domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Fio Invisível – Drama psicológico da Netflix tem ares de suspense

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Há um tipo de filme que não costuma arrastar multidões aos cinemas, mas seduz um determinado nicho do público que se amarra em assistir uma história complexa, cheia de camadas para além do óbvio, que deixa a sensação de que não entendemos tudo o que vimos. Bem nessa pegada está ‘O Fio Invisível’, filme chileno da Netflix que figura entre os mais assistidos da plataforma desde sua chegada, uns dias atrás, e que curiosamente teve também estreia simultânea nos cinemas brasileiros.



Amanda (María Valverde) é uma jovem mãe que está se mudando para o interior do país, para uma casa e uma vida nova com sua filhinha, Nina (Guilhermina Sorribes Liotta), enquanto aguardam a chegada do marido e pai nessa família. Neste novo local, bem rural, conhecem Carola (Dolores Fonzi), uma linda e triste mulher sozinha por aquelas bandas, que possui um grande segredo com relação ao seu filho, David (Marcelo Michinaux), um menino bem misterioso. As duas rapidamente traçam uma amizade cordial típica de vizinhança, porém o mesmo não se aplica às crianças, especialmente por conta do comportamento esquisito e suspeito de David às rondas da casa de Amanda.

A construção de ‘O Fio Invisível’ é bastante curiosa – mas proporcionalmente cansativa. Ao mesmo tempo que traz uma forma interessante de contar sua história, a extensão dessa técnica ao longo das cerca de uma hora e quarenta minutos de duração acabam realmente exaurindo o espectador. Enquanto acompanhamos as imagens dos acontecimentos, ocorridos no tempo passado, duas vozes em off – de Amanda e de David – dialogam sobre aquilo que estamos vendo, insistindo que se preste atenção nos detalhes, que é importante lembrar de tudo. Tal recurso psicológico – bastante utilizado em seções de hipnotização e de recuperação de memória por conta de um trauma que esteja bloqueando as lembranças – entra no projeto para ambientar o espectador em uma atmosfera de suspense; entretanto, acaba dando mais sono do que tesão para descobrirmos a resolução da trama.

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Por outro lado, o filme de Claudia Llosa – que também escreveu o roteiro junto com Samanta Schweblin – toca em temas e elementos interessantes, que flanam pelo misticismo, ocultismo e a bruxaria, a depender de como o espectador entender o longa. De todo modo, a resolução de ‘O Fio Invisível’ levanta uma inquietante reflexão, que realmente precisa começar a ser mais abordada pela sétima arte, afinal, de fato acontece na realidade. Para quem quiser se aprofundar nessa linha, há os filmes ‘O Preço da Verdade’ e ‘Madres: Mães de Ninguém’ e a série brasileira ‘Desalma’ – que será exibida em canal aberto da Rede Globo a partir da próxima segunda-feira, 25.

O Fio Invisível’ tem uma premissa interessante, uma roupagem enjoada e um final reflexivo. Entre o drama e o suspense, tem ares de filme cult de festival – e, não à toa, tem dividido a opinião dos espectadores e críticos. Um filme para quem tem paciência em entrar numa história mui, mui lentamente, e só descobrir a razão de tudo literalmente na última cena.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Há um tipo de filme que não costuma arrastar multidões aos cinemas, mas seduz um determinado nicho do público que se amarra em assistir uma história complexa, cheia de camadas para além do óbvio, que deixa a sensação de que não entendemos tudo o que vimos. Bem nessa pegada está ‘O Fio Invisível’, filme chileno da Netflix que figura entre os mais assistidos da plataforma desde sua chegada, uns dias atrás, e que curiosamente teve também estreia simultânea nos cinemas brasileiros.

Amanda (María Valverde) é uma jovem mãe que está se mudando para o interior do país, para uma casa e uma vida nova com sua filhinha, Nina (Guilhermina Sorribes Liotta), enquanto aguardam a chegada do marido e pai nessa família. Neste novo local, bem rural, conhecem Carola (Dolores Fonzi), uma linda e triste mulher sozinha por aquelas bandas, que possui um grande segredo com relação ao seu filho, David (Marcelo Michinaux), um menino bem misterioso. As duas rapidamente traçam uma amizade cordial típica de vizinhança, porém o mesmo não se aplica às crianças, especialmente por conta do comportamento esquisito e suspeito de David às rondas da casa de Amanda.

A construção de ‘O Fio Invisível’ é bastante curiosa – mas proporcionalmente cansativa. Ao mesmo tempo que traz uma forma interessante de contar sua história, a extensão dessa técnica ao longo das cerca de uma hora e quarenta minutos de duração acabam realmente exaurindo o espectador. Enquanto acompanhamos as imagens dos acontecimentos, ocorridos no tempo passado, duas vozes em off – de Amanda e de David – dialogam sobre aquilo que estamos vendo, insistindo que se preste atenção nos detalhes, que é importante lembrar de tudo. Tal recurso psicológico – bastante utilizado em seções de hipnotização e de recuperação de memória por conta de um trauma que esteja bloqueando as lembranças – entra no projeto para ambientar o espectador em uma atmosfera de suspense; entretanto, acaba dando mais sono do que tesão para descobrirmos a resolução da trama.

Por outro lado, o filme de Claudia Llosa – que também escreveu o roteiro junto com Samanta Schweblin – toca em temas e elementos interessantes, que flanam pelo misticismo, ocultismo e a bruxaria, a depender de como o espectador entender o longa. De todo modo, a resolução de ‘O Fio Invisível’ levanta uma inquietante reflexão, que realmente precisa começar a ser mais abordada pela sétima arte, afinal, de fato acontece na realidade. Para quem quiser se aprofundar nessa linha, há os filmes ‘O Preço da Verdade’ e ‘Madres: Mães de Ninguém’ e a série brasileira ‘Desalma’ – que será exibida em canal aberto da Rede Globo a partir da próxima segunda-feira, 25.

O Fio Invisível’ tem uma premissa interessante, uma roupagem enjoada e um final reflexivo. Entre o drama e o suspense, tem ares de filme cult de festival – e, não à toa, tem dividido a opinião dos espectadores e críticos. Um filme para quem tem paciência em entrar numa história mui, mui lentamente, e só descobrir a razão de tudo literalmente na última cena.

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