Uma das transições de carreira que mais temos visto nos últimos anos na indústria do cinema é de o ator ou atriz que chega em determinado ponto de suas carreiras e decide investir, conjuntamente, num caminho como diretor ou diretora. Essa tendência tem ocorrido tanto no exterior quanto no Brasil, com maior proporção, claro, entre os homens. Sendo esta uma trajetória cada vez mais comum, não é de surpreender que um ator com um currículo tão vasto quanto rechonchudo como Michael Keaton finalmente se enveredasse para detrás das câmeras – estreando, assim, essa semana, com o longa ‘Pacto de Redenção’, que chega ao circuito nacional em ampla divulgação.
Aristóteles Knox (Michael Keaton, de ‘Birdman’) é um assassino de aluguel que recebe o diagnóstico de demência, e seu quadro está evoluindo bem rápido. Quando um último serviço dá errado, ele entra em contato com seu empregador, Xavier Crane (Al Pacino, de ‘Um Dia de Cão’) para ajeitar todas as questões de sua “aposentadoria” no ramo, direcionando o dinheiro de usa indenização para sua ex-esposa, Ruby (Marcia Gay Harden, de ‘Sobre Meninos e Lobos’), seu filho, Miles (James Mardsen, de ‘Encantada’) e sua amante, Annie (‘Guerra Fria’). Porém, seu filho Miles se mete numa enorme confusão e acaba matando uma pessoa. Para proteger o filho e deixar a casa arrumada, Knox se empenhará num mirabolante plano para desviar a atenção da delegada Emily (Suzy Nakamura, de ‘Modern Family’) do que realmente aconteceu.
Escrito por Gregory Poirier (de ‘A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos’), a essência de ‘Pacto de Redenção’ não traz nada exatamente novo, afinal, essa ideia de matador de aluguel com problema de saúde/memória já foi basicamente explorado por todos os principais atores que atualmente interpretam esse tipo de personagem. Sem trazer uma ideia nova, o grande lance do roteiro de Gregory é trazer uma narrativa de filme policial noir, com reviravolta no enredo para compensar o espectador, uma vez que a trama principal já fica evidente desde o início do longa. Nesse sentido, é justamente essa subtrama que nos envolve, apesar de o drama pessoal do protagonista o tempo todo voltar à luz, quebrando o ritmo do desenvolvimento da investigação.
A trinca Keaton-Pacino- Mardsen entrega atuações bem mais ou menos para uma história que tinha o potencial de ser mais. Dos três, é Pacino, com suas poucas cenas, que emprega mais empenho a um chefão do crime cansado porém firme. E nesse quesito é muito mais a inexperiência de comando de Keaton que pesa – apesar de ótimo ator, na direção Keaton não mantém o mesmo nível de qualidade. Há cenas longas, fora de lugar na trama e até mesmo uma cena em que a câmera treme – algo bem de iniciante para ser permitido na versão final de um filme.
Apesar de tantos escorregões, ‘Pacto de Redenção’ é um filme de suspense policial noir um tanto quanto envolvente, com uma história de fundo espalhada como um quebra-cabeças cujas peças vão sendo apresentadas ao espectador bem aos poucos. Para quem curte o gênero, é uma boa opção de entretenimento.