domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica Sundance | Tesla: Cinebiografia com Ethan Hawke é um espetáculo de genialidade

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2020

Em um mundo onde os fios e cabeamentos não mais definem as extensões e fronteiras da comunicação global e da conexão entre as pessoas, Nikola Tesla muitas vezes passa despercebido diante dos olhos contemporâneos. Como alguém que parece ter sido deixado de lado em um universo ilimitado, ele é de fato a base de tudo que vivemos hoje. Em meio a notebooks, smartphones da mais alta tecnologia e da iminente chegada do 5G, ele foi aquele que peculiar inventor tão fissurado pelo novo, que ousou sonhar o que vivemos hoje. E se estamos vivendo em um sonho do engenheiro, Tesla é o espetáculo que nos leva à uma profunda reflexão sobre o mito por trás do homem.



Desafiando o gênero de cinebiografias com uma ousadia raríssima, Michael Almereyda faz de Tesla sua carta de amor inusitada ao inventor. Tentando trazer um pouco mais de justiça para essa figura que tantas vezes ficara à sombra de Thomas Edison, ele explora as fagulhas existentes entre ambos os visionários, sempre salientando o quão devedor este último é em relação ao outro. E como uma aula de ciências bem dinâmica, a produção usa a nova tecnologia – notebooks, smartphones e projetores de altíssimo padrão – para pautar e pontuar seu roteiro. Fazendo uma metáfora cativante e divertida, o longa faz um contraste entre o mundo sonhado por Tesla e como ele – eventualmente – veio a se tornar realidade. Trazendo Eve Hewson como a narradora e também coadjuvante, o filme Tesla brinca nas cenas, não tem medo de sair da sua zona de conforto e transforma sua narrativa de época em uma experiência única e inusitada.

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Intercalando a dramaticidade com um humor que beira o bobo de tão agradável e sereno, Tesla usa a tecnologia contemporânea como elemento humorístico para contrastar com a época narrada e ainda aborda os mitos que circulam na internet, construindo sua narrativa muitas vezes em cima desses factoides, para em seguida desmistificá-los com leveza e dinamismo. E sem medo de se apresentar até mesmo de forma viajada demais, o filme traz referências do Google, faz pesquisas entre um quadro e outro, tudo a fim de salientar o valor imensurável do inventor. Fazendo ainda de sua narrativa uma mescla com elementos teatrais, a cinebiografia sabe usar seu tempo de tela ao misturar subgêneros de forma inadvertida. Mais uma vez brincando em cena, a produção se desabrocha de forma clássica e contemporânea, sem perder alguns aspectos da teatralidade, que se evidenciam tanto no design de produção, como em certas tomadas estáticas, que trazem seus protagonistas diante de projeções feitas com o uso da tecnologia.

Nos entregando um Ethan Hawke inquieto como é dito que o inventor sempre foi, Tesla explora uma atuação diferente do indicado ao Oscar. Com um sotaque mais forte e uma atitude mais travada, ele dá vida a este homem de outro tempo, que tem a fala mais contida, possui um total de zero habilidades sociais e embora seja dono de uma criatividade revolucionária, não dominava absolutamente em nada a arte comercial e administrativa que vender suas ideias exigiam. Com uma trilha sonora adaptada que une a música eletrônica ao estilo clássico, o filme faz sua própria licença poética do começo ao fim, em meio a uma fotografia bela que opera de forma contínua, como uma extensão da narrativa. Almereyda ainda explora a luz artificial de maneira simbólica, com a propriedade de quem quer contar a história do homem por trás da expansão da eletricidade.

Com um figurino de época estonteante, que facilmente poderia receber indicações nas principais premiações de 2021, Tesla ainda nos surpreende com Hawke cantando o hino Everybody Wants to Rule the World, como mais uma metáfora dos pensamentos que Tesla foi incapaz de expressar em virtude de seu perfil internalizador. Irreverente e hipnotizante, a cinebiografia é ainda como um próprio experimento do inventor. Fugindo todas as regras e convenções sociais pré-estabelecidas, ela se entrega nos braços da audiência como uma película completamente original e diferenciada. E como um sonho onde tudo pode acontecer, Tesla é um retrato genuíno de como Tesla sempre foi: um homem literalmente a frente do seu e do nosso tempo.

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Desafiando o gênero de cinebiografias com uma ousadia raríssima, Michael Almereyda faz de Tesla sua carta de amor inusitada ao inventor. Tentando trazer um pouco mais de justiça para essa figura que tantas vezes ficara à sombra de Thomas Edison, ele explora as fagulhas existentes entre ambos os visionários, sempre salientando o quão devedor este último é em relação ao outro. E como uma aula de ciências bem dinâmica, a produção usa a nova tecnologia – notebooks, smartphones e projetores de altíssimo padrão – para pautar e pontuar seu roteiro. Fazendo uma metáfora cativante e divertida, o longa faz um contraste entre o mundo sonhado por Tesla e como ele – eventualmente – veio a se tornar realidade. Trazendo Eve Hewson como a narradora e também coadjuvante, o filme Tesla brinca nas cenas, não tem medo de sair da sua zona de conforto e transforma sua narrativa de época em uma experiência única e inusitada.

Intercalando a dramaticidade com um humor que beira o bobo de tão agradável e sereno, Tesla usa a tecnologia contemporânea como elemento humorístico para contrastar com a época narrada e ainda aborda os mitos que circulam na internet, construindo sua narrativa muitas vezes em cima desses factoides, para em seguida desmistificá-los com leveza e dinamismo. E sem medo de se apresentar até mesmo de forma viajada demais, o filme traz referências do Google, faz pesquisas entre um quadro e outro, tudo a fim de salientar o valor imensurável do inventor. Fazendo ainda de sua narrativa uma mescla com elementos teatrais, a cinebiografia sabe usar seu tempo de tela ao misturar subgêneros de forma inadvertida. Mais uma vez brincando em cena, a produção se desabrocha de forma clássica e contemporânea, sem perder alguns aspectos da teatralidade, que se evidenciam tanto no design de produção, como em certas tomadas estáticas, que trazem seus protagonistas diante de projeções feitas com o uso da tecnologia.

Nos entregando um Ethan Hawke inquieto como é dito que o inventor sempre foi, Tesla explora uma atuação diferente do indicado ao Oscar. Com um sotaque mais forte e uma atitude mais travada, ele dá vida a este homem de outro tempo, que tem a fala mais contida, possui um total de zero habilidades sociais e embora seja dono de uma criatividade revolucionária, não dominava absolutamente em nada a arte comercial e administrativa que vender suas ideias exigiam. Com uma trilha sonora adaptada que une a música eletrônica ao estilo clássico, o filme faz sua própria licença poética do começo ao fim, em meio a uma fotografia bela que opera de forma contínua, como uma extensão da narrativa. Almereyda ainda explora a luz artificial de maneira simbólica, com a propriedade de quem quer contar a história do homem por trás da expansão da eletricidade.

Com um figurino de época estonteante, que facilmente poderia receber indicações nas principais premiações de 2021, Tesla ainda nos surpreende com Hawke cantando o hino Everybody Wants to Rule the World, como mais uma metáfora dos pensamentos que Tesla foi incapaz de expressar em virtude de seu perfil internalizador. Irreverente e hipnotizante, a cinebiografia é ainda como um próprio experimento do inventor. Fugindo todas as regras e convenções sociais pré-estabelecidas, ela se entrega nos braços da audiência como uma película completamente original e diferenciada. E como um sonho onde tudo pode acontecer, Tesla é um retrato genuíno de como Tesla sempre foi: um homem literalmente a frente do seu e do nosso tempo.

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