Dentro do cinema existem diversos gêneros diferentes, alguns possuem mais público e adoradores do que outros. Um, contudo, se destaca por ser querido tanto de crianças quanto de adultos, ou seja, as animações. Existem as boas, as mais ou menos e as ruins, e existem as que são tão incríveis que conseguem marcar não só crianças como adultos. Dito isso, PéPequeno se encaixa facilmente nesta última categoria.
Baseado no livro Yeti Tracks, escrito por Sergio Pablos, o filme conta a história de um vilarejo de Yetis – conhecidos também como pé grande ou “abominável homem das neves” – no qual Migo, o protagonista, encontra um ser humano. Contudo, quando vai contar para os outros yetis, eles não acreditam e afirmam que tudo isso é somente um mito. O jovem pé grande é expulso da vila e com ajuda de alguns amigos decide partir numa expedição para provar que não estava mentindo.
Quem realiza a adaptação é Karey Kirkpatrick (A Fuga das Galinhas), que também assina a direção junto com Jason Reisig (Shrek), e Clare Sera (Juntos e Misturados). A narrativa, em pouco tempo, consegue identificar e apresentar os personagens criando relação entre o público e o filme. O roteiro é bem construído do início ao fim, inserindo algumas canções durante uma hora e cinquenta minutos da projeção. Inclusive, prepare-se para não parar mais de cantar “Wonderful Life”, muito bem interpretada por Jullie na versão brasileira. Entretanto, é nas músicas onde reside o único defeito do longa ao considerar que estas se destinam para todas as idades, pois os mais pequeninos não conseguirão compreende-las totalmente, já que as letras são complexas apesar da melodia cativante.
Voltando à trama, é necessário admitir que PéPequeno se encaixa perfeitamente no contexto de mundo atual e não só passa uma belíssima mensagem para as crianças como também para os adultos. O longa prega a tolerância, o respeito, a busca pela compreensão das diferenças do outro e claro, o amor, e mostra que muitas vezes o medo do desconhecido faz com que o ser humano tenha atitudes negativas. Com isso, Kirkpatrick exibe ao público que deve sim questionar e não ter receio do conhecimento.
Os personagens são cativantes ao ponto de fazer com que o espectador deseje conhece-los e a construção de todo o universo dos Yetis desperta a vontade de visitar aquele local em algum ponto da vida. A relação tanto de Migo e Percy como a do protagonista com o grupo PPM (vocês identificarão quando assistirem) é desenvolvida de maneira fluída e realista. Inclusive, o paralelo feito entre o mundo do pé grande e dos humanos é um dos fatores cruciais para tornar a animação tão verossímil e próxima do público infantil que irá conferir (e também dos adultos). É aquela oportunidade de conferir a história por outro ponto de vista.
Os diálogos são bem construídos e fáceis de acompanhar, não hesitando em usar memes e gírias conhecidas da internet (brasileira). Fato este que lembra o trabalho feito em Hotel Transilvânia 3, o que só valoriza ainda mais o script ao aproximá-lo ao máximo possível da realidade do telespectador. Claramente, é a típica animação feita para criança ver e adulto entender. PéPequeno é aquele longa-metragem para aquecer o coração e sair do cinema acreditando em um mundo melhor. Não deixe de ir junto aos filhos assistir!