domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Jovem Ahmed – Ótimo drama premiado em Cannes retrata perigos da cegueira ideológica

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Os irmãos belgas Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne são dois dos cineastas mais cultuados em todo o mundo. Nada menos que sete de seus 11 longas de ficção foram premiados no Festival de Cannes, sendo que por duas vezes receberam a badalada Palma de Ouro. O último prêmio no festival, inclusive, de Melhor Diretor, foi justamente pelo novo O Jovem Ahmed.

Como em várias das obras da dupla, o foco aqui está na juventude. No caso, Ahmed (Idir Ben Addi) é um adolescente belga de origem árabe que começa a frequentar a mesquita de um imã radical e passa a  adotar cada vez mais uma postura extremista. O garoto chega ao ponto de bolar um plano para matar a professora que sempre lhe ajudou, mas cujas condutas não se adequam ao que sua nova leitura do Alcorão defende.



Le Jeune Ahmed (no original) é um belo retrato do crescimento do autoritarismo e do extremismo nos dias atuais. O foco está na intolerância religiosa praticada por um jovem muçulmano, mas poderíamos ter outras religiões ou até ideologias políticas à frente da trama. O que vemos é o perigo do radicalismo, especialmente a influência exercida no jovem que busca um lugar no mundo e adora fazer parte de algo maior.

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Os irmãos Dardenne filmam seu jovem como de costume, com a câmera quase sempre agitada e em movimento, como se acompanhassem sua inquieta jornada. O foco é quase todo em Ahmed, mas existem outros personagens importantes na trama, especialmente as mulheres em sua volta, as principais vítimas de sua intolerância. Além da professora, temos a mãe e a irmã de Ahmed, que também serão enquadradas pelo jovem dentro de limites que ele julga correto.

É particularmente interessante ver a trama se desenvolvendo em um local como a Bélgica. Acaba passando mais a noção de estranheza e o choque com o súbito crescimento do ódio é mais real do que seria em um país menos tolerante.

Idir Ben Addi é o principal destaque do elenco. Sua falta de experiência como ator joga a favor do filme, passando bem a ideia de que estamos diante de alguém inquieto e em formação. O elenco conta ainda com belas participações de Myriem Akheddiou (a professora), Claire Bodson (a mãe) e Victoria Bluck (uma jovem amiga). Othmane Moumen vive o imã que influencia Ahmed naquela que talvez seja a performance mais problemática em cena. O ator acaba seguindo um caminho bem caricato.

Escrito, fotografado e montado pelos próprios Dardenne, o longa é honesto e até carinhoso com seu protagonista. Ahmed é tratado com carinho, mesmo que não esconda suas atitudes indefensáveis. A intenção dos cineastas é ser o mais realista possível e apontar caminhos para a tolerância, seja através do perdão, da amizade ou mesmo do amor.

Filme visto durante a cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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Os irmãos belgas Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne são dois dos cineastas mais cultuados em todo o mundo. Nada menos que sete de seus 11 longas de ficção foram premiados no Festival de Cannes, sendo que por duas vezes receberam a badalada Palma de Ouro. O último prêmio no festival, inclusive, de Melhor Diretor, foi justamente pelo novo O Jovem Ahmed.

Como em várias das obras da dupla, o foco aqui está na juventude. No caso, Ahmed (Idir Ben Addi) é um adolescente belga de origem árabe que começa a frequentar a mesquita de um imã radical e passa a  adotar cada vez mais uma postura extremista. O garoto chega ao ponto de bolar um plano para matar a professora que sempre lhe ajudou, mas cujas condutas não se adequam ao que sua nova leitura do Alcorão defende.

Le Jeune Ahmed (no original) é um belo retrato do crescimento do autoritarismo e do extremismo nos dias atuais. O foco está na intolerância religiosa praticada por um jovem muçulmano, mas poderíamos ter outras religiões ou até ideologias políticas à frente da trama. O que vemos é o perigo do radicalismo, especialmente a influência exercida no jovem que busca um lugar no mundo e adora fazer parte de algo maior.

Os irmãos Dardenne filmam seu jovem como de costume, com a câmera quase sempre agitada e em movimento, como se acompanhassem sua inquieta jornada. O foco é quase todo em Ahmed, mas existem outros personagens importantes na trama, especialmente as mulheres em sua volta, as principais vítimas de sua intolerância. Além da professora, temos a mãe e a irmã de Ahmed, que também serão enquadradas pelo jovem dentro de limites que ele julga correto.

É particularmente interessante ver a trama se desenvolvendo em um local como a Bélgica. Acaba passando mais a noção de estranheza e o choque com o súbito crescimento do ódio é mais real do que seria em um país menos tolerante.

Idir Ben Addi é o principal destaque do elenco. Sua falta de experiência como ator joga a favor do filme, passando bem a ideia de que estamos diante de alguém inquieto e em formação. O elenco conta ainda com belas participações de Myriem Akheddiou (a professora), Claire Bodson (a mãe) e Victoria Bluck (uma jovem amiga). Othmane Moumen vive o imã que influencia Ahmed naquela que talvez seja a performance mais problemática em cena. O ator acaba seguindo um caminho bem caricato.

Escrito, fotografado e montado pelos próprios Dardenne, o longa é honesto e até carinhoso com seu protagonista. Ahmed é tratado com carinho, mesmo que não esconda suas atitudes indefensáveis. A intenção dos cineastas é ser o mais realista possível e apontar caminhos para a tolerância, seja através do perdão, da amizade ou mesmo do amor.

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