quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica Netflix | Um Ninho Para Dois: Melissa McCarthy brilha em dramédia sobre luto e depressão

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2021

Em uma era marcada pela perda e pelo luto, onde vivemos cercados por paredes e portões que nos separam do convívio rotineiro por mais de um ano, nunca precisamos tanto de histórias acalentadoras e esperançosas – capazes de transformar a tristeza em um sopro de alegria e vigor. E Um Ninho Para Dois é aquele tipo de filme que não poderia estrear em uma hora melhor.



É estranho imaginar que o roteiro de Matt Harris permaneceu engavetado, à espera de um diretor entusiasmado, por mais de 10 anos. Nascida no auge dos anos 2000, a trama – adquirida pela Netflix – se comunica de forma universal e atemporal sobre algo que todos nós já sofremos pelo menos uma vez na vida: A inesperada morte de um ente querido.

THE STARLING: MELISSA MCCARTHY as LILLY. CR: Courtesy of NETFLIX

E o cineasta Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo) fez do projeto uma espécie de tratamento de cura ou até mesmo em uma extensa e renovadora sessão de terapia. Trazendo metáforas simbólicas das mais diversas, ele e Harris criam uma dramédia apaixonante, ainda que seja piegas.

Fazendo profundas e sensíveis associações entre a natureza e seu poder constante de adaptação e renovação, Um Ninho Para Dois é uma história de amor com a vida, que explora os estágios do luto e as diversas formas de lidar com uma trágica perda. Trazendo para o centro da trama a história de um casal que perdera a pequena filha para um doença incompreensível, Harris faz uma delicada análise sobre a dor, à medida em que convida a audiência para uma jornada de autoavaliação, reflexão e compreensão.

THE STARLING (L-R): CHRIS O’DOWD as JACK, MELISSA MCCARTHY as LILLY. CR: KAREN BALLARD/NETFLIX © 2021.

Com um viés mais sentimentalista, o filme peca por justamente fazer da sua abordagem dramática um melodrama, exagerando em alguns elementos e cenas – que são sempre acompanhados de uma trilha sonora folk com letras quase melancólicas. Mas ainda assim, Melfi e Harris equilibram o “efeito dramalhão” com um toque de comédia mais doce e leve, que faz com que a trama se torne uma experiência mais sútil do que se poderia esperar.

E dentro desse contexto, um elenco estelar brilha nas telas, liderado pela acalentadora e apaixonante performance da indicada ao Oscar Melissa McCarthy. Chris O’Dowd e Kevin Kline não ficam atrás e completam o trio de protagonistas, trazendo uma percepção mais amarga e pessimista sobre as consequências de uma perda irreparável. Ao lado deles, Daveed Digs, Skyler Gisondo e Timothy Olyphant ajudam a compor a trama com papéis pequenos, mas bem didáticos.

Abordando temas fundamentais como esperança e fé, a dramédia é capaz de se tornar muito mais que uma cuidadosa conversa sobre luto com famílias que perderam tudo na era do Covid-19. Por criar uma inesperada ligação entre uma mulher em sofrimento e um pássaro livre e destemido, Um Ninho Para Dois ainda consegue ser uma bela analogia à surpreendente criação de Deus e nos lembra que há sempre um novo e inspirador começo a ser traçado após uma sombria e dolorosa caminhada.

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É estranho imaginar que o roteiro de Matt Harris permaneceu engavetado, à espera de um diretor entusiasmado, por mais de 10 anos. Nascida no auge dos anos 2000, a trama – adquirida pela Netflix – se comunica de forma universal e atemporal sobre algo que todos nós já sofremos pelo menos uma vez na vida: A inesperada morte de um ente querido.

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E o cineasta Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo) fez do projeto uma espécie de tratamento de cura ou até mesmo em uma extensa e renovadora sessão de terapia. Trazendo metáforas simbólicas das mais diversas, ele e Harris criam uma dramédia apaixonante, ainda que seja piegas.

Fazendo profundas e sensíveis associações entre a natureza e seu poder constante de adaptação e renovação, Um Ninho Para Dois é uma história de amor com a vida, que explora os estágios do luto e as diversas formas de lidar com uma trágica perda. Trazendo para o centro da trama a história de um casal que perdera a pequena filha para um doença incompreensível, Harris faz uma delicada análise sobre a dor, à medida em que convida a audiência para uma jornada de autoavaliação, reflexão e compreensão.

THE STARLING (L-R): CHRIS O’DOWD as JACK, MELISSA MCCARTHY as LILLY. CR: KAREN BALLARD/NETFLIX © 2021.

Com um viés mais sentimentalista, o filme peca por justamente fazer da sua abordagem dramática um melodrama, exagerando em alguns elementos e cenas – que são sempre acompanhados de uma trilha sonora folk com letras quase melancólicas. Mas ainda assim, Melfi e Harris equilibram o “efeito dramalhão” com um toque de comédia mais doce e leve, que faz com que a trama se torne uma experiência mais sútil do que se poderia esperar.

E dentro desse contexto, um elenco estelar brilha nas telas, liderado pela acalentadora e apaixonante performance da indicada ao Oscar Melissa McCarthy. Chris O’Dowd e Kevin Kline não ficam atrás e completam o trio de protagonistas, trazendo uma percepção mais amarga e pessimista sobre as consequências de uma perda irreparável. Ao lado deles, Daveed Digs, Skyler Gisondo e Timothy Olyphant ajudam a compor a trama com papéis pequenos, mas bem didáticos.

Abordando temas fundamentais como esperança e fé, a dramédia é capaz de se tornar muito mais que uma cuidadosa conversa sobre luto com famílias que perderam tudo na era do Covid-19. Por criar uma inesperada ligação entre uma mulher em sofrimento e um pássaro livre e destemido, Um Ninho Para Dois ainda consegue ser uma bela analogia à surpreendente criação de Deus e nos lembra que há sempre um novo e inspirador começo a ser traçado após uma sombria e dolorosa caminhada.

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