domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Run Rabbit Run: Terror da Netflix com Sarah Snook poderia ser espetacular, mas é apenas um recorte solto de bons momentos

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2023

Na quietude de uma Austrália cercada por territórios inóspitos, Sarah é uma médica e mãe solo que luta com seu tenebroso passado. Solitária e com uma filha de sete anos, ela ocupa os extensos vazios de sua mente com suas memórias, que a assombram em meio a flashes misteriosos e pouco explicativos. E tão vazia como a maior parte do território australiano, a protagonista vivida por Sarah Snook se torna um contraste em tela, diante de uma bela fotografia que faz um paralelo entre a inexistência humana e a inexistência da alma de uma mulher marcada por uma monstruosa história.



Sarah Snook appears in Run Rabbit Run by Daina Reid, an official selection of the Midnight section at the 2023 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute. | Photo by Sarah Enticknap. All photos are copyrighted and may be used by the press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Run Rabbit Run foi adquirido pela Netflix no Festival de Sundance 2023 e traz a brilhante atriz de Succession à frente de um terror angustiante, intrigante, mas… feito pela metade. O longa da cineasta Daina Reid é simples, mas psicologicamente ambicioso. Mantendo as principais perguntas sempre acesas na mente da audiência, a roteirista Hannah Kent tenta construir um filme de gênero, nos conduzindo para caminhos que se bifurcam ao final de seu segundo ato. Mas embora o esqueleto original da trama seja excelente, o longa peca por não saber aproveitar sua primeira metade. Prolixo, extremamente lento e com uma tensão pouco trabalhada em tela, ele nos deixa à deriva e até mesmo desinteressados.

Aqui, Sarah é confrontada sobre seu passado quando sua pequena filha começa a apresentar um comportamento bizarro. Inexplicavelmente, a pequena Mia se torna um poço de memórias de uma identidade passada que se conectam aos traumas da protagonista. Fazendo uma combinação entre um suspense psicológico e um terror mais soturno, Run Rabbit Run poderia ser genuinamente espetacular. Brincando com a mente da protagonista, sem entregar demais, Kent tem os elementos certos para construir um roteiro convidativo, que siga os mesmo caminhos narrativos do sensacional Baby Ruby (estrelado por Kit Harington). E ainda que acerte em diversos momentos, por se estender demais em seu primeiro ato de forma repetitiva, a produção beira o entediante e corre o risco de perder a nossa atenção.

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Sarah Snook and Lily LaTorre appear in Run Rabbit Run by Daina Reid, an official selection of the Midnight section at the 2023 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute. | Photo by Sarah Enticknap. All photos are copyrighted and may be used by the press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Mas é inegável que o thriller psicológico tem um potencial gigantesco. Com um clímax realmente poderoso e revelador, Run Rabbit Run recupera o seu fôlego com perspicácia, nos atrai para dentro da trama e nos deixa na expectativa por um final avassalador. E os grandes trunfos da produção são exatamente Snook e a pequena Lily LaTorre, que dominam as telas com performances maravilhosas. A primeira vai ainda mais além, com uma caracterização surpreendente. Com olhar confuso e um profundo ar de cansaço que pauta seus movimentos, seus suspiros e sua linguagem corporal, ela é a essência do que é uma atuação excepcional. Exemplar em todos momentos, ela personifica a complexidade de uma mulher cuja mente está em frangalhos.

No entanto, ainda que o thriller recupere o seu fôlego em seus 40 minutos finais, Reid e Kent desperdiçam muito tempo de tela e entregam um filme feito de recortes soltos de bons momentos. Nunca constante em sua proposta psicológica, a produção é incapaz de alcançar todo o seu potencial, o que é uma pena. Entre instantes poderosos, longas repetições narrativas e um final mediano, Run Rabbit Run é a sombra do que de fato poderia ter sido. É frustrante? Sim. É uma oportunidade totalmente perdida? Não. Mas garanto que indignará muitos assinantes da Netflix.

