quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | O Jogo das Chaves – Segunda Temporada tem mais Drama Familiar e menos Clima HOT

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Quando a primeira temporada da série ‘O Jogo das Chaves’ estreou, ano passado, na Amazon Prime, muitos fãs da série teen ‘Rebelde’ se animaram com a proposta, afinal, a promessa era ver a ícone pop Maite Perroni em um papel bem, mas bem mais caliente do que a queridinha Lupita da série mexicana. Embora os fãs tenham se deleitado com as cenas hot que ‘O Jogo das Chaves’ trouxe com a protagonista em sua primeira temporada, o mesmo não ocorre nesta segunda parte, que chegou à plataforma da Amazon sem nenhum barulho comercial.



Depois que seu marido, Óscar (Humberto Busto), engravidou sua melhor amiga, Gaby (Marimar Veja), e foram morar juntos com sua filha, Mica (Abril Michel), Adriana (Maite Perroni) entende que precisa dar um rumo em sua própria vida, em todos os aspectos, especialmente depois de ser despejada do próprio apartamento e ser rejeitada por sua filha adolescente. Por isso ela vai morar com Siena (Ela Velden) na casa da magnata Glória (Laura León), onde irá aprender mais sobre o amor livre de amarras. Enquanto isso, sua sócia Barbara (Fabiola Campomanes) pressiona o companheiro Leo (Hugo Catalán) a arranjar emprego, proibindo-o de se divertir com a babá de seus filhos, Carmen (Helena Haro), ao mesmo tempo que Valentim (Horacio Pancheri) deverá assumir-se gay para sua família. Tudo leva a crer que a vida particular desse grupo deu um verdadeiro nó depois do fatídico ‘O Jogo das Chaves’.

Com o mesmo formato da temporada anterior – nove episódios, com cerca de quarenta minutos de duração cada –, a segunda parte de ‘O Jogo das Chaves’ enfria bastante a relação com o espectador, trazendo uma história com muito mais drama pessoal do que cenas de pegação. Para se ter uma ideia, a primeira cena mais caliente da trama só ocorre no terceiro episódio. Essa problemática do roteiro de Verónica Bellver e Sandro Halphen acaba construindo duas propostas diferentes: uma primeira parte mais picante, para fisgar o espectador, e uma segunda, que se propõe a aprofundar na vida dos personagens – e aí é que mora o problema, pois descobrimos que, tirando toda a roupagem (com o perdão do trocadilho), quase todos os personagens, incluindo a protagonista, são chatos. A exceção é Leo, que além de ter todo aquele ranço cômico pelo capitalismo e o proletariado, tem uma virada de vida que torna a sua trajetória a única interessante de ser seguida.

Se inicialmente a proposta de ‘O Jogo das Chaves’ era apimentar a relação com o espectador, rapidamente ela cai na mesmice que a maioria das séries caem, com muito drama e pouco foco na promessa inicial. Apesar de ser positivo o fato de a produção ter pensado em incluir as inquietações das relações gays no enredo, o faz de maneira tão caricata, que enjoa. Embora se trate de personagens adultos e de alguma forma bem-sucedidos, a impressão que dá é que nenhum deles consegue resolver a vida sem achar que a solução para tudo é sexo grupal ou o tal ‘O Jogo das Chaves’, em um total desprendimento da realidade que, em vez de inspirar, acaba cansando.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Depois que seu marido, Óscar (Humberto Busto), engravidou sua melhor amiga, Gaby (Marimar Veja), e foram morar juntos com sua filha, Mica (Abril Michel), Adriana (Maite Perroni) entende que precisa dar um rumo em sua própria vida, em todos os aspectos, especialmente depois de ser despejada do próprio apartamento e ser rejeitada por sua filha adolescente. Por isso ela vai morar com Siena (Ela Velden) na casa da magnata Glória (Laura León), onde irá aprender mais sobre o amor livre de amarras. Enquanto isso, sua sócia Barbara (Fabiola Campomanes) pressiona o companheiro Leo (Hugo Catalán) a arranjar emprego, proibindo-o de se divertir com a babá de seus filhos, Carmen (Helena Haro), ao mesmo tempo que Valentim (Horacio Pancheri) deverá assumir-se gay para sua família. Tudo leva a crer que a vida particular desse grupo deu um verdadeiro nó depois do fatídico ‘O Jogo das Chaves’.

Com o mesmo formato da temporada anterior – nove episódios, com cerca de quarenta minutos de duração cada –, a segunda parte de ‘O Jogo das Chaves’ enfria bastante a relação com o espectador, trazendo uma história com muito mais drama pessoal do que cenas de pegação. Para se ter uma ideia, a primeira cena mais caliente da trama só ocorre no terceiro episódio. Essa problemática do roteiro de Verónica Bellver e Sandro Halphen acaba construindo duas propostas diferentes: uma primeira parte mais picante, para fisgar o espectador, e uma segunda, que se propõe a aprofundar na vida dos personagens – e aí é que mora o problema, pois descobrimos que, tirando toda a roupagem (com o perdão do trocadilho), quase todos os personagens, incluindo a protagonista, são chatos. A exceção é Leo, que além de ter todo aquele ranço cômico pelo capitalismo e o proletariado, tem uma virada de vida que torna a sua trajetória a única interessante de ser seguida.

Se inicialmente a proposta de ‘O Jogo das Chaves’ era apimentar a relação com o espectador, rapidamente ela cai na mesmice que a maioria das séries caem, com muito drama e pouco foco na promessa inicial. Apesar de ser positivo o fato de a produção ter pensado em incluir as inquietações das relações gays no enredo, o faz de maneira tão caricata, que enjoa. Embora se trate de personagens adultos e de alguma forma bem-sucedidos, a impressão que dá é que nenhum deles consegue resolver a vida sem achar que a solução para tudo é sexo grupal ou o tal ‘O Jogo das Chaves’, em um total desprendimento da realidade que, em vez de inspirar, acaba cansando.

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