sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Shortcomings: Ator Randall Park estreia na direção com excelente comédia dramática sobre recomeços

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2023

A acidez e o constante sarcasmo condescendente de Ben rapidamente o tornam o tipo de personagem difícil para qualquer cineasta trabalhar em tela. Sem aquele carisma natural que comumente todo protagonista cômico possui, esse gerente de um cinema de Bay Area é um amargo cinéfilo avesso a qualquer produção mais POP e torce o nariz para o convencional. Fracassado em seu próprio sonho de ser diretor, ele é também um clássico man-child na casa dos 30. Mas mesmo com um emprego mediano, sem ambições e um histórico de projetos jamais finalizados, ele consegue transformar Shortcomings naquela inesperada comédia que nos faz enxergar beleza e humor em meio ao caos. E o protagonista pode até não ser dos melhores, mas Randall Park vai garantir que você torça por ele pela próxima 1h30 de filme.



Seguindo a tradução literal de seu título, Shortcomings é exatamente uma análise sociocultural e política sobre um homem cheio de falhas. Deficiente de otimismo, de carisma e de uma visão realista e promissora sobre si mesmo e sobre o futuro, ele vive à margem de sua própria existência. E em sua doce ousadia de encarar a direção, o ator e comediante Randall Park decide fazer dessa peculiar história sua estreia atrás das câmeras. Na trama, o talentoso Justin H. Min dá vida a este cara que vê seu relacionamento de anos degringolar, sem saber que isso o levaria em uma catártica autorreflexão e amadurecimento. E como se estivéssemos diante de uma comédia coming of age da fase adulta, a produção nos embala em uma espiral confusa de debates existenciais pouco eficazes e uma jornada de autodescoberta que, gradativamente, nos cativará e convencerá.

Na prática, o roteiro de Adrian Tomine beira uma comédia romântica sem romance. Flertando com alguns tropos do gênero, o longa se espelha em certos exageros cinematográficos como gestos de amor grandiosos e encontros e desencontros emocionais e acalorados. Mas optando sempre por contar a história principal de um homem que finalmente está descobrindo que o maior problema de sua vida sempre foi ele mesmo, o roteirista faz a escolha mais sensata e nos presenteia com uma comédia dramática agridoce que tem muito mais a oferecer do que seus estereótipos hollywoodianos. E por tomar o caminho mais difícil, Tomine e Park tornam Shortcomings uma experiência cinematográfica prazerosa, revigorante e com um leve toque inspirador.

Trabalhando arduamente para garantir que Ben não seja aquele típico jovem adulto chato que insiste em não amadurecer e prefere problematizar o mundo ao seu redor, Park ainda conduz a direção de forma sábia. Valorizando Min e abrindo espaço para que ele acrescente uma certa doçura em seu protagonista, o diretor o torna compreensível até quando o detestamos. E exalando seu talento com toda a naturalidade que já vimos muito bem no belíssimo A Vida Depois de Yang, o ator agrega um ar esnobe com um toque de charme ao papel, fazendo dele uma ótima combinação entre raciocínio rápido e um humor mais sagaz.

E estampando uma galeria de talentosos atores asiáticos, a produção é a escolha certeira de Park para sua estreia diretorial. Fazendo uma sensível reflexão sobre a natureza auto sabotadora que existe em qualquer um de nós, a comédia dramática é – ao final de tudo -, uma excelente análise de personagem que faz de um protagonista com ares algozes, um espelho de muitas das nossas próprias atitudes em determinados momentos da vida. Abraçando a complexidade de ser humano em meio a fracassos e expectativas frustradas, Shortcomings consegue ir além de seu próprio tom cômico, nos convidando a enxergar os erros e as decisões ruins do passado como uma oportunidade de finalmente escrever uma nova história.

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Seguindo a tradução literal de seu título, Shortcomings é exatamente uma análise sociocultural e política sobre um homem cheio de falhas. Deficiente de otimismo, de carisma e de uma visão realista e promissora sobre si mesmo e sobre o futuro, ele vive à margem de sua própria existência. E em sua doce ousadia de encarar a direção, o ator e comediante Randall Park decide fazer dessa peculiar história sua estreia atrás das câmeras. Na trama, o talentoso Justin H. Min dá vida a este cara que vê seu relacionamento de anos degringolar, sem saber que isso o levaria em uma catártica autorreflexão e amadurecimento. E como se estivéssemos diante de uma comédia coming of age da fase adulta, a produção nos embala em uma espiral confusa de debates existenciais pouco eficazes e uma jornada de autodescoberta que, gradativamente, nos cativará e convencerá.

Na prática, o roteiro de Adrian Tomine beira uma comédia romântica sem romance. Flertando com alguns tropos do gênero, o longa se espelha em certos exageros cinematográficos como gestos de amor grandiosos e encontros e desencontros emocionais e acalorados. Mas optando sempre por contar a história principal de um homem que finalmente está descobrindo que o maior problema de sua vida sempre foi ele mesmo, o roteirista faz a escolha mais sensata e nos presenteia com uma comédia dramática agridoce que tem muito mais a oferecer do que seus estereótipos hollywoodianos. E por tomar o caminho mais difícil, Tomine e Park tornam Shortcomings uma experiência cinematográfica prazerosa, revigorante e com um leve toque inspirador.

Trabalhando arduamente para garantir que Ben não seja aquele típico jovem adulto chato que insiste em não amadurecer e prefere problematizar o mundo ao seu redor, Park ainda conduz a direção de forma sábia. Valorizando Min e abrindo espaço para que ele acrescente uma certa doçura em seu protagonista, o diretor o torna compreensível até quando o detestamos. E exalando seu talento com toda a naturalidade que já vimos muito bem no belíssimo A Vida Depois de Yang, o ator agrega um ar esnobe com um toque de charme ao papel, fazendo dele uma ótima combinação entre raciocínio rápido e um humor mais sagaz.

E estampando uma galeria de talentosos atores asiáticos, a produção é a escolha certeira de Park para sua estreia diretorial. Fazendo uma sensível reflexão sobre a natureza auto sabotadora que existe em qualquer um de nós, a comédia dramática é – ao final de tudo -, uma excelente análise de personagem que faz de um protagonista com ares algozes, um espelho de muitas das nossas próprias atitudes em determinados momentos da vida. Abraçando a complexidade de ser humano em meio a fracassos e expectativas frustradas, Shortcomings consegue ir além de seu próprio tom cômico, nos convidando a enxergar os erros e as decisões ruins do passado como uma oportunidade de finalmente escrever uma nova história.

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