quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | O Poço – Netflix entrega seu filme mais angustiante e impactante

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Alerta: a classificação de 18 anos do filme deve ser levada em consideração mesmo, especialmente se você está tendo dificuldades para lidar com o período de reclusão social mundial. Dito isto, vamos para a crítica.



O Poço’ é um filme louco, que vai pirar tua cabeça e, mesmo com tudo isso que dissemos aqui, ainda assim você só vai conseguir ter uma noção do que de fato é o filme depois que você o assistir. E, mesmo depois, você ainda vai ficar refletindo algumas horas sobre o que acabou de ver, tentando entender o quê exatamente aconteceu.

Goreng (Iván Massagué, grande revelação!) acorda, de repente, numa cama, num cenário muito esquisito: um cômodo, com apenas um buraco no meio. Ao chegar na beira desse buraco, Goreng olha para cima e para baixo e descobre que há outros andares com cômodos iguais ao que ele está, e que este buraco é o que conecta todo mundo. Junto com ele neste cômodo está o misterioso Trimagasi (Óscar Olivier, a melhor coisa nesse filme, simplesmente ótimo!), que lhe dá respostas muito enigmáticas sobre a situação que estão vivendo. Goreng descobre que neste momento estão no 48º nível, mas que amanhã poderão mudar para qualquer um dos outros andares.

O que conecta todos os andares não é exatamente o buraco, mas a plataforma que desce através dele, conduzindo um verdadeiro banquete para todas as pessoas trancafiadas neste local. O problema é que a comida vem de cima, não se sabe quantos andares são, e, a bem da verdade, estamos lidando com seres humanos (que, como podemos comprovar na vida real), que são egoístas, mesquinhos e só pensam no próprio umbigo.

Através da metáfora do poço, o roteiro de David Desola e Pedro Rivero busca debater a bestialidade da condição humana, as divisões de classe e a capacidade que temos de nos despir de todas as nossas convicções frente o desespero da sobrevivência. Os diálogos entre os personagens são interessantíssimos e forçam não só o protagonista a refletir sobre sua situação, mas também a nós, aqui do lado de fora.

Dirigido muito de perto por Galder Gaztelu-Urrutia (guardem esse nome, ele deve trazer mais coisa boa pra gente!), ‘O Poço’ satiriza a condição humana com muita alegoria, mostrando a verdadeira face das relações de poder. Comparativamente, podemos relacioná-lo a outros longas de sucesso que bugaram a cabeça do povo, como ‘Mãe!’, ‘Parasita‘, ‘Hereditário’ e ‘Midsommar’.

Mas, vale relembrar: não é um filme esteticamente agradável de se assistir, portanto, às pessoas mais sensíveis é recomendado passar longe de ‘O Poço’ nesse momento de reclusão (e assisti-lo depois, quando tudo passar, pois é um filme que realmente vale a reflexão). E, por toda sua estrutura original, ‘O Poço’ já tem levantado algumas teorias e dúvidas, por isso o CinePOP desenvolveu aqui um vídeo explicando o polêmico final.

Assista nossa crítica em VÍDEO:

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Goreng (Iván Massagué, grande revelação!) acorda, de repente, numa cama, num cenário muito esquisito: um cômodo, com apenas um buraco no meio. Ao chegar na beira desse buraco, Goreng olha para cima e para baixo e descobre que há outros andares com cômodos iguais ao que ele está, e que este buraco é o que conecta todo mundo. Junto com ele neste cômodo está o misterioso Trimagasi (Óscar Olivier, a melhor coisa nesse filme, simplesmente ótimo!), que lhe dá respostas muito enigmáticas sobre a situação que estão vivendo. Goreng descobre que neste momento estão no 48º nível, mas que amanhã poderão mudar para qualquer um dos outros andares.

O que conecta todos os andares não é exatamente o buraco, mas a plataforma que desce através dele, conduzindo um verdadeiro banquete para todas as pessoas trancafiadas neste local. O problema é que a comida vem de cima, não se sabe quantos andares são, e, a bem da verdade, estamos lidando com seres humanos (que, como podemos comprovar na vida real), que são egoístas, mesquinhos e só pensam no próprio umbigo.

Através da metáfora do poço, o roteiro de David Desola e Pedro Rivero busca debater a bestialidade da condição humana, as divisões de classe e a capacidade que temos de nos despir de todas as nossas convicções frente o desespero da sobrevivência. Os diálogos entre os personagens são interessantíssimos e forçam não só o protagonista a refletir sobre sua situação, mas também a nós, aqui do lado de fora.

Dirigido muito de perto por Galder Gaztelu-Urrutia (guardem esse nome, ele deve trazer mais coisa boa pra gente!), ‘O Poço’ satiriza a condição humana com muita alegoria, mostrando a verdadeira face das relações de poder. Comparativamente, podemos relacioná-lo a outros longas de sucesso que bugaram a cabeça do povo, como ‘Mãe!’, ‘Parasita‘, ‘Hereditário’ e ‘Midsommar’.

Mas, vale relembrar: não é um filme esteticamente agradável de se assistir, portanto, às pessoas mais sensíveis é recomendado passar longe de ‘O Poço’ nesse momento de reclusão (e assisti-lo depois, quando tudo passar, pois é um filme que realmente vale a reflexão). E, por toda sua estrutura original, ‘O Poço’ já tem levantado algumas teorias e dúvidas, por isso o CinePOP desenvolveu aqui um vídeo explicando o polêmico final.

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