Entre personalidades diferentes, traços faciais distintos e origens das mais diversas, existe uma coisa inerente à vida humana: o desejo de pertencer. Encontrar o seu lugar e – naturalmente – se encontrar ali, é uma das principais buscas que há. Aparentemente simples, saber que você possui um lar – não físico, não genético, mas sim sócio emocional – é na verdade aquela pergunta de um milhão de dólares, tantas vezes sem resposta. E para não perder o costume, This is Us vai nas profundezas da nossa psique e expõe uma das feridas abertas mais antigas da sociedade, por meio de um dos personagens mais cativantes da TV contemporânea.
‘A Philadelphia Story’ possui vários arcos dramáticos, que passeiam no passado e no presente – como é de se esperar. Os fragmentos apresentados, sejam eles atuais ou hiatos que restam apenas na memória dos nossos protagonistas, parecem alheios, como a série sempre gosta de aparentar. No entanto, suas tênues linhas que conectam a espalhada narrativa contradizem nossa superficial percepção e mostram o âmago do episódio, definido em uma única palavra: pertencimento. Entre o aftermath da morte de Jack e o entusiasmo (quase) incansável de Randall (Sterling K. Brown) – para fazer Deja alguém que encontre o seu lar, o capítulo traz diversas perspectivas que definem o famigerado desejo de pertencer a algum lugar. Ter raízes consolidadas que remetam à uma história e que demonstrem – sem palavras – sua origem, essência e descendência é o aspecto chave que promove uma reflexão profunda na audiência.
Por meio do comportamento dos personagens às circunstâncias e o apego que possuem às suas próprias origens, o terceiro capítulo de This is Us segue com sua progressiva narrativa, retirando novas camadas dos já conhecidos anseios e medos que norteiam a família Pearson. Como símbolos sociais representativos, suas complexidades são retratos fiéis do pavor a alguns dos sentimentos mais dolorosos, como a solidão, a sensação de jamais ser o bastante e a insatisfação plena consigo mesmo. Buscando tentar encontrar o equilíbrio ideal que garanta mentes mais sãs, eles tantas vezes fracassam em meio à palavras dolorosas que ferem e atitudes alheias. A Philadelphia Story é justamente essa história sobre a inesgotável busca por si mesmo. Tanto em si, como nos outros.
Pausando o fast-forward, como quem o resguarda para um futuro capítulo, Thi is Us segue sua jornada emocional pelos complexos dos personagens, retomando os traumas pessoais apresentados no passado em uma nova escala. E embora às vezes pareça que estamos diante das mesmas inconstâncias traumáticas, uma reflexão é essencial: não estamos todos enfrentando os mesmos conflitos de outrora? Talvez seja essa resposta aquela que, à medida que fundamenta a construção dos protagonistas, pode também nos ajudar a vencer alguns limbos que nos impedem de observar o mundo ao nosso redor com menos temor e mais fervor.