segunda-feira , 2 dezembro , 2024

Crítica | Uma Loucura de Mulher

Bela, Recatada e do Lar

Cada país do mundo elege seus astros e estrelas da TV e cinema. E aqui no Brasil, Mariana Ximenes, jovem atriz de 35 anos, é uma das maiores da atualidade, conseguindo transitar facilmente entre gêneros, como a comédia (na qual possui grande timing) e dramas mais intensos. Protagonizando seu vigésimo longa-metragem, Ximenes estreia nesta quinta-feira nas salas de exibição do país com a comédia Uma Loucura de Mulher.

Na trama, Ximenes interpreta Lúcia, espécie de “esposa-troféu” de um político. Mas não pense você que a moça é uma dondoca fútil e sem personalidade. Muito pelo contrário, logo na primeira cena a personagem mostra a que veio, enchendo de orgulho as feministas do país. Acontece que seu marido, o almofadinha ambicioso Gero (papel de Bruno Garcia), fará de tudo para que sua candidatura a um cargo receba sinal verde do poderoso senador de seu partido (papel do saudoso Luis Carlos Miéle) durante uma festa, inclusive jogar sua mulher aos leões.



Uma Loucura de Mulher - CinePOP 1

O sujeito canalha literalmente fica contra a esposa, quando esta esbofeteia seu chefe (o tal senador), por ter lhe faltado com decoro. Depois do escândalo, o marido confecciona uma história de loucura e insanidade momentânea da mulher, a fim de abafar o caso na mídia. E daí vem o trocadilho não muito espertinho do título, quando Lúcia, como último recurso para não ser internada em um hospício, foge de Brasília para o Rio de Janeiro (local que sempre abriga fugitivos em filmes internacionais, desta vez se torna o destino de uma fugitiva em uma produção nacional).

É justamente no Rio de Janeiro que se desenrola a maior parte da trama de Uma Loucura de Mulher, e onde o filme perde de vez sua relevância, que o posicionava neste momento tão fervoroso do nosso país. A urgência do discurso inicial da obra do diretor estreante Marcus Ligocki Júnior, que pega de surpresa ao abordar não um, mas dois tópicos controversos (políticos sem escrúpulos e machismo x feminismo), se dilui consideravelmente, transformando o filme em mais uma comédia romântica rotineira.

Uma Loucura de Mulher - CinePOP 3

Em sua maior parte, Uma Loucura de Mulher trata do recomeço da vida da protagonista, recém separada do marido, e da dor que a traição do cônjuge a traz. Este poderia ser um drama, daqueles típicos de Pedro Almodóvar, recheado de figuras exóticas, como citou um amigo.  No entanto, o roteiro camba para algo mais próximo aos brasileiros, a chanchada e o pastelão. Lúcia se reencontra com um ex-namorado de infância, agora cirurgião plástico, se envolve com um garoto de programa e precisa lidar com uma vizinha fofoqueira (ex-amante de seu pai) e um porteiro.

Uma Loucura de Mulher - CinePOP 2

De fato, Uma Loucura de Mulher se mantém apenas pelo carisma e talento de Mariana Ximenes. Ela é a alma do filme e o vende com a presença de um furacão. Dentro de uma brincadeira como esta, que não pode ser levada a sério, a jovem atriz consegue fincar tudo no mundo real, se tornando a bússola de para onde iremos. Nos envolvemos com sua personagem e nos identificamos, já todo o resto não ajuda muito. A trilha sonora exagerada – como na cena em que o ex-marido e o pretendente estão no apartamento juntos sem saber – faz o escracho estar sempre presente, mesmo que tudo funcionasse bem melhor de outra forma.

Uma Loucura de Mulher não é um filme que fará correr para os cinemas. Ao mesmo tempo consegue se manter acima do que é feito no gênero em nosso país. A razão? Em duas palavras: Mariana Ximenes.

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Na trama, Ximenes interpreta Lúcia, espécie de “esposa-troféu” de um político. Mas não pense você que a moça é uma dondoca fútil e sem personalidade. Muito pelo contrário, logo na primeira cena a personagem mostra a que veio, enchendo de orgulho as feministas do país. Acontece que seu marido, o almofadinha ambicioso Gero (papel de Bruno Garcia), fará de tudo para que sua candidatura a um cargo receba sinal verde do poderoso senador de seu partido (papel do saudoso Luis Carlos Miéle) durante uma festa, inclusive jogar sua mulher aos leões.

Uma Loucura de Mulher - CinePOP 1

O sujeito canalha literalmente fica contra a esposa, quando esta esbofeteia seu chefe (o tal senador), por ter lhe faltado com decoro. Depois do escândalo, o marido confecciona uma história de loucura e insanidade momentânea da mulher, a fim de abafar o caso na mídia. E daí vem o trocadilho não muito espertinho do título, quando Lúcia, como último recurso para não ser internada em um hospício, foge de Brasília para o Rio de Janeiro (local que sempre abriga fugitivos em filmes internacionais, desta vez se torna o destino de uma fugitiva em uma produção nacional).

É justamente no Rio de Janeiro que se desenrola a maior parte da trama de Uma Loucura de Mulher, e onde o filme perde de vez sua relevância, que o posicionava neste momento tão fervoroso do nosso país. A urgência do discurso inicial da obra do diretor estreante Marcus Ligocki Júnior, que pega de surpresa ao abordar não um, mas dois tópicos controversos (políticos sem escrúpulos e machismo x feminismo), se dilui consideravelmente, transformando o filme em mais uma comédia romântica rotineira.

Uma Loucura de Mulher - CinePOP 3

Em sua maior parte, Uma Loucura de Mulher trata do recomeço da vida da protagonista, recém separada do marido, e da dor que a traição do cônjuge a traz. Este poderia ser um drama, daqueles típicos de Pedro Almodóvar, recheado de figuras exóticas, como citou um amigo.  No entanto, o roteiro camba para algo mais próximo aos brasileiros, a chanchada e o pastelão. Lúcia se reencontra com um ex-namorado de infância, agora cirurgião plástico, se envolve com um garoto de programa e precisa lidar com uma vizinha fofoqueira (ex-amante de seu pai) e um porteiro.

Uma Loucura de Mulher - CinePOP 2

De fato, Uma Loucura de Mulher se mantém apenas pelo carisma e talento de Mariana Ximenes. Ela é a alma do filme e o vende com a presença de um furacão. Dentro de uma brincadeira como esta, que não pode ser levada a sério, a jovem atriz consegue fincar tudo no mundo real, se tornando a bússola de para onde iremos. Nos envolvemos com sua personagem e nos identificamos, já todo o resto não ajuda muito. A trilha sonora exagerada – como na cena em que o ex-marido e o pretendente estão no apartamento juntos sem saber – faz o escracho estar sempre presente, mesmo que tudo funcionasse bem melhor de outra forma.

Uma Loucura de Mulher não é um filme que fará correr para os cinemas. Ao mesmo tempo consegue se manter acima do que é feito no gênero em nosso país. A razão? Em duas palavras: Mariana Ximenes.

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