quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | The Trip – Briga de casal vira um banho de sangue em comédia SOMBRIA da Netflix

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Recém-lançado na Netflix, The Trip é um filme surpreendente. Dirigido por Tommy Wirkola (Onde Está Segunda?), o longa começa como um típico drama de casal em crise que planeja uma viagem para o interior, onde vão se reconectar e resolver seus problemas no relacionamento. No entanto, ele subverte essa expectativa ao trazer a “solução” para essa relação problemática: tanto o homem quanto a mulher viajam na expectativa de matar o outro e embolsar o dinheiro do seguro. A partir daí, tudo que poderia dar errado acontece, apostando ainda mais no absurdo e na violência gráfica para tentar construir um humor politicamente incorreto que não se vê mais por aí. O problema é que a direção peca no ritmo do filme, deixando-o inconstante e exagera na violência, gerando momentos que não causam tanta graça, mas sim desconforto.



A graça do roteiro está justamente nessa sequência de quebra de expectativas. De início, o longa é bem cansativo, mostrando a vida dos protagonistas antes da viagem, acompanhando principalmente Lars (Aksel Hennie), o marido, que deixa claro para todos os seus amigos e companheiros de trabalho sobre os planos de viajar com a esposa, Lisa (Noomi Rapace), para a cabana da família, já criando uma justificativa para o planejado não retorno da suposta amada para a rotina. Esse começo se alonga muito e já dá um cansaço. Na verdade, enquanto eles não entram na cabana, o filme é bem enfadonho. Porém, quando eles revelam suas motivações, o diretor faz uso de câmeras típicas de filmes de suspense para criar um clima tenso, que logo é desfeito pelo insucesso dos dois em serem assassinos. Assim, a trama entra em uma espiral típica de Tom & Jerry, mostrando um perseguindo o outro e falhando miseravelmente.

Essa caça de um atrás do outro é bem explorada, sendo usada como muleta para que os personagens lavem a “roupa suja” enquanto tentam se prender ou matar. Então, quando já não tem mais o que trabalhar, o roteiro traz uma trinca de bandidos barra pesada, que cortam essa discussão de casal e abrem portas para a direção usar e abusar da violência explícita, apostando em cenas bem gore.

Com a chegada dos novos personagens, novas situações acontecem, modificando a dinâmica da história para algo que transita entre o Esqueceram de Mim (1990) e A Babá (2017). Sem apelar para o sobrenatural, o filme apresenta praticamente um novo plot twist a cada 15 minutos. No começo é interessante e divertido, mas fica cansativo depois de um tempo. Por fim, a última virada na trama é uma das mais divertidas porque brinca justamente com o meio de Hollywood e seu interesse por histórias bizarras. É uma autoparódia muito bem-vinda, que tira sarro dos principais clichés do meio.

Se o roteiro proporciona essas situações inesperadas e as constantes viradas de trama, a direção não consegue manter o ritmo e nem explorar toda a violência de forma criativa ou engraçada. Quer dizer, há muitos momentos engraçados, mas a maior parte do tempo é só um uso injustificado de mutilações que até chocam em um primeiro momento, só que acabam sendo tão usadas que perdem a graça e a sensação de choque. Wirkola tenta fazer um filme “Eita Atrás de Eita”, sem conseguir trabalhar essa sensação ao longo de toda a história.

Porém, se existe algo irretocável no filme são as atuações dos protagonistas. Noomi Rapace é o nome mais famoso envolvido no projeto, e ela justifica essa presença dando todos os tons que sua personagem pede. Mas quem dá show mesmo é Aksel Hennie. Seu Lars é um completo idiota. Ególatra e atrapalhado, ele faz caras e bocas sem apelar para o caricato, passando bem a sensação de frustração, dor e confusão diante do caótico fim de semana. Eles ainda fazem um trabalho de maquiagem muito bom nele, passando verdade nas lesões. E é justamente na reta final do longa que ele aparece todo desfigurado e consegue fazer uma interação muito inesperada que acaba sendo, de longe, a melhor sequência do filme. O trio de bandidos não é lá essas coisas, mas consegue cumprir bem o papel de caras maus e burros que aparecem para tocar o terror.

Enfim, é um filme que parece se alongar demais, o que acaba causando um desconforto que passa da linha do cômico em certos momentos, mas que também consegue criar algumas situações realmente engraçadas. Definitivamente, não é uma história para quem tem problema com violência e com um banho de sangue. No entanto, se você for fã do tipo de humor dos Irmãos Coen ou até mesmo do Tarantino, provavelmente encontrará alguns momentos que lembrarão esses estilos, mas bem de leve.

