sábado, abril 27, 2024

Crítica | Meu Querido Zelador – Série de comédia ácida no estilo ‘Parasita’ estreia na Star+

Desde que o longa sul-coreano ‘Parasita’ ganhou o Oscar de Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro, dentre outros prêmios, a produção cinematográfica ocidental tem voltado seus olhos com mais atenção para as histórias das pessoas comuns, que trazem uma riqueza ainda maior para as narrativas. O atual representante do Brasil ao Oscar, ‘Marte Um’, também aborda esse tema, pois um dos personagens, o pai, é porteiro de um prédio de classe média alta. Também nessa pegada, recentemente estreou no streaming da StarPlus a ótima série argentina ‘Meu Querido Zelador’, programão para maratonar de uma vez só.

Há quase trinta anos Eliseo (Guillermo Francella) trabalha em um prédio como porteiro e zelador, cuidando do local, abrindo portas, ajudando com compras, recebendo encomendas e orientando outros funcionários. Sua vida praticamente inteira está neste prédio, na zona rica de Buenos Aires. Certo dia, ele entreouve uma conversa muito suspeita da arquiteta Florencia (Malena Sánchez) e o advogado Doutor Zambrano (Gabriel Goity), que o faz ficar encucado até que, na reunião de condomínio, Eliseo infiltra um walkie talkie no local para ouvir o debate e descobre que os dois moradores levaram uma proposta tentadora aos outros proprietários: construir uma piscina no terraço do prédio. Isso não seria um problema, exceto pelo fato de a casa de Eliseo ficar exatamente no terraço, e, para a construção da piscina, Zambrano e Florencia estivessem propondo demitir o zelador e destruir sua casa. O que eles não contavam era com a astúcia do ‘Meu Querido Zelador’.

Dividida em nove episódios curtinhos com cerca de trinta minutos, ‘Meu Querido Zelador’ é uma série de comédia deliciosamente ácida com toques de suspense e psicopatia. Guillermo Francella faz de seu personagem um dócil e querido cidadão exemplar, sem vícios, sempre disposto, mas que usará de todos os artifícios para defender sua permanência – e é aí que vem o outro lado desse protagonista, que também se revela um cara frio, calculista, sem remorsos e bastante obcecado com cada morador, um verdadeiro vouyer da vida alheia. A química perfeita entre um ótimo ator com o roteiro ao ponto de Martin Bustos.

Se por um lado a série entretém e faz rir, por outro faz a crítica social ao comportamento dos seres mais abastados, que comumente se acham na autoridade de descartar pessoas como se fossem lixo. A cada risada que damos da história criada por Gastón Duprat e Mariano Cohn fica um sabor amargo na boca, por reconhecermos esses comportamentos na sociedade. É o que mais vemos acontecer nos dias de hoje: empresas descartando funcionários e prestadores de serviço sem se importarem com os direitos trabalhistas, com o impacto que causa na vida da pessoa e/ou em prol de uma dita modernização, em que empregos são substituídos por máquinas e autoatendimento. É o retrocesso disfarçado de “futuro”.

Não se admire se você sentir nervoso ao assistir aos episódios de ‘Meu Querido Zelador’, pois um clima constante de “vai dar ruim” vai sendo construído com a evolução do enredo, costurado por um suspense estilo policial em que todos são suspeitos de um crime ainda não cometido, mas que deve ser evitado pelo protagonista. ‘Meu Querido Zelador’ é uma série deliciosa e viciante, sabor vingança.

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