segunda-feira, dezembro 22, 2025
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Crítica | O Protetor 2 – Sequência com Denzel Washington mantém o nível para os fãs

O “Sequencializador”

Assim como o blockbuster do momento Missão: Impossível – Efeito Fallout, O Protetor teve origem na forma de uma série de TV antiga – exibida por quatro temporadas, de 1985 a 1989. A trama do programa trazia o ex-agente do governo Robert McCall (Edward Woodward) trabalhando de forma particular e equilibrando as chances de seus contratantes, pessoas em desvantagem necessitando de ajuda. Daí seu título original Equalizer – ou “O Equalizador”.

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Surfando na onda de revitalizações, o talentoso cineasta Antoine Fuqua resolveu novamente se unir a seu astro fetiche Denzel Washington para levar às telonas as aventuras do personagem oitentista – conhecido apenas em pequenos círculos. O Protetor (2014) apresentou uma motivação diferente para o protagonista, que ao contrário do seriado pretende deixar seu passado para trás, tendo sido dado como morto. McCall é trazido de volta ao jogo quando uma jovem prostituta (papel de Chloe Grace Moretz) vira alvo de mafiosos russos.

Quatro anos depois e finalmente ganhamos a sequência (tardia) do longa, de novo dirigido por Fuqua e protagonizado por Washington. Agora, o veterano deixa o emprego no mercado e segue como motorista de Uber. Pegamos resquícios do primeiro filme, em especial na cena de abertura num trem, ou em arestas como o trecho presente no trailer, no qual o herói acerta contas com um grupo de playboys estupradores. Tais pitadas são parênteses de uma trama central que aposta bem mais em elementos pessoais para o protagonista – procurando assim causar mais identificação.

Novamente escrita por Richard Wenk – que além do filme original, também assinou o texto do remake Sete Homens e um Destino (2016) -, a continuação cria um elo forte entre McCall e a trama principal, diferindo do distanciamento proposital contido no filme anterior e na série. Sem entrar totalmente no território de spoilers, basta dizer que alguém muito próximo ao protagonista é assassinado, o que termina por fazer ressurgir velhos fantasmas do passado. Ou quem sabe o fantasma seja o próprio McCall.

Além disso, a história continua apostando na parte emotiva. Se no primeiro tínhamos a conexão do trágico e exímio matador com a perdida jovem, nesta sequência o roteiro trata de imprimir no sujeito a figura paterna. Em sua vizinhança, McCall apadrinha um rapaz (Ashton Sanders) que está a um passo de se tornar um criminoso, resgatando-o e lhe apresentando outro caminho. Fora isso, temos sua proximidade com um sobrevivente do holocausto (Orson Bean), um simpático idoso em busca de um quadro pintado de sua irmã – há muito sumido.

Confeccionado pela mesma equipe, não existe grande divergência entre os dois O Protetor – ambos conseguem manter o mesmo nível, sendo compatíveis. Na parte técnica, alguns citarão a fotografia do vencedor do Oscar Mauro Fiore (Avatar), presente no primeiro, porém, agora temos Oliver Wood (A Outra Face) e as lentes Hawk Anamorphic – as quais Fuqua não utilizava desde Dia de Treinamento (2001), sua primeira parceria com Washington. No elenco, sai Chloe Moretz, entra o carisma de Pedro Pascal.  No fundo é trocar seis por meia dúzia. Em cada novo elemento de um, o outro chega para equalizar. Isso que é metalinguagem.

O Protetor 2 marca a primeira continuação da carreira do astro Denzel Washington, em um currículo invejável de mais de 55 filmes e programas de TV. A presença de bons atores verdadeiramente eleva qualquer material. E o consagrado vencedor do Oscar faz valer sua intensidade tanto em momentos dramáticos, quanto em segmentos simples nos quais entendemos o que é domínio de cena.

Apesar de tudo isso, assim como seu predecessor, O Protetor 2 nunca consegue quebrar a barreira do esperado, se libertando de seu molde. Este é um filme de ação eficiente, mas que nunca se torna nada além disso. É bem escrito, dirigido e atuado. As partes técnicas estão todas no lugar. Mas ao mesmo tempo é tudo o que já vimos antes em diversas outras produções do tipo, sem acrescentar muito diferencial. Infelizmente, este não é um filme do qual iremos nos lembrar por muito tempo. Ou quem sabe nem mesmo no mês seguinte.

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Pablo R. Bazarello
Crítico, cinéfilo dos anos 80, membro da ACCRJ, natural do Rio de Janeiro. Apaixonado por cinema e tudo relacionado aos anos 80 e 90. Cinema é a maior diversão. A arte é o que faz a vida valer a pena. 15 anos na estrada do CinePOP e contando...
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