quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica Netflix | Oxigênio – Suspense é TENSO e prende o fôlego até os últimos minutos

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O que define um bom filme de suspense? Esconder segredos, criar hipóteses plausíveis, não apresentar furos no processo narrativo e, sobretudo, prender o espectador à história até o último segundo de maneira empolgante. Se você concorda com todas as assertivas anteriores, Oxigênio (Oxygène) é uma obra de ficção científica brilhantemente planejada para nos colocar em suspensão e choque permanente por quase duas horas. O enigma parece simples: descobrir uma identidade e salvar uma vida antes que o oxigênio acabe. 

Dirigido pelo diretor francês Alexandre Aja e escrito pela estreante Christie LeBlanc, o lançamento da Netflix apoia-se em dois elementos chaves do suspense: a curiosidade e a incerteza. Famoso por filmes de terror como Viagem Maldita (2006), Piranha 3D (2010), Amaldiçoado (2013) e Predadores Assassino (2019), apenas para citar os mais famosos, Aja sempre cria uma ambientação marcante para o seu show de horrores. Ou seja, mesmo confinando em uma câmara criogênica, o cineasta constrói elementos surpresa e mal-estar.



Protagonizado por Mélanie Laurent (Esquadrão 6) e a voz do sistema operacional MILO (Mathieu Amalric), a narrativa começa em uma intensa desincubação da personagem central em um tom vermelho vibrante. Rasgando o plástico bolha que lhe encobre, a mulher desperta apavorada e começa a desconectar-se dos tubos intravenosos e outros aparelhos de monitoramento. Ao seu redor capsular, pequenas telas mostram os seus batimentos cardíacos e, principalmente, a porcentagem de oxigênio no restrito espaço. 

Desorientada sobre sua própria identidade, seu estado físico e mental, a personagem começa a ter flashes de memórias dentro de um hospital, macas em corredores e pessoas com máscaras. Um cenário bastante conhecido na atualidade e impactante ao momento de lançamento do filme. Assim, ela começa a se interrogar sobre os motivos de sua incubação e a possibilidade de alguém salvá-la. Ela, no entanto, não está completamente sozinha, a inteligência artificial da câmara criogênica responde às suas perguntas e pedidos. 

À princípio identificada como biomassa-267, ela procura recuperar traços de sua memória e montar um quebra-cabeça a fim de entender como foi trancafiada dentro daquela cápsula. O seu maior inimigo é o tempo. A cada suspiro ela consome o oxigênio escasso e inunda o ar de gás carbônico. Seu amigo é a tecnologia. MILO responde perguntas objetivas e constantemente oferece um calmante quando os seus batimentos cardíacos aceleram por conta de estresse e desespero. Agora, imagina-se acordar em um tipo de caixão eletrônico sem saber como e porque você se encontra nesta situação. 

Enredos enclausurado em pequenos ambientes tendem a diminuir o compasso em determinado momento a fim de preparar o espectador para uma etapa de revelação. Neste sentido, títulos como Enterrado Vivo (2010), O Quarto do Pânico (2002) e Demônio (2010) são lembranças rápidas dessa cadência narrativa. Oxigênio, entretanto, não se debruça sobre a angústia da claustrofobia, mas concentra-se no desvelar paulatino de enigmas.

Dessa maneira, Oxigênio mantém o seu andamento sob medida e o tempo transcorre naturalmente entre a nossa curiosidade e indagação. A pergunta preponderante é: qual é a probabilidade de uma saída daquele confinamento e, consequentemente, sobrevivência? O roteiro é hábil para trabalhar a nossa percepção sem utilizar de artifícios maliciosos. Em outras palavras, há reviravoltas e revelações a cada vinte minutos, no entanto, Oxigênio não tenta enganar o espectador ou dissuadi-lo das possibilidades já apontadas.

Ao contracenar apenas com a voz de Mathieu Amalric (O Som do Silêncio), Mélanie Laurent tem um desempenho satisfatório, já que está restrita às suas expressões faciais e a tonalidade de sua voz. O seu desespero para coletar informações sobre si mesma e tentar estabelecer contato com pessoas do lado exterior assemelha-se ao desafio de Jake Gyllenhaal no subestimado Contra o Tempo (Source Code, 2011). Por outro lado, o enredo lembra os contos sci-fi de Ray Bradbury, escritor mundialmente conhecido por Fahrenheit 451 (1953). Logo, Oxigênio não apresenta inventividade, mas constrói um elaborado quebra-cabeça engenho o suficiente para manter-nos curiosos até a personagem percorrer todas as casas do tabuleiro. 

