quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | My Old School: Documentário com Alan Cumming subverte o gênero com história surreal

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2022

Em 1993, Brandon Lee protagonizou um dos causos reais mais pitorescos do Reino Unido. Um brilhante e perspicaz aluno do Ensino Médio em uma escola de prestígio da Escócia, ele se destacou entre os colegas de classe, sonhava em cursar Medicina e apesar de suas estranhezas, construiu um leque de amizades – abrigando alunos que até então eram vítimas constantes de bullying. Sua impressionante história, cheia de factoides surpreendentes e quase cinematográficos, não passava de uma farsa criada por um adulto que desejava reviver os tempos de escola, a fim de corrigir sua adolescência desajeitada. Mas quase 30 anos depois de tudo isso, Jono McLeod retorna para os corredores de sua antiga escola Bearsden Academy, para uma catártica experiência que poderia até ser pouco convidativa – se não fosse tão bem contada assim.



Em uma combinação excelente entre o fator documental e o drama, My Old School é uma inesperada e sensível jornada que mesmo diante de um relato tão problemático consegue ser doce e salpicada com um toque de humor. Com uma narrativa espetacular e muito bem construída, a produção convida a audiência para um peculiar reencontro escolar, em que ex-colegas de classe ajudam a remontar a farsa de Lee a partir de suas próprias experiências com ele. E sem ressentimentos e com imparcialidade genuína, McLeod faz de seu documentário uma caixa de memorabilia, entregando uma experiência diferente para o público, ao mesclar gêneros e formatos distintos.

Com o auxílio da animação, a bizarra história de Brandon Lee vira uma divertida e pitoresca viagem pelo espaço-tempo, que honra os amantes de documentários, à medida em que proporciona uma aventura aos apaixonados por ficção, que naturalmente não seriam atraídos pelo aspecto documental da narrativa. E nessa mistura, Alan Cumming se torna uma surpresa maravilhosa. Dublando a entrevista em áudio feita com Lee (cujo nome verdadeiro é outro), o astro entrega a expressividade certeira, provando uma vez mais que é capaz de navegar entre os mais diversos formatos narrativos, sempre com autenticidade e perspicácia.

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Trazendo um sabor agridoce para a audiência, My Old School nos leva às emoções mais díspares e conflitantes. Ao mesmo tempo em que enxergamos um narcisista incapaz de descobrir o seu verdadeiro chamado profissional, conhecemos também um homem frágil que anseia por cumprir uma promessa não dita ao seu pai em seu leito de morte. Ao mesmo tempo, a estranheza de seus métodos nos intriga, nos confunde e nos provoca sentimentos mistos. Mas a narrativa bem alinhada e a direção dinâmica e interativa de Jono McLeod cumprem o seu papel ao entregar um desfecho delicado, que não julga o seu personagem aqui analisado, mas busca compreendê-lo para além de suas mentiras e decisões problemáticas. E será que um dia o falsário Brandon Lee realizará seu sonho de ser médico? Não sabemos. O que sabemos é que – definitivamente – algumas histórias reais são bem mais estranhas do que qualquer ficção.

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Em 1993, Brandon Lee protagonizou um dos causos reais mais pitorescos do Reino Unido. Um brilhante e perspicaz aluno do Ensino Médio em uma escola de prestígio da Escócia, ele se destacou entre os colegas de classe, sonhava em cursar Medicina e apesar de suas estranhezas, construiu um leque de amizades – abrigando alunos que até então eram vítimas constantes de bullying. Sua impressionante história, cheia de factoides surpreendentes e quase cinematográficos, não passava de uma farsa criada por um adulto que desejava reviver os tempos de escola, a fim de corrigir sua adolescência desajeitada. Mas quase 30 anos depois de tudo isso, Jono McLeod retorna para os corredores de sua antiga escola Bearsden Academy, para uma catártica experiência que poderia até ser pouco convidativa – se não fosse tão bem contada assim.

Em uma combinação excelente entre o fator documental e o drama, My Old School é uma inesperada e sensível jornada que mesmo diante de um relato tão problemático consegue ser doce e salpicada com um toque de humor. Com uma narrativa espetacular e muito bem construída, a produção convida a audiência para um peculiar reencontro escolar, em que ex-colegas de classe ajudam a remontar a farsa de Lee a partir de suas próprias experiências com ele. E sem ressentimentos e com imparcialidade genuína, McLeod faz de seu documentário uma caixa de memorabilia, entregando uma experiência diferente para o público, ao mesclar gêneros e formatos distintos.

Com o auxílio da animação, a bizarra história de Brandon Lee vira uma divertida e pitoresca viagem pelo espaço-tempo, que honra os amantes de documentários, à medida em que proporciona uma aventura aos apaixonados por ficção, que naturalmente não seriam atraídos pelo aspecto documental da narrativa. E nessa mistura, Alan Cumming se torna uma surpresa maravilhosa. Dublando a entrevista em áudio feita com Lee (cujo nome verdadeiro é outro), o astro entrega a expressividade certeira, provando uma vez mais que é capaz de navegar entre os mais diversos formatos narrativos, sempre com autenticidade e perspicácia.

Trazendo um sabor agridoce para a audiência, My Old School nos leva às emoções mais díspares e conflitantes. Ao mesmo tempo em que enxergamos um narcisista incapaz de descobrir o seu verdadeiro chamado profissional, conhecemos também um homem frágil que anseia por cumprir uma promessa não dita ao seu pai em seu leito de morte. Ao mesmo tempo, a estranheza de seus métodos nos intriga, nos confunde e nos provoca sentimentos mistos. Mas a narrativa bem alinhada e a direção dinâmica e interativa de Jono McLeod cumprem o seu papel ao entregar um desfecho delicado, que não julga o seu personagem aqui analisado, mas busca compreendê-lo para além de suas mentiras e decisões problemáticas. E será que um dia o falsário Brandon Lee realizará seu sonho de ser médico? Não sabemos. O que sabemos é que – definitivamente – algumas histórias reais são bem mais estranhas do que qualquer ficção.

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