sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Os Adultos – Michael Cera ressurge em simpática comédia dramática [Berlim 2023]

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Participante da mostra Encounters na Berlinale 2023, Os Adultos (The Adults) é o segundo longa do diretor e roteirista norte-americano Dustin Guy Defa. Em dramédia familiar, o enredo trata da passagem da juventude para a vida adulta. 

Com produção e protagonismo de Michael Cera, o filme tem uma atmosfera bucólica da vida numa cidadezinha e um tom jocoso por conta do trio de irmãos: Eric (Michael Cera), Rachel (Hannah Gross) e Maggie (Sophie Lillis). 



Elenco e diretor na premiere do filme no Festival de Berlim

De volta por uma curta temporada à cidade natal, Eric se hospeda em um hotel ao invés da antiga casa da família com suas irmãs. Em vez de procurar as duas, ele tenta reencontrar o seu grupo de amigos do pôquer, pessoas as quais manteve pouco contato após a mudança.

Dessa maneira, um conflito velado é estabelecido. Com seu semblante de malandro, Eric não conta muito sobre sua real situação. Sozinhas após a morte da sua mãe, as irmãs culpa o abandono do irmão e criam personagens da infância para compartilhar suas angústias e frustrações. 

Com muitos diálogos em vozes de desenho animado, principalmente da atriz Hannah Gross (da série Mindhunter), que a utiliza repetidas vezes e de forma mais aguda. O movimento – apesar de irritante – funciona como uma válvula de escape para os sentimentos retidos. Tal como Mel Gibson com sua marionete de castor em Um Novo Despertar (2011), de Jodie Foster

Michael Cera no tapete vermelho no Festival de Berlim.

Diferente do filme supracitado, a crise não é da meia-idade ou existencial. Os três passam pelo o processo de luto, orfandade e, consequentemente, encarar a vida adulta com compromissos, empregos e responsabilidade. Esses detalhes são expostos por meio dos personagens realizando tarefas domésticas, por exemplo. 

O que os jovens deviam fazer para crescer? Constituir uma família e, assim, estabelecer uma obrigação parental? Michael Cera deixou uma barba falha crescer para dar um aspecto de quem já passou dos 30 anos. Ele, no entanto, ainda pode interpretar um adolescente se raspasse alguns pelos.

Dustin Guy Defa não pretende fazer grandes reflexões, mas brinca com personagens jocosos em dificuldades emocionais. Com a ganância de ser considerado ainda o melhor jogador de pôquer da cidade, Eric prolonga a sua estadia, muda-se para perto de suas irmãs, protagoniza uma engraçada cena de roubo e dá um passo à frente no seu processo de amadurecimento.

Entre momentos engraçadinhos e outros melosos, Os Adultos é uma narrativa simpática, mas logo esquecível por não apresentar nada marcante. O trio de atores é bom, mas sem a sintonia necessária para fazer o público gargalhar ou verter lágrimas.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Elenco e diretor na premiere do filme no Festival de Berlim

De volta por uma curta temporada à cidade natal, Eric se hospeda em um hotel ao invés da antiga casa da família com suas irmãs. Em vez de procurar as duas, ele tenta reencontrar o seu grupo de amigos do pôquer, pessoas as quais manteve pouco contato após a mudança.

Dessa maneira, um conflito velado é estabelecido. Com seu semblante de malandro, Eric não conta muito sobre sua real situação. Sozinhas após a morte da sua mãe, as irmãs culpa o abandono do irmão e criam personagens da infância para compartilhar suas angústias e frustrações. 

Com muitos diálogos em vozes de desenho animado, principalmente da atriz Hannah Gross (da série Mindhunter), que a utiliza repetidas vezes e de forma mais aguda. O movimento – apesar de irritante – funciona como uma válvula de escape para os sentimentos retidos. Tal como Mel Gibson com sua marionete de castor em Um Novo Despertar (2011), de Jodie Foster

Michael Cera no tapete vermelho no Festival de Berlim.

Diferente do filme supracitado, a crise não é da meia-idade ou existencial. Os três passam pelo o processo de luto, orfandade e, consequentemente, encarar a vida adulta com compromissos, empregos e responsabilidade. Esses detalhes são expostos por meio dos personagens realizando tarefas domésticas, por exemplo. 

O que os jovens deviam fazer para crescer? Constituir uma família e, assim, estabelecer uma obrigação parental? Michael Cera deixou uma barba falha crescer para dar um aspecto de quem já passou dos 30 anos. Ele, no entanto, ainda pode interpretar um adolescente se raspasse alguns pelos.

Dustin Guy Defa não pretende fazer grandes reflexões, mas brinca com personagens jocosos em dificuldades emocionais. Com a ganância de ser considerado ainda o melhor jogador de pôquer da cidade, Eric prolonga a sua estadia, muda-se para perto de suas irmãs, protagoniza uma engraçada cena de roubo e dá um passo à frente no seu processo de amadurecimento.

Entre momentos engraçadinhos e outros melosos, Os Adultos é uma narrativa simpática, mas logo esquecível por não apresentar nada marcante. O trio de atores é bom, mas sem a sintonia necessária para fazer o público gargalhar ou verter lágrimas.

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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