domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Traficante – Série da Netflix é inusitada e traz cenas de ação estilo ‘Tropa de Elite’,

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Uma série cujo título é ‘O Traficante’ não oferece muita informação para o espectador, especialmente dentro de uma plataforma com tantas opções como a Netflix. Porém, em se tratando de um plot de ação, a série acabou atraindo a atenção de muitos assinantes e entrou no top 10 entre os mais vistos do Brasil.



Franck (Sébastien Houbani) acaba de ser contratado para gravar um videoclipe e está se sentindo o máximo, a ponto de se autointitular Spielberg. Mas o lance do clipe é gravar Tony (Abdramane Diakite) em seu “habitar natural”, capturando todos os seus movimentos no seu dia a dia – o que significa, na verdade, gravar o cara vendendo drogas, traficando e lidando com muitos bandidos perigosos, afinal, Tony é um poderoso traficante do gueto da França que acaba de voltar após vinte anos na prisão. O problema é que Tony está com essa ideia de ser rapper e, quem sabe, mudar de vida, mas nem todo mundo está gostando do que ele está fazendo.

Talvez uma das coisas que corroborem o fato de ‘O Traficante’ ter ficado entre os dez mais vistos da Netflix Brasil seja o fato de ser uma série em apenas dez episódios de cerca de dez minutos de duração cada. O episódio mais longo tem quase quinze minutos. Em um universo em que as pessoas têm pouco tempo até para relaxar, episódios curtinhos é um atrativo bastante tentador.

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Por outro lado, esse formato serial sobra na trama proposta em ‘O Traficante’. A sensação é a de que poderia ser um filme, mas foi picotado para, assim, causar maior impacto no espectador. Tudo bem, isso é uma técnica, afinal, talvez se não fosse cortado, o ritmo lento com que a trama se desenvolve acabasse fazendo com que as pessoas se afastassem da produção. Uma escolha arriscada da direção de Ange Basterga e Nicolas Lopez, mas que acabou até dando certo.

Escrita por Ange Basterga, Nicolas Lopez e Nicolas Peufaillit, a série busca ser um documentário ficcional, por mais contraditório que isso soe. É que tudo que vemos é encenação, são atores atuando ali, porém, dentro daquele universo da ficção, os personagens procuram registrar os momentos tal como a vida é, acoplando a Go Pro na cabeça ou pendurada no pescoço para que, assim, possam capturar as imagens exclusivas, em primeira mão. Através desse artifício, a série ganha aquele ar de ‘A Bruxa de Blair’, com cenas em primeira pessoa, colocando o espectador literalmente no lugar do diretor do clipe ou dos bandidos.

Com uma proposta inusitada, ‘O Traficante’ faz o espectador se sentir num ‘Call of Duty’ da vida real, retratando os guetos de Paris pelo olhar de quem está dentro, como já foi feito na mais recente versão de ‘Os Miseráveis’, indicado ao Oscar em 2019. Pincelado por cenas de ação estilo ‘Cidade de Deus’ e ‘Tropa de Elite’, ‘O Traficante’ é uma produção curiosa, mas não oferece mais que isso.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Franck (Sébastien Houbani) acaba de ser contratado para gravar um videoclipe e está se sentindo o máximo, a ponto de se autointitular Spielberg. Mas o lance do clipe é gravar Tony (Abdramane Diakite) em seu “habitar natural”, capturando todos os seus movimentos no seu dia a dia – o que significa, na verdade, gravar o cara vendendo drogas, traficando e lidando com muitos bandidos perigosos, afinal, Tony é um poderoso traficante do gueto da França que acaba de voltar após vinte anos na prisão. O problema é que Tony está com essa ideia de ser rapper e, quem sabe, mudar de vida, mas nem todo mundo está gostando do que ele está fazendo.

Talvez uma das coisas que corroborem o fato de ‘O Traficante’ ter ficado entre os dez mais vistos da Netflix Brasil seja o fato de ser uma série em apenas dez episódios de cerca de dez minutos de duração cada. O episódio mais longo tem quase quinze minutos. Em um universo em que as pessoas têm pouco tempo até para relaxar, episódios curtinhos é um atrativo bastante tentador.

Por outro lado, esse formato serial sobra na trama proposta em ‘O Traficante’. A sensação é a de que poderia ser um filme, mas foi picotado para, assim, causar maior impacto no espectador. Tudo bem, isso é uma técnica, afinal, talvez se não fosse cortado, o ritmo lento com que a trama se desenvolve acabasse fazendo com que as pessoas se afastassem da produção. Uma escolha arriscada da direção de Ange Basterga e Nicolas Lopez, mas que acabou até dando certo.

Escrita por Ange Basterga, Nicolas Lopez e Nicolas Peufaillit, a série busca ser um documentário ficcional, por mais contraditório que isso soe. É que tudo que vemos é encenação, são atores atuando ali, porém, dentro daquele universo da ficção, os personagens procuram registrar os momentos tal como a vida é, acoplando a Go Pro na cabeça ou pendurada no pescoço para que, assim, possam capturar as imagens exclusivas, em primeira mão. Através desse artifício, a série ganha aquele ar de ‘A Bruxa de Blair’, com cenas em primeira pessoa, colocando o espectador literalmente no lugar do diretor do clipe ou dos bandidos.

Com uma proposta inusitada, ‘O Traficante’ faz o espectador se sentir num ‘Call of Duty’ da vida real, retratando os guetos de Paris pelo olhar de quem está dentro, como já foi feito na mais recente versão de ‘Os Miseráveis’, indicado ao Oscar em 2019. Pincelado por cenas de ação estilo ‘Cidade de Deus’ e ‘Tropa de Elite’, ‘O Traficante’ é uma produção curiosa, mas não oferece mais que isso.

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