quinta-feira, abril 25, 2024

Crítica | Todas as Mulheres do Mundo – Série da Globoplay respira a poesia e entrega arte

Paulo (Emílio Dantas) é um rapaz que é apaixonado pelo amor e viciado em se apaixonar. Ele se apaixona todas as semanas por uma mulher diferente, e a todas ele ama profundamente. Um dia, numa festa de Natal, conhece a enigmática Maria Alice (Sophie Charlotte), e Paulo tem certeza de que encontrou a mulher da sua vida. Só que por isso Paulo tem que lidar com um enorme dilema: ao mesmo tempo que ama profunda e intensamente Maria Alice, ele deve abrir mão de se apaixonar por outras mulheres. Será que está pronto para isso?

Baseado no filme homônimo de Domingos Oliveira, de 1966, que tinha Paulo José e Leila Diniz como protagonistas, a série exclusiva da Globoplay traz essencialmente a mesma história, porém dividida em doze episódios de cerca de trinta minutos cada. O formato serial é um dos bons acertos dessa bela produção, pois dá mais dinamismo à trama e instiga o espectador a querer conhecer todas as personagens que perpassarão a vida de Paulo.

Escrito por Jorge Furtado e Janaína Fischer – e atualizado pelo próprio Domingos  Oliveira –, o roteiro acerta em jogar luz em uma mulher diferente em cada episódio, e cada uma delas representa uma possibilidade diferente do feminino. No deslumbramento de Paulo, perpassam mulheres mais jovens e mais velhas, mais experientes e menos, e, ainda que em sua busca o roteiro deslize por vezes em alguns estereótipos, todas essas personagens são interessantes, fascinantes cada uma a seu modo, em especial Dionara (Lília Cabral), mãe de Paulo, e Adriana (Samya Pascotto), e seu núcleo familiar. Ao conhecer cada mulher com a mesma intensidade de luz, o espectador se une a Paulo em seu enamoramento, e, portanto, fica-nos difícil conseguir julgá-lo por suas atitudes, posto que sentimos o mesmo.

Vale notar que o coração pulsante de ‘Todas as Mulheres do Mundo’ é a poesia. Isso está presente não só nos diálogos da série, mas em todos os detalhes possíveis: na direção de arte, que recheou os ambientes de livros; na fotografia, com tomadas em close para aumentar a intimidade das declarações e com um filtro de cor mais creme na filmagem, que reforça o ar poético-estético da imagem transmitida pela tv; no figurino, que acompanha os tons, que passeiam a paleta de cor entre cinza e o bege, em tecidos levemente esvoaçantes, que reforçam a ideia de fluidez e inconcretude dos personagens; na trilha sonora, simplesmente sen-sa-ci-o-nal, circulando entre Elza Soares, Rita Lee, Tribalistas e tantos outros, espelhando os sentimentos dos protagonistas. A trilha sonora de ‘Todas as Mulheres do Mundo’ é uma pulsão aparte, e merece ser baixada no Spotify.

Dos doze episódios, destacam-se o segundo, da já mencionada família de Adriana (Samya Pascotto) e de Dionara (Lília Cabral), mostrando como a figura da mãe não é vista como uma mulher por esse protagonista que se recusa a crescer. Também se destaca a fotografia do oitavo episódio e, bom, para os românticos de plantão, sugere-se, até, terminar de ver a série aos dez minutos do penúltimo episódio, pois todo o resto é metalinguagem.

Emílio Dantas está totalmente à vontade como o Paulo, e entrega seu melhor papel até hoje, carregando com bastante firmeza todas as inseguranças desse Peter Pan contemporâneo que tudo quer, mas que teme as certezas. Sophie Charlotte equilibra a doçura da Musa do poeta Paulo com o abismo do medo das amarras e a vontade incontrolável de se lançar na vida. A química e os diálogos dos dois – e, bom, de toda a série – são tão naturais, que passam ao espectador a sensação real de estarem vivendo tudo aquilo. Nesse sentido, ‘Todas as Mulheres do Mundo’ respira a poesia, se apropria dela e entrega um material serial totalmente embebido de inspiração e arte.

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