domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Nada de Novo no Front – Indicado ao Oscar pela Alemanha Cumpre o que o Título Promete

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Não é incomum que na lista final dos indicados ao Oscar haja um ou mais filmes com temática de guerra. Parece que é um assunto sem fim, pois as produtoras internacionais volta e meia estão trazendo outras vivências e perspectivas de conflitos travados pela humanidade ao longo dos séculos – e esses filmes têm público, do contrário, as produtoras não os fariam. Razão pela qual dentre as premiações cinematográficas acaba sempre tendo um ou mais representantes do gênero, mesmo muitas vezes se tratando de conflitos já amplamente abordados na ficção, como ocorre com ‘Nada de Novo no Front’, indicação da Alemanha para o Oscar 2023 e que concorre no próximo domingo às estatuetas de Melhor Filme, Melhor Filme em Língua Estrangeira e outras sete categorias.



Passado durante os momentos finais da I Guerra Mundial, conta a história de Paul Baümer (Felix Kammerer), jovem alemão que, junto com seus melhores amigos Kropp (Aaron Hilmer), Müller (Moritz Klaus) e Katczinsky (Albrecht Schuch), decide se alistar no patriótico exército nacional, para, assim, todos irem à guerra para defender os interesses de seu país e, de quebra, enriquecer e dar orgulho às suas famílias. Tudo parece uma grande aventura, uma excursão entre colegas… até o grupo por fim chegar na linha de frente da 78 infantaria de reserva, na frente ocidental da guerra. Lá rapidamente a ideia de patriotismo e de orgulho nacional se esvai entre os dedos quando literalmente os jovens precisam enfrentar os horrores da guerra para sobreviver.

Em longas duas horas e meia de duração, ‘Nada de Novo no Front’ cumpre o que seu título promete: não traz nada de novo. Não traz nada de novo hoje, quando as narrativas de guerra estão sendo questionadas com relação à sua construção, mas, em 1930, quando primeiramente esta história foi lançada, evidentemente causou o impacto que se desejava: colocar luz sobre a inocência juvenil e a doutrina ideológica que levou milhões de alemães a morrerem inutilmente na I Guerra.

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A nova versão de Ian Stokell, Lesley Paterson e Edward Berger para o filme dirigido por este último traz uma proposta de, a partir de um jovem protagonista, o espectador ser inserido dentro do grupo de amigos para, em seguida, irem todos para a guerra – onde é finda a individualidade. Na lama, no chumbo, na morte, todos acabam se assemelhando, os nomes se perdem; para o espectador essa maneira torna confuso se conectar com alguém, uma vez que não conseguimos nos aprofundar nos personagens, que se perdem dentro do caos. 

Com admiráveis nove indicações, o longa provavelmente se destacará nos quesitos mais técnicos, embora não se sobressaia tanto assim – se compararmos com recentes vencedores, como ‘1917’. Edward Berger faz bom uso da saturação de cores para situar o enredo em mais de cem anos atrás, por hora aumentando o tom de sépia, hora sumindo com todas as cores para ficar em nuances de azul, de modo que a ausência/presença desse degradê é o que dá a situação ao espectador.

Lançado no final do ano passado direto na plataforma da Netflix, ‘Nada de Novo no Front’ é uma das indicações da plataforma para o Oscar esse ano. Embora tenha causado algum frisson lá fora, aqui no Brasil o filme figurou alguns dias no Top 10, mas não se manteve – muito provavelmente por não ser a época do ano que o público nacional está interessado nesse tipo de narrativa. Porém, com a entrega do 95o Oscar se aproximando, fica a dica para quem quer maratonar todos os indicados até o próximo domingo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Passado durante os momentos finais da I Guerra Mundial, conta a história de Paul Baümer (Felix Kammerer), jovem alemão que, junto com seus melhores amigos Kropp (Aaron Hilmer), Müller (Moritz Klaus) e Katczinsky (Albrecht Schuch), decide se alistar no patriótico exército nacional, para, assim, todos irem à guerra para defender os interesses de seu país e, de quebra, enriquecer e dar orgulho às suas famílias. Tudo parece uma grande aventura, uma excursão entre colegas… até o grupo por fim chegar na linha de frente da 78 infantaria de reserva, na frente ocidental da guerra. Lá rapidamente a ideia de patriotismo e de orgulho nacional se esvai entre os dedos quando literalmente os jovens precisam enfrentar os horrores da guerra para sobreviver.

Em longas duas horas e meia de duração, ‘Nada de Novo no Front’ cumpre o que seu título promete: não traz nada de novo. Não traz nada de novo hoje, quando as narrativas de guerra estão sendo questionadas com relação à sua construção, mas, em 1930, quando primeiramente esta história foi lançada, evidentemente causou o impacto que se desejava: colocar luz sobre a inocência juvenil e a doutrina ideológica que levou milhões de alemães a morrerem inutilmente na I Guerra.

A nova versão de Ian Stokell, Lesley Paterson e Edward Berger para o filme dirigido por este último traz uma proposta de, a partir de um jovem protagonista, o espectador ser inserido dentro do grupo de amigos para, em seguida, irem todos para a guerra – onde é finda a individualidade. Na lama, no chumbo, na morte, todos acabam se assemelhando, os nomes se perdem; para o espectador essa maneira torna confuso se conectar com alguém, uma vez que não conseguimos nos aprofundar nos personagens, que se perdem dentro do caos. 

Com admiráveis nove indicações, o longa provavelmente se destacará nos quesitos mais técnicos, embora não se sobressaia tanto assim – se compararmos com recentes vencedores, como ‘1917’. Edward Berger faz bom uso da saturação de cores para situar o enredo em mais de cem anos atrás, por hora aumentando o tom de sépia, hora sumindo com todas as cores para ficar em nuances de azul, de modo que a ausência/presença desse degradê é o que dá a situação ao espectador.

Lançado no final do ano passado direto na plataforma da Netflix, ‘Nada de Novo no Front’ é uma das indicações da plataforma para o Oscar esse ano. Embora tenha causado algum frisson lá fora, aqui no Brasil o filme figurou alguns dias no Top 10, mas não se manteve – muito provavelmente por não ser a época do ano que o público nacional está interessado nesse tipo de narrativa. Porém, com a entrega do 95o Oscar se aproximando, fica a dica para quem quer maratonar todos os indicados até o próximo domingo.

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