terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Minhas Férias com Patrick – Divertida aventura de autodescoberta no sul da França

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Selecionado para o Festival de Cannes 2020, Minhas Férias com Patrick (Antoinette dans les Cévennes) é uma saborosa comédia inspirada no livro Travels with a Beraba in the Cévennes (“Viagem com um asno pelas Cevenas”), de Robert Louis Stevenson, publicado em 1789. O autor escocês é mundialmente conhecido pelos títulos A Ilha do Tesouro (1882) e O Médico e o Monstro (1886). A trilha realizada na obra do século XVII tornou-se atração turística na França e um cativante roteiro nas mãos da cineasta Caroline Vignal.

Ao invés de um homem e uma asna a cruzar as montanhas do centro-sul da França em busca de uma paixão, a divertida adaptação de Vignal traz a professora Antoinette (Laure Calamy), junto ao asno Patrick, a percorrer colinas para surpreender o seu amante Vladimir (Benjamin Lavernhe). O amado, entretanto, passa as férias na região com a esposa Eléonore (Olivia Côte) e a filha Alice (Louise Vidal), a propósito aluna de Antoinette.  

Em contrapartida, a protagonista foge do estereótipo da “outra”, ela é apresentada como uma mulher apaixonada, romântica, efusiva e até um pouco inocente ao contar sua história para outros viajantes sem embaraços e sem ressentimento dos julgamentos alheios. Ao planejar sua viagem para Cevenas, ela sonha com noites românticas ao lado de sua paixão, contudo os seus dias são preenchidos de longas caminhadas ao lado do genioso asno Patrick, tal como no livro.

Sem experiências em trilhas, Antoinette demora a entender-se com o seu companheiro de viagem, mas conforme passam as horas, os dias, eles começam a se completar durante a trajetória. A história de amor de Antoniette torna-se uma fábula entre os grupos de viajantes e as paradas durante a peregrinação são momentos de divertidos deleites. Com coadjuvantes tão inspirados quanto a protagonista, a narrativa ganha novos contornos em cada ponto de descanso dos romeiros. 

Ganhadora do César de Melhor Atriz 2021 por este filme, Laure Calamy consagra-se como uma atriz hilária e irreverente, aliás esta é a sua primeira vez como protagonista. Conhecida do público pela personagem Noémie, da série Dez por Cento (as quatro temporadas estão disponíveis na Netflix), a atriz prova o seu carisma para comédia e a sua performance alvoroçada, perfeita como a heroína desta aventura. Embora o tom cômico predomine na narrativa, Minhas Férias com Patrick é um caminho de autoconhecimento e a descoberta do amor próprio. 

Dia após dia é esperado o encontro dos amantes, isto é, da “outra” com a família de Vladimir. Diferente dos embates e baixarias dos enlatados norte-americanos e das novelas brasileiras, Caroline Vignal é certeira na resolução dos fatos e, claro, o momento explora a beleza campestre ao redor dos seus atores. Ou seja, Minhas Férias com Patrick é uma obra introspectiva com ponto de partida e de chegada. Ao percorrer sua jornada, Antoniette não é mais a mesma pessoa que começou o percurso e os seus objetivos também são transformados. 

Participante do Festival Varilux de Cinema Francês 2020, o longa consegue encantar, divertir e ainda estabelecer uma forte conexão entre a protagonista e seu companheiro asno. À primeira vista, a trama em torno de uma surpresa romântica extraconjugal pode parecer pueril, mas já na primeira cena, quando Antoniette apresenta um número musical com os seus alunos, compreendemos que trata-se de uma personagem atípica. 

Antoinette é uma mulher corajosa que embarca em uma jornada solitária em busca de seu objeto de desejo, mas encontra a si mesma com sofreguidão. Minhas Férias com Patrick vai de um humor burlesco a emoções viscerais sem perder o ritmo ou cometer tropeços. No fim das contas, a obra de Caroline Vignal indica que quando uma jornada termina, logo em seguida, outra estrada começa a ser percorrida. 

Minhas Férias com Patrick estreia dia 06 de maio de 2021 nos cinemas do Brasil. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Ao invés de um homem e uma asna a cruzar as montanhas do centro-sul da França em busca de uma paixão, a divertida adaptação de Vignal traz a professora Antoinette (Laure Calamy), junto ao asno Patrick, a percorrer colinas para surpreender o seu amante Vladimir (Benjamin Lavernhe). O amado, entretanto, passa as férias na região com a esposa Eléonore (Olivia Côte) e a filha Alice (Louise Vidal), a propósito aluna de Antoinette.  

Em contrapartida, a protagonista foge do estereótipo da “outra”, ela é apresentada como uma mulher apaixonada, romântica, efusiva e até um pouco inocente ao contar sua história para outros viajantes sem embaraços e sem ressentimento dos julgamentos alheios. Ao planejar sua viagem para Cevenas, ela sonha com noites românticas ao lado de sua paixão, contudo os seus dias são preenchidos de longas caminhadas ao lado do genioso asno Patrick, tal como no livro.

Sem experiências em trilhas, Antoinette demora a entender-se com o seu companheiro de viagem, mas conforme passam as horas, os dias, eles começam a se completar durante a trajetória. A história de amor de Antoniette torna-se uma fábula entre os grupos de viajantes e as paradas durante a peregrinação são momentos de divertidos deleites. Com coadjuvantes tão inspirados quanto a protagonista, a narrativa ganha novos contornos em cada ponto de descanso dos romeiros. 

Ganhadora do César de Melhor Atriz 2021 por este filme, Laure Calamy consagra-se como uma atriz hilária e irreverente, aliás esta é a sua primeira vez como protagonista. Conhecida do público pela personagem Noémie, da série Dez por Cento (as quatro temporadas estão disponíveis na Netflix), a atriz prova o seu carisma para comédia e a sua performance alvoroçada, perfeita como a heroína desta aventura. Embora o tom cômico predomine na narrativa, Minhas Férias com Patrick é um caminho de autoconhecimento e a descoberta do amor próprio. 

Dia após dia é esperado o encontro dos amantes, isto é, da “outra” com a família de Vladimir. Diferente dos embates e baixarias dos enlatados norte-americanos e das novelas brasileiras, Caroline Vignal é certeira na resolução dos fatos e, claro, o momento explora a beleza campestre ao redor dos seus atores. Ou seja, Minhas Férias com Patrick é uma obra introspectiva com ponto de partida e de chegada. Ao percorrer sua jornada, Antoniette não é mais a mesma pessoa que começou o percurso e os seus objetivos também são transformados. 

Participante do Festival Varilux de Cinema Francês 2020, o longa consegue encantar, divertir e ainda estabelecer uma forte conexão entre a protagonista e seu companheiro asno. À primeira vista, a trama em torno de uma surpresa romântica extraconjugal pode parecer pueril, mas já na primeira cena, quando Antoniette apresenta um número musical com os seus alunos, compreendemos que trata-se de uma personagem atípica. 

Antoinette é uma mulher corajosa que embarca em uma jornada solitária em busca de seu objeto de desejo, mas encontra a si mesma com sofreguidão. Minhas Férias com Patrick vai de um humor burlesco a emoções viscerais sem perder o ritmo ou cometer tropeços. No fim das contas, a obra de Caroline Vignal indica que quando uma jornada termina, logo em seguida, outra estrada começa a ser percorrida. 

Minhas Férias com Patrick estreia dia 06 de maio de 2021 nos cinemas do Brasil. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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