sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | The Girl on the Train – Versão indiana do thriller de sucesso tem final alternativo

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No início de 2015 o mercado literário foi surpreendido pelo thriller psicológico de Paula Hawkins, que estava conquistando leitores mundialmente. Meses depois, o livro ‘A Garota no Trem’ teve seus direitos vendidos para adaptação cinematográfica (produzida em Hollywood pela Fox), e o filme estreou em 2016 com título homônimo, estrelado por Emily Blunt – indicada a diversos prêmios por sua atuação. Cinco anos depois, a história de sucesso ganha mais uma leitura, uma produção indiana de nome ‘The Girl on the Train’, que chega agora à plataforma da Netflix.



Mira Kapoor (Parineeti Chopra) é uma advogada de sucesso que acaba de ganhar uma causa importante contra um chefão do crime organizado. Mira é casada com Shekhar (Avinash Tiwary) há alguns anos e descobriu que está grávida. Porém, um violento acidente de carro faz com que Mira perca o bebê e, desde então, seu casamento rui, e ela se entrega à bebida. Já divorciada, Mira passa a contemplar, através da janela do trem, a casa onde costumava viver com Shekhar e, alguns metros adiante, a casa dos seus sonhos, onde vive Nusrat (Aditi Rao Hydari). Certo dia, Mira vê algo que ela não pode acreditar, e, a partir daí, ela não irá mais descansar até saber toda a verdade.

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Para quem leu o livro e assistiu a proposta cinematográfica anterior, a versão indiana do suspense traz alguns elementos diferentes, sendo o principal deles a linha narrativa. O roteiro elaborado por Ribhu Dasgupta (que também assume a direção do longa) é bem didático, obedecendo aos moldes de Bollywood de contar história. Para quem não está acostumado, isso pode causar estranheza, mas, se você já conhece o thriller e estiver disposto a mergulhar de coração aberto, vai enxergar uma forma toda diferente de contar a mesma história.

Uma das ferramentas mais legais é o uso de cantorias narrativas para ajudar a inserir elementos na trama, mas sem ter que perder um tempão explicando dramaticamente as coisas. Isso acontece logo no início, por exemplo, contando como Mira Kapoor e Shekhar se conheceram e como o casamento deles era uma maravilha, até dar tudo errado. O longa tem três momentos assim, e é muito interessante reparar como as letras dessas canções dialogam diretamente com o enredo.

Por outro lado, as atuações são beeem dramáticas, exagerando nas emoções como quem quer reafirmar ao espectador que o que o personagem está sentindo é aquilo mesmo que a gente desconfia. Nada é sutil, tudo tem que ser bem evidente, seguindo a cartilhinha. Isso também é uma assinatura do cinema indiano: as coisas não são subliminares, mas sim bastante dramatúrgicas, evidentes, quase gratuitas, para que o espectador não tenha dúvidas.

A versão indiana de ‘The Girl on the Train’ é um interessante olhar de como outra cultura pode contar a mesma história – e como essa história pode ser universal. A seu modo, insere livremente novos elementos da trama, que pode ou não agradar quem já viu e leu a versão anterior.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | The Girl on the Train – Versão indiana do thriller de sucesso tem final alternativo

No início de 2015 o mercado literário foi surpreendido pelo thriller psicológico de Paula Hawkins, que estava conquistando leitores mundialmente. Meses depois, o livro ‘A Garota no Trem’ teve seus direitos vendidos para adaptação cinematográfica (produzida em Hollywood pela Fox), e o filme estreou em 2016 com título homônimo, estrelado por Emily Blunt – indicada a diversos prêmios por sua atuação. Cinco anos depois, a história de sucesso ganha mais uma leitura, uma produção indiana de nome ‘The Girl on the Train’, que chega agora à plataforma da Netflix.

Mira Kapoor (Parineeti Chopra) é uma advogada de sucesso que acaba de ganhar uma causa importante contra um chefão do crime organizado. Mira é casada com Shekhar (Avinash Tiwary) há alguns anos e descobriu que está grávida. Porém, um violento acidente de carro faz com que Mira perca o bebê e, desde então, seu casamento rui, e ela se entrega à bebida. Já divorciada, Mira passa a contemplar, através da janela do trem, a casa onde costumava viver com Shekhar e, alguns metros adiante, a casa dos seus sonhos, onde vive Nusrat (Aditi Rao Hydari). Certo dia, Mira vê algo que ela não pode acreditar, e, a partir daí, ela não irá mais descansar até saber toda a verdade.

Para quem leu o livro e assistiu a proposta cinematográfica anterior, a versão indiana do suspense traz alguns elementos diferentes, sendo o principal deles a linha narrativa. O roteiro elaborado por Ribhu Dasgupta (que também assume a direção do longa) é bem didático, obedecendo aos moldes de Bollywood de contar história. Para quem não está acostumado, isso pode causar estranheza, mas, se você já conhece o thriller e estiver disposto a mergulhar de coração aberto, vai enxergar uma forma toda diferente de contar a mesma história.

Uma das ferramentas mais legais é o uso de cantorias narrativas para ajudar a inserir elementos na trama, mas sem ter que perder um tempão explicando dramaticamente as coisas. Isso acontece logo no início, por exemplo, contando como Mira Kapoor e Shekhar se conheceram e como o casamento deles era uma maravilha, até dar tudo errado. O longa tem três momentos assim, e é muito interessante reparar como as letras dessas canções dialogam diretamente com o enredo.

Por outro lado, as atuações são beeem dramáticas, exagerando nas emoções como quem quer reafirmar ao espectador que o que o personagem está sentindo é aquilo mesmo que a gente desconfia. Nada é sutil, tudo tem que ser bem evidente, seguindo a cartilhinha. Isso também é uma assinatura do cinema indiano: as coisas não são subliminares, mas sim bastante dramatúrgicas, evidentes, quase gratuitas, para que o espectador não tenha dúvidas.

A versão indiana de ‘The Girl on the Train’ é um interessante olhar de como outra cultura pode contar a mesma história – e como essa história pode ser universal. A seu modo, insere livremente novos elementos da trama, que pode ou não agradar quem já viu e leu a versão anterior.

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