quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz – Toques de TERROR Surpreendem Cinebiografia Espírita

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As histórias dos e escritas por médiuns espíritas são best-sellers desde a época do pai do espiritismo, Allan Kardec (que já virou filme), cujos livros vendem milhões de cópias no mundo todo anualmente, e Chico Xavier (que ganhou filme dez anos atrás e em outubro ganhará nova produção). Desde então, muitos escritores surgiram transcrevendo histórias de espíritos visitantes, como a fenômeno editorial Zíbia Gasparetto (que também ganhará filme ainda esse ano nos cinemas). Ou seja, há demanda, há público e há a necessidade de contar as histórias dos médiuns e dos escritores espíritas. O mais novo lançamento nesse grupo atende pelo nome ‘Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’, que chega a partir de 1o de setembro nas salas de todo o país.



José Arigó (Danton Mello) era um cara comum de Congonhas do Campo, zona histórica de Minas Gerais. Ele tinha sua vidinha pacata como vendedor de um comércio até que sua realidade é transformada completamente após a visita do espírito do Dr. Fritz (James Faulkner), um médico alemão morto durante a Primeira Guerra Mundial que lhe obriga a aceitar a missão de ser seu instrumento para curar pessoas. De princípio, Arigó não quer isso, pois começa a perceber, já nos primeiros atos, que suas ações afetarão toda a sua comunidade e, principalmente, a vida de sua família com Arlete (Juliana Paes). Mas ninguém consegue fugir do destino, e, ao abraçar o seu, Arigó também desperta a fúria do padre local (Marcos Caruso) e dos cientistas e médicos da capital.

Inspirado na história real da vida de José Arigó, ‘Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’ é mais do que um drama biográfico ou um filme espírita: é o devido reconhecimento nacional para uma importante personalidade de uma religião que, tivesse nascido em outro país, seria motivo de estudo, não de rechaço, como o próprio filme diz.

O roteiro de Jacqueline Vargas é uma das coisas mais interessantes trazidas ao cinema este ano: centrado na história do médium, faz uso de recursos narrativos do terror para retratar as famosas cirurgias espirituais de José Arigó. As cenas são baseadas em raras sessões gravadas do médium em atividade, registradas por uma equipe estadunidense que demonstra, na prática, como a coisa toda da cirurgia era feita sem anestesia, no seco, na faca, e que Arigó retirava tumores, retinas e outros pedaços podres do corpo humano assim, sem anestesia. Não são poucas as cenas, bastante gráficas e em close up, dessas cirurgias, banhadas em sangue e pus, portanto, ao espectador mais sensível recomenda-se virar o rosto nestes momentos.

Gustavo Fernandez imprime humanidade aos personagens de seu filme, especialmente aos antagonistas. É um acerto colocar Danton Mello e Juliana Paes nos papéis principais, que demonstram, com categoria, os anos de experiência às atuações e conferem profundidade a seus personagens, respaldados pela produção de arte e figurino que conseguem recriar umas Gerais das décadas de 1940 a 1960 sem nem parecer ficção. Provocador, ‘Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’ é um filme que surpreenderá até mesmo aos mais céticos dos espectadores.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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José Arigó (Danton Mello) era um cara comum de Congonhas do Campo, zona histórica de Minas Gerais. Ele tinha sua vidinha pacata como vendedor de um comércio até que sua realidade é transformada completamente após a visita do espírito do Dr. Fritz (James Faulkner), um médico alemão morto durante a Primeira Guerra Mundial que lhe obriga a aceitar a missão de ser seu instrumento para curar pessoas. De princípio, Arigó não quer isso, pois começa a perceber, já nos primeiros atos, que suas ações afetarão toda a sua comunidade e, principalmente, a vida de sua família com Arlete (Juliana Paes). Mas ninguém consegue fugir do destino, e, ao abraçar o seu, Arigó também desperta a fúria do padre local (Marcos Caruso) e dos cientistas e médicos da capital.

Inspirado na história real da vida de José Arigó, ‘Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’ é mais do que um drama biográfico ou um filme espírita: é o devido reconhecimento nacional para uma importante personalidade de uma religião que, tivesse nascido em outro país, seria motivo de estudo, não de rechaço, como o próprio filme diz.

O roteiro de Jacqueline Vargas é uma das coisas mais interessantes trazidas ao cinema este ano: centrado na história do médium, faz uso de recursos narrativos do terror para retratar as famosas cirurgias espirituais de José Arigó. As cenas são baseadas em raras sessões gravadas do médium em atividade, registradas por uma equipe estadunidense que demonstra, na prática, como a coisa toda da cirurgia era feita sem anestesia, no seco, na faca, e que Arigó retirava tumores, retinas e outros pedaços podres do corpo humano assim, sem anestesia. Não são poucas as cenas, bastante gráficas e em close up, dessas cirurgias, banhadas em sangue e pus, portanto, ao espectador mais sensível recomenda-se virar o rosto nestes momentos.

Gustavo Fernandez imprime humanidade aos personagens de seu filme, especialmente aos antagonistas. É um acerto colocar Danton Mello e Juliana Paes nos papéis principais, que demonstram, com categoria, os anos de experiência às atuações e conferem profundidade a seus personagens, respaldados pela produção de arte e figurino que conseguem recriar umas Gerais das décadas de 1940 a 1960 sem nem parecer ficção. Provocador, ‘Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’ é um filme que surpreenderá até mesmo aos mais céticos dos espectadores.

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