quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Oferenda à Tempestade – Suspense encerra trilogia de ouro da Netflix

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Aos fãs de um bom suspense recheado de reviravoltas e uma trama pululada de intrigas e teorias da conspiração, ‘Oferenda à Tempestade’ é a boa da vez na Netflix.

O enredo baseado nos livros de Dolores Redondo encerra o que a autora chama de Trilogia Baztán, antecedida por ‘O Guardião Invisível’ e ‘Legado nos Ossos’, cuja crítica você pode acessar aqui. O contexto geral da trilogia acompanha a detetive Amaia Salazar (Marta Etura), que se depara com uma série de crimes meio bizarros que ocorrem em Navarra, região norte da Espanha, envolvendo bruxaria, cultura basca e um jogo de cobiça e poder que vai muito além da compreensão humana.



Assim, chegamos à parte final da trilogia, em que Amaia se vê impossibilitada de abrir mão da investigação para ficar um tempo com o marido, James (Benn Northover), e seu bebê. Em paralelo, Amaia se dá conta de que ao mesmo tempo em que a investigação geral envolvendo crianças desaparecidas parece não avançar, outros crimes começam a surgir, incluindo o misterioso desaparecimento de sua própria mãe.

Comparado aos capítulos anteriores da trilogia, ‘Oferenda à Tempestade’ traz uma intrigante construção narrativa, inserindo elementos novos à trama constantemente. O roteiro de Luiso Berdejo novamente se apropria bem do livro e transita com constância entre o drama pessoal da protagonista e o processo investigativo. Porém, tal como nos outros filmes, a sensação que temos é que o pano de fundo – a cultura basca, sua mitologia e as histórias populares de bruxas – é pouco explorada, porque não é explicada exaustivamente, embora, ao mesmo tempo, deixe a sensação de trazer informação demais para nós, leigos espectadores. Enquanto filme, ‘Oferenda à Tempestade’ apresenta bem sua história, mas, para entender melhor a conexão com o universo basco tão distante de nós, talvez seja melhor ler os livros mesmo.

Fernando González Molina mantem o pulso firme mais uma vez na direção, acompanhando a protagonista proximamente, de modo a inserir o espectador na investigação. Entretanto, não passa despercebido mais uma vez a inutilidade não só do personagem James – o marido que só aparece em cena fazendo nada e ainda fica enchendo o saco de Amaia para que ela deixe seu trabalho – como também da novamente engessada interpretação de Benn Northover, que parece estar lendo as falas no primeiro papel de sua vida. Eu hein.

Oferenda à Tempestade’ mostra-se como uma superprodução em muitos sentidos, seja pelo elenco internacional (a inserção de um ator inglês e de diálogos nessa língua já configura o longa como coprodução entre os dois países), seja pelas locações, que transitam pelo norte da Espanha e o sul da França (ou seja, uma produção entre três países). Também se destaca a capacidade da produção em fechar ruas inteiras para gravar as cenas externas com muitos figurantes e efeitos de chuva, neve e explosões. Ou seja, uma superprodução mesmo.

Sendo este o último filme da trilogia, vale assistir (ou rever) aos filmes anteriores antes de pegar esse ‘Oferenda à Tempestade’, cuja história complexa aparenta ser muito mais instigante do que é apresentado no longa. É um bom filme de suspense e conspiração, que encerra a trilogia com segurança e demonstra que a Espanha consegue apresentar boas produções de todos os gêneros.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O enredo baseado nos livros de Dolores Redondo encerra o que a autora chama de Trilogia Baztán, antecedida por ‘O Guardião Invisível’ e ‘Legado nos Ossos’, cuja crítica você pode acessar aqui. O contexto geral da trilogia acompanha a detetive Amaia Salazar (Marta Etura), que se depara com uma série de crimes meio bizarros que ocorrem em Navarra, região norte da Espanha, envolvendo bruxaria, cultura basca e um jogo de cobiça e poder que vai muito além da compreensão humana.

Assim, chegamos à parte final da trilogia, em que Amaia se vê impossibilitada de abrir mão da investigação para ficar um tempo com o marido, James (Benn Northover), e seu bebê. Em paralelo, Amaia se dá conta de que ao mesmo tempo em que a investigação geral envolvendo crianças desaparecidas parece não avançar, outros crimes começam a surgir, incluindo o misterioso desaparecimento de sua própria mãe.

Comparado aos capítulos anteriores da trilogia, ‘Oferenda à Tempestade’ traz uma intrigante construção narrativa, inserindo elementos novos à trama constantemente. O roteiro de Luiso Berdejo novamente se apropria bem do livro e transita com constância entre o drama pessoal da protagonista e o processo investigativo. Porém, tal como nos outros filmes, a sensação que temos é que o pano de fundo – a cultura basca, sua mitologia e as histórias populares de bruxas – é pouco explorada, porque não é explicada exaustivamente, embora, ao mesmo tempo, deixe a sensação de trazer informação demais para nós, leigos espectadores. Enquanto filme, ‘Oferenda à Tempestade’ apresenta bem sua história, mas, para entender melhor a conexão com o universo basco tão distante de nós, talvez seja melhor ler os livros mesmo.

Fernando González Molina mantem o pulso firme mais uma vez na direção, acompanhando a protagonista proximamente, de modo a inserir o espectador na investigação. Entretanto, não passa despercebido mais uma vez a inutilidade não só do personagem James – o marido que só aparece em cena fazendo nada e ainda fica enchendo o saco de Amaia para que ela deixe seu trabalho – como também da novamente engessada interpretação de Benn Northover, que parece estar lendo as falas no primeiro papel de sua vida. Eu hein.

Oferenda à Tempestade’ mostra-se como uma superprodução em muitos sentidos, seja pelo elenco internacional (a inserção de um ator inglês e de diálogos nessa língua já configura o longa como coprodução entre os dois países), seja pelas locações, que transitam pelo norte da Espanha e o sul da França (ou seja, uma produção entre três países). Também se destaca a capacidade da produção em fechar ruas inteiras para gravar as cenas externas com muitos figurantes e efeitos de chuva, neve e explosões. Ou seja, uma superprodução mesmo.

Sendo este o último filme da trilogia, vale assistir (ou rever) aos filmes anteriores antes de pegar esse ‘Oferenda à Tempestade’, cuja história complexa aparenta ser muito mais instigante do que é apresentado no longa. É um bom filme de suspense e conspiração, que encerra a trilogia com segurança e demonstra que a Espanha consegue apresentar boas produções de todos os gêneros.

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