domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Meu Pai e Outros Vexames – Sitcom de Jamie Foxx na Netflix simplesmente não tem graça

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Entre os anos 1990 e início dos anos 2000 algumas séries com protagonismo preto fizeram muito sucesso entre os espectadores – mais ainda aqui no Brasil, onde o sucesso perdurou por mais tempo do que nos Estados Unidos, país de origem dessas produções. É o caso de ‘Eu, a patroa e as crianças’ (2001), ‘Um Maluco no Pedaço’ (1990) e ‘Todo Mundo Odeia o Chris’ (2005). Quase trinta anos depois, essas séries continuam a ser exibidas e os temas levantados nelas permanecem em discussão. Com uma proposta de surfar na onda desses sucessos, a Netflix traz agora sua série original ‘Meu Pai e Outros Vexames’.



Brian (Jamie Foxx) de repente se vê pai. Sua ex-esposa acaba de falecer e, portanto, sua filha adolescente, Sasha (Kyla-Drew), se muda para viver com ele em Atlanta. Brian é o CEO de uma empresa de cosméticos voltada para o público negro, porém, a empresa não vai muito bem, por isso ele conta com a ajuda de sua assistente, Stacy (Heather Hemmens), para dar conta da demanda. No meio disso tudo, Brian tem que descobrir como ter uma relação paternal com sua própria filha, e, para tal, ouve os conselhos da irmã, Chelsea (Porscha Coleman); do pai, Pops (David Alan Grier); do melhor amigo, Johnny (Jonathan Kite), um policial branco; e até mesmo do faz-tudo da casa, Manny (Valente Rodriguez).

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Criada por Jim Patterson e pelo próprio Jamie Foxx, ‘Meu Pai e Outros Vexames’ é uma sitcom de comédia que tem pouquíssima graça. Com oito episódios na primeira temporada, e cerca de vinte e poucos minutos em casa capítulo, a série erra na escolha temática dos capítulos e também na abordagem desses temas. A título de exemplo, o primeiro episódio “começa começando”, com Brian e Sasha em uma sessão de terapia sexual (?!), sendo que eles são pai e filha. Ainda que os dois tenham sido levados lá por um equívoco, a coisa toda não é bem explicada, inclinando-se para um gosto duvidoso do humor dos roteiristas.

As piadas são bastante específicas: o espectador tem que não só estar antenado com o que acontece no mundo atualmente (particularmente nos Estados Unidos), como tem que estar em dia com as referências negras daquele país. Se você vê a série no áudio original, as piadas fazem um pouco mais de sentido, porém, só fazem sentido se você souber a quem eles se referem e conseguir contextualizar os temas. Soma-se a isso a um esforço desconfortável e bem engessado de Jamie Foxx numa tentativa frustrada de ser descolado e engraçado, porém pouco convincente. Por vezes, os temas são super sérios, mas são abordados de maneira tão superficial e debochada, que gera incômodo e desconforto no espectador – certas coisas não são pra rir.

Meu Pai e Outros Vexames’ é, como diz o título, um vexame. O único bem em cena é David Alan Grier, e dá pena vê-lo misturado nessa série embaraçosa. Para o bem do elenco, provavelmente não será renovada para uma segunda temporada.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Entre os anos 1990 e início dos anos 2000 algumas séries com protagonismo preto fizeram muito sucesso entre os espectadores – mais ainda aqui no Brasil, onde o sucesso perdurou por mais tempo do que nos Estados Unidos, país de origem dessas produções. É o caso de ‘Eu, a patroa e as crianças’ (2001), ‘Um Maluco no Pedaço’ (1990) e ‘Todo Mundo Odeia o Chris’ (2005). Quase trinta anos depois, essas séries continuam a ser exibidas e os temas levantados nelas permanecem em discussão. Com uma proposta de surfar na onda desses sucessos, a Netflix traz agora sua série original ‘Meu Pai e Outros Vexames’.

Brian (Jamie Foxx) de repente se vê pai. Sua ex-esposa acaba de falecer e, portanto, sua filha adolescente, Sasha (Kyla-Drew), se muda para viver com ele em Atlanta. Brian é o CEO de uma empresa de cosméticos voltada para o público negro, porém, a empresa não vai muito bem, por isso ele conta com a ajuda de sua assistente, Stacy (Heather Hemmens), para dar conta da demanda. No meio disso tudo, Brian tem que descobrir como ter uma relação paternal com sua própria filha, e, para tal, ouve os conselhos da irmã, Chelsea (Porscha Coleman); do pai, Pops (David Alan Grier); do melhor amigo, Johnny (Jonathan Kite), um policial branco; e até mesmo do faz-tudo da casa, Manny (Valente Rodriguez).

Criada por Jim Patterson e pelo próprio Jamie Foxx, ‘Meu Pai e Outros Vexames’ é uma sitcom de comédia que tem pouquíssima graça. Com oito episódios na primeira temporada, e cerca de vinte e poucos minutos em casa capítulo, a série erra na escolha temática dos capítulos e também na abordagem desses temas. A título de exemplo, o primeiro episódio “começa começando”, com Brian e Sasha em uma sessão de terapia sexual (?!), sendo que eles são pai e filha. Ainda que os dois tenham sido levados lá por um equívoco, a coisa toda não é bem explicada, inclinando-se para um gosto duvidoso do humor dos roteiristas.

As piadas são bastante específicas: o espectador tem que não só estar antenado com o que acontece no mundo atualmente (particularmente nos Estados Unidos), como tem que estar em dia com as referências negras daquele país. Se você vê a série no áudio original, as piadas fazem um pouco mais de sentido, porém, só fazem sentido se você souber a quem eles se referem e conseguir contextualizar os temas. Soma-se a isso a um esforço desconfortável e bem engessado de Jamie Foxx numa tentativa frustrada de ser descolado e engraçado, porém pouco convincente. Por vezes, os temas são super sérios, mas são abordados de maneira tão superficial e debochada, que gera incômodo e desconforto no espectador – certas coisas não são pra rir.

Meu Pai e Outros Vexames’ é, como diz o título, um vexame. O único bem em cena é David Alan Grier, e dá pena vê-lo misturado nessa série embaraçosa. Para o bem do elenco, provavelmente não será renovada para uma segunda temporada.

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