sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Um Dia Difícil – Remake da Netflix tenta ser como ‘Um Dia de Fúria’, mas Falha

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Viver em sociedade não é nada fácil, pois tudo que envolve outro ser humano envolve também, invariavelmente, uma diferença de opinião, de cultura, de comportamento, etc. Dias bons e ruins acontecem com todos nós, até mesmo com os vilões dessa sociedade – pessoas cujos comportamentos não se adequam ao normalmente aceito pelo conjunto de regras acordado pelo grupo social. É assim que surgem ideias para filmes como ‘Um Dia Difícil’, nova produção francesa que se mantém no Top 10 da Netflix desde sua estreia.



Thomas (Franck Gastambide) é um policial corrupto cheio de segredos a esconder. Na noite em que sua mãe morre, ele pega o carro e tenta ir até o velório dela, longe de seu local de trabalho. Com a cabeça distraída, ele dirige em alta velocidade e cansado, até que, de repente, vê um animal atravessando a pista. Por reflexo, Thomas desvia seu veículo do bicho, mas acaba atropelando um homem, que morre imediatamente. Atrasado para o velório, fugindo de um monte de aborrecimento e sem tempo para raciocinar, Thomas acaba escondendo o cadáver no porta-malas de seu próprio carro. Porém, o que parecia ser uma solução rápida para seu problema imediato acaba se transformando em uma dor de cabeça infinita, pois uma testemunha supostamente vira o que ele fizera e, a partir de então, ele começa a receber ligações anônimas ameaçando-o de trazer a verdade à tona.

Em uma hora e trinta e cinco minutos, a nova versão de ‘Um Dia Difícil’ faz um upgrade estético e financeiro da versão anterior, sul-coreana, de 2014, que só chegou ao Brasil em 2016. Entretanto, enquanto o filme original tinha um compromisso mais profundo com os gêneros do suspense e do policial, refletidos principalmente nas atuações, que levavam a sério os acontecimentos do enredo, a leitura francesa para esta história quis adicionar uma pitada de humor para os gêneros acima mencionados, e o resultado acabou sendo uma produção que se ambienta em um formato, mas insiste com diálogos teoricamente cômicos, mas que não produzem nenhum riso no filme de Régis Blondeau.

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A inadequação da direção de atores ao enredo é apenas um dos problemas do roteiro de Julien Colombani e Régis Blondeau, mas não é o único. Dentro desse contexto, as sequências de ação não empolgam, entregando apenas mais do mesmo àqueles já acostumados com filmes de ação policial. Por fim, é claro que ao trazer um protagonista-vilão (afinal, trata-se de um policial corrupto), o espectador automaticamente cria uma barreira de antipatia por Thomas, o que também dificulta para que sintamos empatia pelos percalços que ele enfrenta em sua jornada.

Um Dia Difícil’ é um filme mais do mesmo. Não oferece nada de extraordinário em sua nova versão (a bem da verdade, fica aquém do seu original), mas funciona como um passatempo para quem apenas quer se entreter com um filme de história ágil. Bebe em fontes como o clássico ‘Um Dia de Fúria, mas, ao contrário de Michael Douglas, o protagonista em ‘Um Dia Difícil’ não tem motivação, só impaciência no coração mesmo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Thomas (Franck Gastambide) é um policial corrupto cheio de segredos a esconder. Na noite em que sua mãe morre, ele pega o carro e tenta ir até o velório dela, longe de seu local de trabalho. Com a cabeça distraída, ele dirige em alta velocidade e cansado, até que, de repente, vê um animal atravessando a pista. Por reflexo, Thomas desvia seu veículo do bicho, mas acaba atropelando um homem, que morre imediatamente. Atrasado para o velório, fugindo de um monte de aborrecimento e sem tempo para raciocinar, Thomas acaba escondendo o cadáver no porta-malas de seu próprio carro. Porém, o que parecia ser uma solução rápida para seu problema imediato acaba se transformando em uma dor de cabeça infinita, pois uma testemunha supostamente vira o que ele fizera e, a partir de então, ele começa a receber ligações anônimas ameaçando-o de trazer a verdade à tona.

Em uma hora e trinta e cinco minutos, a nova versão de ‘Um Dia Difícil’ faz um upgrade estético e financeiro da versão anterior, sul-coreana, de 2014, que só chegou ao Brasil em 2016. Entretanto, enquanto o filme original tinha um compromisso mais profundo com os gêneros do suspense e do policial, refletidos principalmente nas atuações, que levavam a sério os acontecimentos do enredo, a leitura francesa para esta história quis adicionar uma pitada de humor para os gêneros acima mencionados, e o resultado acabou sendo uma produção que se ambienta em um formato, mas insiste com diálogos teoricamente cômicos, mas que não produzem nenhum riso no filme de Régis Blondeau.

A inadequação da direção de atores ao enredo é apenas um dos problemas do roteiro de Julien Colombani e Régis Blondeau, mas não é o único. Dentro desse contexto, as sequências de ação não empolgam, entregando apenas mais do mesmo àqueles já acostumados com filmes de ação policial. Por fim, é claro que ao trazer um protagonista-vilão (afinal, trata-se de um policial corrupto), o espectador automaticamente cria uma barreira de antipatia por Thomas, o que também dificulta para que sintamos empatia pelos percalços que ele enfrenta em sua jornada.

Um Dia Difícil’ é um filme mais do mesmo. Não oferece nada de extraordinário em sua nova versão (a bem da verdade, fica aquém do seu original), mas funciona como um passatempo para quem apenas quer se entreter com um filme de história ágil. Bebe em fontes como o clássico ‘Um Dia de Fúria, mas, ao contrário de Michael Douglas, o protagonista em ‘Um Dia Difícil’ não tem motivação, só impaciência no coração mesmo.

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