se submeter à cartilhas ideólogicas, não está nada disposto a dar lição de moral a ninguém e se preocupa unicamente em produzir um conteúdo que resulte em boas risadas e um ótimo alívio para um dia estressante.

Com Theo James sendo a combinação ideal para o papel protagonista, transitando entre a postura aristocrática de um duque e a seriedade de um homem com perfil de negócios, Magnatas do Crime se esforça para entregar protagonistas envolventes o suficiente. Brinca com os estereótipos, não se furta do direito de entregar um alívio cômico, mas sabe expandir seus coadjuvantes de maneira que todos engrossem o caldo principal da trama – que gira em torno desse belo homem inglês. Trazendo uma Kaya Scodelario lindamente apresentada em trajes finos e terninhos alinhados e elegantes, a produção sabe trabalhar com os elementos a que se propõe e não se preocupa em inovar em cima de algo previamente lançado nos cinemas, sabendo que sua história é boa o bastante para ser adaptada a um novo formato.

Assumindo a direção do primeiro episódio, bem como a criação e a produção executiva do projeto, Ritchie coloca seu estilo em ação, trabalha bem os ângulos de maneira que eles conduzam o humor das cenas em questão e deixa suas digitais ao longo de todos os episódios. Pouco original em seu roteiro, mas nem por isso menos divertida, a série é marcada por momentos sangretos, uma trilha sonora clássica que contrasta com o negrume e a podridão de seus protagonistas e resulta em oito episódios que fluem naturalmente.

Com um elenco excelente que ainda conta com Giancarlo Esposito, Daniel Ings e Vinnie Jones, a original Netflix pode até ser previsível em suas reviravoltas, mas acerta poderosamente com seus atores, que encaram papéis autênticos, envolventes e interessantes. E com uma estética que emana a elegância britânica, desde seus figurinos belíssimos ao design de produção que remete à arquitetura clássica da Família Real, Magnatas do Crime é um ótimo acerto da gigante do streaming. Nos mantendo instigados e curiosos até o último capítulo, a produção pode não ser o ápice da originalidade de Guy Ritchie, pode até provar que o cineasta continua navegando em águas seguras, mas ainda assim é um entretenimento que vale uma segunda temporada.

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