domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | The Kitchen – Netflix lança sci-fi FUTURISTA com visual estonteante dirigido por astro de ‘Corra!’

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Dois projetos podem ser apontados como determinantes na carreira de Daniel Kaluuya, que alçaram a carreira do ator ao estrelato mundial: ‘Corra!’, em 2017, e ‘Pantera Negra, no ano seguinte, 2018. É claro que o artista londrino vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2021 por ‘Judas e o Messias Negro’ interpretou diversos outros papéis marcantes, mas é possível apontar que nesses trabalhos o ator ganhou a robusta solidez para começar a trilhar outros caminhos – e que agora começam a ficar mais evidentes, a partir desse ano de 2024 quando o ator lança ‘The Kitchen’, seu primeiro projeto como diretor.



Izi (Kano) é um jovem rapaz preto que vive no The Kitchen, o último conjunto habitacional de uma Londres futurista e atemporal. Ele trabalha numa espécie de agência funerária, onde as pessoas fazem seguros para seus próprios funerais, de modo que, ao morrerem, são transformadas em mudas de plantas, às quais os familiares e amigos podem ir visitar sempre que quiserem. É nesse contexto que ele conhece o jovem Benji (Jedaiah Bannerman), um menino que acaba de perder a mãe e que, ao olhar para Izi, desconfia de que ele possa ser seu pai. Benji o segue e acaba indo para o The Kitchen com Izi, onde descobre um mundo completamente novo a seus olhos, onde as pessoas pretas de Londres vivem suas próprias culturas livremente, mas também sofrem represálias constantes da polícia municipal.

Através do artifício da ficção futurista de uma Londres distópica, o roteiro de Daniel Kaluuya, Joe Murtagh e Amy Baty joga luz sobre a contemporaneidade existente em um grande centro urbano como a capital inglesa: a forma como o ocidente trata a chegada, permanência e crescimento das populações imigrantes de outros locais – majoritariamente pessoas vindas de África e das Américas sulistas. ‘The Kitchen’ é, assim, uma grande metáfora, um conjunto habitacional que é uma bolha onde os imigrantes (de maioria preta) consegue respirar e viver a seu próprio modo, mas é constantemente lembrada pelo entorno da classe média que eles não são bem-vindos, vivendo pressão (da especulação imobiliária, do controle policial) para que desistam de permanecer no local e se mudem para onde não sejam vistos. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

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Apesar do pano crítico-social forte de pano de fundo e o visual estonteante, o filme não vai para lugar nenhum. Sem propósito, as quase duas horas de duração mesclam o desabrochar juvenil do pequeno Benji com a crise paternal do protagonista, num vai e vem sem fim e sem se definir. Assim, os únicos acontecimentos no enredo são as invasões policiais no ‘The Kitchen’, que originam cenas de ação bem coreografadas e bem filmadas.

Claramente Daniel Kaluuya tem algo para dizer, e precisa continuar experimentando também atrás das câmeras para passar sua mensagem como fez com este ‘The Kitchen’, que tem uma fotografia bonita e efeitos visuais interessantes. Faltou, talvez, mais emoção aos personagens, contidos nos seus próprios pensamentos dentro de um contexto fervilhante. Com um pouquinho mais de drama e de emoção, o espectador poderia se conectar não só com o protagonista, mas, acima de tudo, com esse vibrante espaço de re-existência criado em ‘The Kitchen’.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Izi (Kano) é um jovem rapaz preto que vive no The Kitchen, o último conjunto habitacional de uma Londres futurista e atemporal. Ele trabalha numa espécie de agência funerária, onde as pessoas fazem seguros para seus próprios funerais, de modo que, ao morrerem, são transformadas em mudas de plantas, às quais os familiares e amigos podem ir visitar sempre que quiserem. É nesse contexto que ele conhece o jovem Benji (Jedaiah Bannerman), um menino que acaba de perder a mãe e que, ao olhar para Izi, desconfia de que ele possa ser seu pai. Benji o segue e acaba indo para o The Kitchen com Izi, onde descobre um mundo completamente novo a seus olhos, onde as pessoas pretas de Londres vivem suas próprias culturas livremente, mas também sofrem represálias constantes da polícia municipal.

Através do artifício da ficção futurista de uma Londres distópica, o roteiro de Daniel Kaluuya, Joe Murtagh e Amy Baty joga luz sobre a contemporaneidade existente em um grande centro urbano como a capital inglesa: a forma como o ocidente trata a chegada, permanência e crescimento das populações imigrantes de outros locais – majoritariamente pessoas vindas de África e das Américas sulistas. ‘The Kitchen’ é, assim, uma grande metáfora, um conjunto habitacional que é uma bolha onde os imigrantes (de maioria preta) consegue respirar e viver a seu próprio modo, mas é constantemente lembrada pelo entorno da classe média que eles não são bem-vindos, vivendo pressão (da especulação imobiliária, do controle policial) para que desistam de permanecer no local e se mudem para onde não sejam vistos. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

Apesar do pano crítico-social forte de pano de fundo e o visual estonteante, o filme não vai para lugar nenhum. Sem propósito, as quase duas horas de duração mesclam o desabrochar juvenil do pequeno Benji com a crise paternal do protagonista, num vai e vem sem fim e sem se definir. Assim, os únicos acontecimentos no enredo são as invasões policiais no ‘The Kitchen’, que originam cenas de ação bem coreografadas e bem filmadas.

Claramente Daniel Kaluuya tem algo para dizer, e precisa continuar experimentando também atrás das câmeras para passar sua mensagem como fez com este ‘The Kitchen’, que tem uma fotografia bonita e efeitos visuais interessantes. Faltou, talvez, mais emoção aos personagens, contidos nos seus próprios pensamentos dentro de um contexto fervilhante. Com um pouquinho mais de drama e de emoção, o espectador poderia se conectar não só com o protagonista, mas, acima de tudo, com esse vibrante espaço de re-existência criado em ‘The Kitchen’.

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