sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Ninguém Mandou – Série da Netflix estilo ‘Pretty Little Liars’ não tira o Pé do Freio

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Em algum momento os roteiristas do mundo entraram em algum consenso sobre os perigos potenciais nas escolas da classe rica, e, a partir daí, começaram a fazer um montão de séries que se passam nesse universo. Algumas deram bastante certo, como ‘Pretty Little Liars’, ‘Élite’, ‘Gossip Girls’ e ‘Scream Queens’. E tem essa ‘Ninguém Mandou’, a versão britânica de tudo isso que falamos, produzida pela BBC e distribuído pela Netflix.



Quatro adolescentes (que não são amigas entre si), se unem para acabar com os desmandos, o bullying e a injustiça que ocorre dentro dos muros da escola de elite onde Kitty (Kim Adis), Margot (Bethany Antonia), Olivia (Jessica Alexander) e Bree (Mia McKenna-Bruce) estudam. Enquanto agem em segredo atrás de uma vingança bem intencionada, as quatro também precisam lidar com seus dramas pessoais, que envolve manter as aparências, conseguir uma bolsa de estudos, socializar e conseguir a atenção dos próprios pais.

Escrita por Dan Braham, Gretchen McNeill (que escreveu o livro no qual a série se baseia), Olivia Paolucci e Holly Phillips o roteiro de ‘Ninguém Mandou’ de cara não oferece novidade, e, ao decorrer dos dez episódios com vinte e sete minutos casa, o espectador vai se dando conta de que a motivação das protagonistas é fraca e está sempre ligada a um benefício pessoal – ou seja, elas buscam trazer justiça aos injustiçados, desde que se beneficiem com isso. Não é evidente, mas o espectador atento irá perceber essa nuance do argumento que poderia ter sido melhor escondido na trama. Lá pelas tantas, a série muda sua estrutura narrativa e por duas vezes adota o recurso de mostrar o fim primeiro para depois contar ao espectador como as personagens chegaram até lá. Esse recurso, bastante utilizado nos gêneros de suspense e terror (no qual a série se encaixa), dentro do contexto geral dessa primeira temporada ficou um pouco deslocado, como se tivesse sido inserido tirado da cartola como uma tentativa de surpreender o espectador de alguma forma – o que não acontece. Por exemplo, o fato de desde o início as protagonistas estarem juntas nessa missão, mas não se dizerem amigas, só vai ser explicado láááá no episódio 7.

A direção de Andrew Gunn e Sarah Walker segue a cartilha, sem ousar em nenhum aspecto. Com um quarteto principal expressivo e um elenco atento à diversidade, os diretores poderiam ter tomado uma decisão mais firme sobre qual público gostariam de alcançar, se o infanto-juvenil ou o jovem adulto. A indecisão faz a série ter personagens por vezes falando ou agindo de maneira muito inocente para a idade deles, e, ao mesmo tempo, estar trabalhando temas como intriga, traição, pedofilia, assassinato.

Ninguém Mandou’ é uma série que, em comparação às outras produções do gênero, parece ter mantido o pé no freio o tempo todo. O título original, ‘Get Even’, significa “dê o troco” – o que faz sentido na história; com o título que ganhou em português, fica mais a sensação de que ninguém mandou mesmo a gente assistir.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Quatro adolescentes (que não são amigas entre si), se unem para acabar com os desmandos, o bullying e a injustiça que ocorre dentro dos muros da escola de elite onde Kitty (Kim Adis), Margot (Bethany Antonia), Olivia (Jessica Alexander) e Bree (Mia McKenna-Bruce) estudam. Enquanto agem em segredo atrás de uma vingança bem intencionada, as quatro também precisam lidar com seus dramas pessoais, que envolve manter as aparências, conseguir uma bolsa de estudos, socializar e conseguir a atenção dos próprios pais.

Escrita por Dan Braham, Gretchen McNeill (que escreveu o livro no qual a série se baseia), Olivia Paolucci e Holly Phillips o roteiro de ‘Ninguém Mandou’ de cara não oferece novidade, e, ao decorrer dos dez episódios com vinte e sete minutos casa, o espectador vai se dando conta de que a motivação das protagonistas é fraca e está sempre ligada a um benefício pessoal – ou seja, elas buscam trazer justiça aos injustiçados, desde que se beneficiem com isso. Não é evidente, mas o espectador atento irá perceber essa nuance do argumento que poderia ter sido melhor escondido na trama. Lá pelas tantas, a série muda sua estrutura narrativa e por duas vezes adota o recurso de mostrar o fim primeiro para depois contar ao espectador como as personagens chegaram até lá. Esse recurso, bastante utilizado nos gêneros de suspense e terror (no qual a série se encaixa), dentro do contexto geral dessa primeira temporada ficou um pouco deslocado, como se tivesse sido inserido tirado da cartola como uma tentativa de surpreender o espectador de alguma forma – o que não acontece. Por exemplo, o fato de desde o início as protagonistas estarem juntas nessa missão, mas não se dizerem amigas, só vai ser explicado láááá no episódio 7.

A direção de Andrew Gunn e Sarah Walker segue a cartilha, sem ousar em nenhum aspecto. Com um quarteto principal expressivo e um elenco atento à diversidade, os diretores poderiam ter tomado uma decisão mais firme sobre qual público gostariam de alcançar, se o infanto-juvenil ou o jovem adulto. A indecisão faz a série ter personagens por vezes falando ou agindo de maneira muito inocente para a idade deles, e, ao mesmo tempo, estar trabalhando temas como intriga, traição, pedofilia, assassinato.

Ninguém Mandou’ é uma série que, em comparação às outras produções do gênero, parece ter mantido o pé no freio o tempo todo. O título original, ‘Get Even’, significa “dê o troco” – o que faz sentido na história; com o título que ganhou em português, fica mais a sensação de que ninguém mandou mesmo a gente assistir.

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