Oxigênio chega ao catálogo da Netflix a partir de 12 de maio de 2021. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Dirigido pelo diretor francês Alexandre Aja e escrito pela estreante Christie LeBlanc, o lançamento da Netflix apoia-se em dois elementos chaves do suspense: a curiosidade e a incerteza. Famoso por filmes de terror como Viagem Maldita (2006), Piranha 3D (2010), Amaldiçoado (2013) e Predadores Assassino (2019), apenas para citar os mais famosos, Aja sempre cria uma ambientação marcante para o seu show de horrores. Ou seja, mesmo confinando em uma câmara criogênica, o cineasta constrói elementos surpresa e mal-estar.

Protagonizado por Mélanie Laurent (Esquadrão 6) e a voz do sistema operacional MILO (Mathieu Amalric), a narrativa começa em uma intensa desincubação da personagem central em um tom vermelho vibrante. Rasgando o plástico bolha que lhe encobre, a mulher desperta apavorada e começa a desconectar-se dos tubos intravenosos e outros aparelhos de monitoramento. Ao seu redor capsular, pequenas telas mostram os seus batimentos cardíacos e, principalmente, a porcentagem de oxigênio no restrito espaço. 

Desorientada sobre sua própria identidade, seu estado físico e mental, a personagem começa a ter flashes de memórias dentro de um hospital, macas em corredores e pessoas com máscaras. Um cenário bastante conhecido na atualidade e impactante ao momento de lançamento do filme. Assim, ela começa a se interrogar sobre os motivos de sua incubação e a possibilidade de alguém salvá-la. Ela, no entanto, não está completamente sozinha, a inteligência artificial da câmara criogênica responde às suas perguntas e pedidos. 

À princípio identificada como biomassa-267, ela procura recuperar traços de sua memória e montar um quebra-cabeça a fim de entender como foi trancafiada dentro daquela cápsula. O seu maior inimigo é o tempo. A cada suspiro ela consome o oxigênio escasso e inunda o ar de gás carbônico. Seu amigo é a tecnologia. MILO responde perguntas objetivas e constantemente oferece um calmante quando os seus batimentos cardíacos aceleram por conta de estresse e desespero. Agora, imagina-se acordar em um tipo de caixão eletrônico sem saber como e porque você se encontra nesta situação. 

Enredos enclausurado em pequenos ambientes tendem a diminuir o compasso em determinado momento a fim de preparar o espectador para uma etapa de revelação. Neste sentido, títulos como Enterrado Vivo (2010), O Quarto do Pânico (2002) e Demônio (2010) são lembranças rápidas dessa cadência narrativa. Oxigênio, entretanto, não se debruça sobre a angústia da claustrofobia, mas concentra-se no desvelar paulatino de enigmas.

Dessa maneira, Oxigênio mantém o seu andamento sob medida e o tempo transcorre naturalmente entre a nossa curiosidade e indagação. A pergunta preponderante é: qual é a probabilidade de uma saída daquele confinamento e, consequentemente, sobrevivência? O roteiro é hábil para trabalhar a nossa percepção sem utilizar de artifícios maliciosos. Em outras palavras, há reviravoltas e revelações a cada vinte minutos, no entanto, Oxigênio não tenta enganar o espectador ou dissuadi-lo das possibilidades já apontadas.

Ao contracenar apenas com a voz de Mathieu Amalric (O Som do Silêncio), Mélanie Laurent tem um desempenho satisfatório, já que está restrita às suas expressões faciais e a tonalidade de sua voz. O seu desespero para coletar informações sobre si mesma e tentar estabelecer contato com pessoas do lado exterior assemelha-se ao desafio de Jake Gyllenhaal no subestimado Contra o Tempo (Source Code, 2011). Por outro lado, o enredo lembra os contos sci-fi de Ray Bradbury, escritor mundialmente conhecido por Fahrenheit 451 (1953). Logo, Oxigênio não apresenta inventividade, mas constrói um elaborado quebra-cabeça engenho o suficiente para manter-nos curiosos até a personagem percorrer todas as casas do tabuleiro. 

Oxigênio chega ao catálogo da Netflix a partir de 12 de maio de 2021. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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