sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker é uma carta de amor aos fãs mais antigos

Entre trancos e barrancos, algumas sequências mal acabadas e um excessivo uso de efeitos visuais em meio a uma época tão emblemática para a história do cinema contemporâneo, Star Wars conseguiu navegar com maestria. Independente de suas falhas imperdoáveis para os fãs mais severos, a franquia se imortalizou como talvez uma das mais vanguardistas dos últimos anos. E com o fim de uma década dobrando a esquina, assim também se encerra uma longa e contínua saga. A narrativa da família Skywalker chega ao seu fim, coroando a controversa, porém amada, história iniciada por George Lucas nos idos dos anos 70. A Ascensão Skywalker pode até desapontar alguns (ou muitos), mas é capaz de sincronizar o pior e o melhor da franquia com brilhantismo, em uma trama repleta de catarses emocionais, existenciais e até mesmo narrativas. Quer o hate venha ou não, é inegável que a beleza da ascensão é o fato de ela também ser o símbolo mais profundo da redenção e do perdão. 

Os Episódios antigos lançados entre os anos 70 e 80 já traziam em sua essência uma bela trama particular sobre auto descoberta. Usando uma galáxia tão distante como o background ideal para uma aventura sem fronteiras em todos os sentidos – tanto em termos de construção de roteiro, como de limitações tecnológicas, Star Wars é de fato a história de um jovem que, ao tentar descobrir quem é, acaba descobrindo o propósito de sua jornada. Neste contexto, universos inteiros correm o risco de extinção e uma resistência se faz necessária para garantir a paz e plenitude entre os planetas. Essa premissa continuou sua trajetória com o passar dos anos e após um hiato silencioso nos cinemas – em meados da década atual, J.J. Abrams resgatou o que havia se perdido e pelas mãos da Disney fez de O Despertar da Força a retomada de uma trama incompleta. A Ascensão Skywalker é a eclosão máxima desse tumultuado emaranhado visual e faz sua despedida com leveza, doçura e simplicidade.

Fugindo das complicações que fizeram Os Últimos Jedi se tornar aquele filme que faz muitos recuarem, o longa dirigido por J.J. Abrams é sua carta de amor aos fãs mais antigos, à medida que ainda consegue cativar as gerações mais novas, que descobriram a franquia nos últimos anos. Fechando os ciclos de seus personagens de maneira bem emotiva, A Ascensão Skywalker visar deixar um suspiro saudosista, preza por finais felizes, mas claro, de formas bem sacrificiais. Provando que nenhuma boa ação vem sem punição, a trama busca o equilíbrio em seu encerramento, a fim de não tornar a Saga Skywalker em uma narrativa piegas. Mas fugindo também do estilo mais irreverente que os roteiros de Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca possuem, a divisão da Disney adota o modo play safe, mas o faz com honra e mérito, entregando uma trama que desenvolve com presteza, glorifica seus personagens mais clássicos (vida longa à general Leia!) e não perde tempo em pequenos arcos, primando mesmo pela consolidação final da grande história que ressuscitou Star Wars nos cinemas.

Aqui, Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) formam uma bela díade, seja em suas lutas bem coreografadas e dirigidas, seja no diálogos que exploram as mazelas e os traumas que ambos carregam. E por justamente explorar o aspecto mais afetuoso e emocional dos personagens é que a trama assinada por Abrams e Chris Terrio ganha um sabor tão particular. Voltando-se para às raízes do que George Lucas desenvolvera no passado, a produção se aprofunda nas auto-descobertas, fazendo um silogismo simbólico e catártico, com os protagonistas aprendendo a encarar seus respectivos passados, para que então possam rumar para o que o futuro lhes reserva. Essa abordagem ainda faz com que Star Wars se transforme em um filme sobre redenção e perdão, criando um elo e uma ponte ainda maior com sua audiência. 

Indo além das lutas que são quase um ballet contemporâneo, o filme se apresenta de maneira mais madura, tanto em seu enredo, como na direção de J.J.. Aqui, ele explora mais os planos sequências, trazendo ritmo, dinamismo e muita sincronia entre os personagens. Com uma identidade maior nas principais tomadas de ação, A Ascensão Skywalker não é apenas um filme de ficção científica que agrada os olhos. É dono também de uma propriedade técnica bem maior e mais encorpada. Os efeitos visuais são ainda mais realistas e intercalam-se com efeitos práticos, que ajudam a trazer a mesma sensação palpável que fez da trilogia dos anos 70-80 o sucesso inesgotável que ainda sustentam. Trazendo realismo na tecnologia empregada, a cena de luta gravada nas ruínas da Estrela da Morte, em meio a um mar revolto, é ainda mais fascinante aos olhos e faz uma pequena homenagem à trama original que nos trouxe a 2019 e à Ascensão Skywalker

Com John Williams de volta à trilha sonora original, o filme ainda traz o equilíbrio ideal entre a boa execução musical e a edição das cenas. Mesclando inúmeros gêneros em um só, Star Wars: A Ascensão Skywalker transita entre a ação, uma carga dramática hipnotizante, a leveza da comédia que faz parte de sua essência, além de algumas breves pitadas de terror, que ajudam a compor a tensão nas cenas mais pesadas – tudo isso, sem comprometer sua classificação indicativa, voltada para o público familiar. Antagonicamente promovendo uma bela colisão e entrelaçamento entre o passado e o presente, Star Wars: A Ascensão Skywalker resgata um de seus mais amados vilões e lhe garante não apenas a trama que sempre quisemos ver, como bons e velhos fãs da franquia, como também o entrega nos braços da audiência, em um filme que encerra essa década como sendo a despedida mais dolorosa, depois de Vingadores: Ultimato. Que a força esteja conosco e com o futuro de Star Wars.

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