terça-feira , 19 novembro , 2024

Crítica Netflix | Instável: Quando uma ideia medíocre vira uma série ruim

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Como válvula de escape ou uma terapia alternativa, o humor sempre foi uma forte ferramenta usada para lidar com o luto. Entre perdas e derrotas, a comédia consegue ser um excelente canalizador do sofrimento, gerando aquela combinação agridoce entre o chorar de rir e o rir pra não chorar. A Sete Palmos, Mal de Família e Falando a Real são algumas séries que englobam esse espectro, que como um caleidoscópio, apresenta uma infinidade de possibilidades narrativas. Mas nenhuma delas explicaria o que de fato é Instável, nova original da Netflix. Com seu conceito alicerçado nessa mesma proposta, a produção cocriada por Rob Lowe e seu filho John Owen Lowe não respeita nem os mortos, nem muito menos os vivos.



Na trama, Ellis Dragon (Rob Lowe) é um viúvo bilionário, distante do seu único filho. Deslocado sem sua esposa, falecida em um acidente de carro, ele tenta administrar a dor da perda com um comportamento errático e bem peculiar. Magnata do Vale do Silício, ele é inovador, criativo, mas também instável. Sem o domínio de suas próprias emoções e sempre à beira de um colapso nervoso, ele é um homem em frangalhos que corre o risco de destruir sua empresa, caso não reconheça o processo pessoal em que se encontra. Já Jackson Dragon (John Owen Lowe) tenta se livrar do estigma que a pitoresca persona de seu pai trouxe para si. E agora navegando em águas desconhecidas, essa desestruturada e incompleta família tenta vencer os estágios do luto, entre trancos e barrancos.

Na teoria, Instável tem boas intenções, ainda que sua premissa não seja inovadora. Embora tente entregar uma dramédia com algum nível de conexão com a audiência, o abuso de estereótipos hollywoodianos e a falta de carisma de seu elenco impedem a produção de ir além. Mesmo com episódios curtos, a original Netflix é exaustiva logo em seu segundo episódio, com uma trama pouco original, marcada por tropos cinematográficos que beiram o cafona. Se apropriando da temática do luto, sem sequer realmente abordá-lo com qualquer densidade, a série tem a profundidade de um píres e beira o desrespeitoso.

Com um “humor” que tenta flertar com o constrangedor e o sombrio, simultaneamente, a produção tem um roteiro preguiçoso e mal escrito, incapaz de cruzar as barreiras do mínimo viável para uma boa história. Imatura e propositalmente tomada pelo overreacting, Instável até tenta usar esse recurso exagerado como um formato estilístico. Mas por pecar pavorosamente em todos os demais aspectos, até o intencional se torna um tiro que saiu pela culatra. Um claro desperdício de recursos, a série da Netflix é um catálogo de diálogos cafonas, protagonistas constrangedores e nenhuma genuína ligação com a audiência.

Trazendo apenas oito episódios de pouco menos de 30 minutos de duração, a produção é mais uma daquelas que facilmente se aconchega na empoeirada prateleira de horrorosos originais Netflix. Nem comédia e nem drama, Instável é um tempo perdido irrecuperável. Aqui, o popular Rob Lowe e seu filho John perdem a oportunidade de explorar o luto por uma ótica mais realista e palpável, tratando com seriedade e leveza um dos assuntos mais complexos e delicados que existem. Mas optando por um viés absolutamente ridículo e incoerente, a série é resultado do nepotismo vigente na indústria do entretenimento – que favorece astros populares e seus nepo babies – e beira um insulto à criatividade de talentosos roteiristas da Black List, que ainda lutam por um espaço em Hollywood.

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Na trama, Ellis Dragon (Rob Lowe) é um viúvo bilionário, distante do seu único filho. Deslocado sem sua esposa, falecida em um acidente de carro, ele tenta administrar a dor da perda com um comportamento errático e bem peculiar. Magnata do Vale do Silício, ele é inovador, criativo, mas também instável. Sem o domínio de suas próprias emoções e sempre à beira de um colapso nervoso, ele é um homem em frangalhos que corre o risco de destruir sua empresa, caso não reconheça o processo pessoal em que se encontra. Já Jackson Dragon (John Owen Lowe) tenta se livrar do estigma que a pitoresca persona de seu pai trouxe para si. E agora navegando em águas desconhecidas, essa desestruturada e incompleta família tenta vencer os estágios do luto, entre trancos e barrancos.

Na teoria, Instável tem boas intenções, ainda que sua premissa não seja inovadora. Embora tente entregar uma dramédia com algum nível de conexão com a audiência, o abuso de estereótipos hollywoodianos e a falta de carisma de seu elenco impedem a produção de ir além. Mesmo com episódios curtos, a original Netflix é exaustiva logo em seu segundo episódio, com uma trama pouco original, marcada por tropos cinematográficos que beiram o cafona. Se apropriando da temática do luto, sem sequer realmente abordá-lo com qualquer densidade, a série tem a profundidade de um píres e beira o desrespeitoso.

Com um “humor” que tenta flertar com o constrangedor e o sombrio, simultaneamente, a produção tem um roteiro preguiçoso e mal escrito, incapaz de cruzar as barreiras do mínimo viável para uma boa história. Imatura e propositalmente tomada pelo overreacting, Instável até tenta usar esse recurso exagerado como um formato estilístico. Mas por pecar pavorosamente em todos os demais aspectos, até o intencional se torna um tiro que saiu pela culatra. Um claro desperdício de recursos, a série da Netflix é um catálogo de diálogos cafonas, protagonistas constrangedores e nenhuma genuína ligação com a audiência.

Trazendo apenas oito episódios de pouco menos de 30 minutos de duração, a produção é mais uma daquelas que facilmente se aconchega na empoeirada prateleira de horrorosos originais Netflix. Nem comédia e nem drama, Instável é um tempo perdido irrecuperável. Aqui, o popular Rob Lowe e seu filho John perdem a oportunidade de explorar o luto por uma ótica mais realista e palpável, tratando com seriedade e leveza um dos assuntos mais complexos e delicados que existem. Mas optando por um viés absolutamente ridículo e incoerente, a série é resultado do nepotismo vigente na indústria do entretenimento – que favorece astros populares e seus nepo babies – e beira um insulto à criatividade de talentosos roteiristas da Black List, que ainda lutam por um espaço em Hollywood.

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