The Trip está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Recém-lançado na Netflix, The Trip é um filme surpreendente. Dirigido por Tommy Wirkola (Onde Está Segunda?), o longa começa como um típico drama de casal em crise que planeja uma viagem para o interior, onde vão se reconectar e resolver seus problemas no relacionamento. No entanto, ele subverte essa expectativa ao trazer a “solução” para essa relação problemática: tanto o homem quanto a mulher viajam na expectativa de matar o outro e embolsar o dinheiro do seguro. A partir daí, tudo que poderia dar errado acontece, apostando ainda mais no absurdo e na violência gráfica para tentar construir um humor politicamente incorreto que não se vê mais por aí. O problema é que a direção peca no ritmo do filme, deixando-o inconstante e exagera na violência, gerando momentos que não causam tanta graça, mas sim desconforto.

A graça do roteiro está justamente nessa sequência de quebra de expectativas. De início, o longa é bem cansativo, mostrando a vida dos protagonistas antes da viagem, acompanhando principalmente Lars (Aksel Hennie), o marido, que deixa claro para todos os seus amigos e companheiros de trabalho sobre os planos de viajar com a esposa, Lisa (Noomi Rapace), para a cabana da família, já criando uma justificativa para o planejado não retorno da suposta amada para a rotina. Esse começo se alonga muito e já dá um cansaço. Na verdade, enquanto eles não entram na cabana, o filme é bem enfadonho. Porém, quando eles revelam suas motivações, o diretor faz uso de câmeras típicas de filmes de suspense para criar um clima tenso, que logo é desfeito pelo insucesso dos dois em serem assassinos. Assim, a trama entra em uma espiral típica de Tom & Jerry, mostrando um perseguindo o outro e falhando miseravelmente.

Essa caça de um atrás do outro é bem explorada, sendo usada como muleta para que os personagens lavem a “roupa suja” enquanto tentam se prender ou matar. Então, quando já não tem mais o que trabalhar, o roteiro traz uma trinca de bandidos barra pesada, que cortam essa discussão de casal e abrem portas para a direção usar e abusar da violência explícita, apostando em cenas bem gore.

Com a chegada dos novos personagens, novas situações acontecem, modificando a dinâmica da história para algo que transita entre o Esqueceram de Mim (1990) e A Babá (2017). Sem apelar para o sobrenatural, o filme apresenta praticamente um novo plot twist a cada 15 minutos. No começo é interessante e divertido, mas fica cansativo depois de um tempo. Por fim, a última virada na trama é uma das mais divertidas porque brinca justamente com o meio de Hollywood e seu interesse por histórias bizarras. É uma autoparódia muito bem-vinda, que tira sarro dos principais clichés do meio.

Se o roteiro proporciona essas situações inesperadas e as constantes viradas de trama, a direção não consegue manter o ritmo e nem explorar toda a violência de forma criativa ou engraçada. Quer dizer, há muitos momentos engraçados, mas a maior parte do tempo é só um uso injustificado de mutilações que até chocam em um primeiro momento, só que acabam sendo tão usadas que perdem a graça e a sensação de choque. Wirkola tenta fazer um filme “Eita Atrás de Eita”, sem conseguir trabalhar essa sensação ao longo de toda a história.

Porém, se existe algo irretocável no filme são as atuações dos protagonistas. Noomi Rapace é o nome mais famoso envolvido no projeto, e ela justifica essa presença dando todos os tons que sua personagem pede. Mas quem dá show mesmo é Aksel Hennie. Seu Lars é um completo idiota. Ególatra e atrapalhado, ele faz caras e bocas sem apelar para o caricato, passando bem a sensação de frustração, dor e confusão diante do caótico fim de semana. Eles ainda fazem um trabalho de maquiagem muito bom nele, passando verdade nas lesões. E é justamente na reta final do longa que ele aparece todo desfigurado e consegue fazer uma interação muito inesperada que acaba sendo, de longe, a melhor sequência do filme. O trio de bandidos não é lá essas coisas, mas consegue cumprir bem o papel de caras maus e burros que aparecem para tocar o terror.

Enfim, é um filme que parece se alongar demais, o que acaba causando um desconforto que passa da linha do cômico em certos momentos, mas que também consegue criar algumas situações realmente engraçadas. Definitivamente, não é uma história para quem tem problema com violência e com um banho de sangue. No entanto, se você for fã do tipo de humor dos Irmãos Coen ou até mesmo do Tarantino, provavelmente encontrará alguns momentos que lembrarão esses estilos, mas bem de leve.

The Trip está disponível na Netflix.

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