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Na quietude de uma Austrália cercada por territórios inóspitos, Sarah é uma médica e mãe solo que luta com seu tenebroso passado. Solitária e com uma filha de sete anos, ela ocupa os extensos vazios de sua mente com suas memórias, que a assombram em meio a flashes misteriosos e pouco explicativos. E tão vazia como a maior parte do território australiano, a protagonista vivida por Sarah Snook se torna um contraste em tela, diante de uma bela fotografia que faz um paralelo entre a inexistência humana e a inexistência da alma de uma mulher marcada por uma monstruosa história.

Sarah Snook appears in Run Rabbit Run by Daina Reid, an official selection of the Midnight section at the 2023 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute. | Photo by Sarah Enticknap. All photos are copyrighted and may be used by the press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Run Rabbit Run foi adquirido pela Netflix no Festival de Sundance 2023 e traz a brilhante atriz de Succession à frente de um terror angustiante, intrigante, mas… feito pela metade. O longa da cineasta Daina Reid é simples, mas psicologicamente ambicioso. Mantendo as principais perguntas sempre acesas na mente da audiência, a roteirista Hannah Kent tenta construir um filme de gênero, nos conduzindo para caminhos que se bifurcam ao final de seu segundo ato. Mas embora o esqueleto original da trama seja excelente, o longa peca por não saber aproveitar sua primeira metade. Prolixo, extremamente lento e com uma tensão pouco trabalhada em tela, ele nos deixa à deriva e até mesmo desinteressados.

Aqui, Sarah é confrontada sobre seu passado quando sua pequena filha começa a apresentar um comportamento bizarro. Inexplicavelmente, a pequena Mia se torna um poço de memórias de uma identidade passada que se conectam aos traumas da protagonista. Fazendo uma combinação entre um suspense psicológico e um terror mais soturno, Run Rabbit Run poderia ser genuinamente espetacular. Brincando com a mente da protagonista, sem entregar demais, Kent tem os elementos certos para construir um roteiro convidativo, que siga os mesmo caminhos narrativos do sensacional Baby Ruby (estrelado por Kit Harington). E ainda que acerte em diversos momentos, por se estender demais em seu primeiro ato de forma repetitiva, a produção beira o entediante e corre o risco de perder a nossa atenção.

Sarah Snook and Lily LaTorre appear in Run Rabbit Run by Daina Reid, an official selection of the Midnight section at the 2023 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute. | Photo by Sarah Enticknap. All photos are copyrighted and may be used by the press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Mas é inegável que o thriller psicológico tem um potencial gigantesco. Com um clímax realmente poderoso e revelador, Run Rabbit Run recupera o seu fôlego com perspicácia, nos atrai para dentro da trama e nos deixa na expectativa por um final avassalador. E os grandes trunfos da produção são exatamente Snook e a pequena Lily LaTorre, que dominam as telas com performances maravilhosas. A primeira vai ainda mais além, com uma caracterização surpreendente. Com olhar confuso e um profundo ar de cansaço que pauta seus movimentos, seus suspiros e sua linguagem corporal, ela é a essência do que é uma atuação excepcional. Exemplar em todos momentos, ela personifica a complexidade de uma mulher cuja mente está em frangalhos.

No entanto, ainda que o thriller recupere o seu fôlego em seus 40 minutos finais, Reid e Kent desperdiçam muito tempo de tela e entregam um filme feito de recortes soltos de bons momentos. Nunca constante em sua proposta psicológica, a produção é incapaz de alcançar todo o seu potencial, o que é uma pena. Entre instantes poderosos, longas repetições narrativas e um final mediano, Run Rabbit Run é a sombra do que de fato poderia ter sido. É frustrante? Sim. É uma oportunidade totalmente perdida? Não. Mas garanto que indignará muitos assinantes da Netflix.

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