quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ é MELHOR que o filme anterior – mas isso não quer dizer muita coisa

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Em 2023, o mundo era “presenteado” com uma distorcida narrativa envolvendo os clássicos personagens do universo do Ursinho Pooh com o terror slasher ‘Sangue e Mel’ – um longa-metragem de baixo orçamento que é simplesmente inexplicável. Como era de se esperar, o projeto tornou-se um fracasso retumbante de crítica (e não era por menos, considerando todos os cansativos convencionalismos dos quais se valeu e de incursões criativas duvidosas e de puro mal gosto). Por incrível que pareça, a obra ganhou uma continuação, que chega aos cinemas amanhã, 25 de abril, e que, seguindo os passos de anterior com exceção de pontuais melhorias, é, grosso modo, esquecível e risível do começo ao fim.

Tudo bem, se quisermos dar quaisquer méritos ao título, devemos não levar nada do que nos é apresentado a sério. O problema é quando essa completa falta de ambição e de comprometimento criativo se estende para aspectos que poderiam ser polidos e mais bem construídos para o divertimento do público, como as atuações. A encargo de comparação, tivemos o divertido ‘O Malvado: Horror no Natal’ chegando às telonas no ano passado, que abandonou um especulativo pedantismo em prol de um selvagem aventura recheada de referências hilárias e quebras de expectativa propositais. Aqui, nada parece funcionar como deveria e parece ter saído do forno antes do ponto certo; é claro, é notável como escolhas artísticas fogem das obviedades exauríveis e trazem um pouco de brilho, mas nada que ofusque a mesmerizada patifaria que se estende por pouco mais de uma hora e meia.



Na trama, Christopher Robin (Scott Chambers) lida com os corolários do capítulo anterior e com uma descrença generalizada de sua versão da história sobre o massacre do Bosque dos 100 Acres – que levou os habitantes de Ashdown a acreditarem que ele tinha sido o culpado pelas inúmeras mortes, mesmo sem provas. Após se formar em medicina e começar a trabalhar no hospital local, ele participa de sessões de hipnoterapia que lhe ajudam a lidar com o trauma e que podem auxiliá-lo a descobrir os segredos por trás do desaparecimento do irmão mais novo e livrá-lo do status de pária que carrega contra a própria vontade. Todavia, escondidos nos confins da floresta, Pooh (Ryan Oliva) espera o momento perfeito ao lado dos asseclas para retornar à ativa e instaurar o caos na cidade, até ser aconselhado pelo sábio e perigoso Coruja (Marcus Massey) a invadir Ashdown e garantir que todos conheçam o verdadeiro poder dos monstros que criaram.

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É perceptível a intenção do diretor Rhys Frake-Waterfield em acatar os problemas do capítulo anterior e melhorá-los, contribuindo para a expansão de um universo do terror que contará com outros famosos personagens da cultura pop. Não é por qualquer razão que uma reviravolta começa a engatinhar pelo segundo ato até se concretizar no bloco de encerramento, e não é à toa que o cineasta aposta fortemente em seu apreço pelo expressionismo cinemático para o uso da constante névoa, do jogo de luz e sombras, das silhuetas exageradas e da caracterização dos personagens antagonistas. E, mantendo-se fiel à estética explorada anteriormente, temos os efeitos práticos e uma pesada e convincente maquiagem que rodeia os assassinos.

Frake-Waterfield também soa muito mais feroz e garante que o instinto de vendeta de Pooh e dos outros seja a força-motriz da represália contra Christopher Robin e os outros habitantes de Ashdown. Logo, toda a sanguinolência que nos assombrou no filme anterior recebe níveis assombrosos de gore, tripas e muitas mortes – incluindo um massacre gigantesco que ocorre dentro de uma festa de rave. E, apesar dos atores tentam fazer o máximo para fugir dos fracos diálogos do roteiro de Matt Leslie, nem eles conseguem expressar o que é necessário para fazer os espectadores se interessarem por seus destinos além de que a ruína é certeira e que as mortes são bastante criativas.

Um dos equívocos mais imperdoáveis cometidos pelo longa é sua previsibilidade – e não estou comentando da “temporada de matança” promovida por Pooh e os outros, mas sim por tentar construir um mistério a ser resolvido que é ridiculamente calculável e ajuda a acabar com a magia promovida conforme nos aproximamos da conclusão. E, como se não bastasse, a adição de Tigrão (Lewis Santer), um dos personagens mais famosos do cosmos do Ursinho Pooh, é desperdiçado e tem protagonismo em apenas uma determinada cena que, de fato, não serve para muita coisa além de aumentar as camadas do slasher.

Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ é uma sequência desnecessária e que ninguém pediu e, com exceção das pontuais melhoras e dos fãs hardcore desse universo do terror que vem se construindo desde o ano passado, é difícil que essa mixórdia liquidificada agrade ao público geral e cumpra com o que esperado – por mais que as expectativas já não estivessem tão altas assim.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Tudo bem, se quisermos dar quaisquer méritos ao título, devemos não levar nada do que nos é apresentado a sério. O problema é quando essa completa falta de ambição e de comprometimento criativo se estende para aspectos que poderiam ser polidos e mais bem construídos para o divertimento do público, como as atuações. A encargo de comparação, tivemos o divertido ‘O Malvado: Horror no Natal’ chegando às telonas no ano passado, que abandonou um especulativo pedantismo em prol de um selvagem aventura recheada de referências hilárias e quebras de expectativa propositais. Aqui, nada parece funcionar como deveria e parece ter saído do forno antes do ponto certo; é claro, é notável como escolhas artísticas fogem das obviedades exauríveis e trazem um pouco de brilho, mas nada que ofusque a mesmerizada patifaria que se estende por pouco mais de uma hora e meia.

Na trama, Christopher Robin (Scott Chambers) lida com os corolários do capítulo anterior e com uma descrença generalizada de sua versão da história sobre o massacre do Bosque dos 100 Acres – que levou os habitantes de Ashdown a acreditarem que ele tinha sido o culpado pelas inúmeras mortes, mesmo sem provas. Após se formar em medicina e começar a trabalhar no hospital local, ele participa de sessões de hipnoterapia que lhe ajudam a lidar com o trauma e que podem auxiliá-lo a descobrir os segredos por trás do desaparecimento do irmão mais novo e livrá-lo do status de pária que carrega contra a própria vontade. Todavia, escondidos nos confins da floresta, Pooh (Ryan Oliva) espera o momento perfeito ao lado dos asseclas para retornar à ativa e instaurar o caos na cidade, até ser aconselhado pelo sábio e perigoso Coruja (Marcus Massey) a invadir Ashdown e garantir que todos conheçam o verdadeiro poder dos monstros que criaram.

É perceptível a intenção do diretor Rhys Frake-Waterfield em acatar os problemas do capítulo anterior e melhorá-los, contribuindo para a expansão de um universo do terror que contará com outros famosos personagens da cultura pop. Não é por qualquer razão que uma reviravolta começa a engatinhar pelo segundo ato até se concretizar no bloco de encerramento, e não é à toa que o cineasta aposta fortemente em seu apreço pelo expressionismo cinemático para o uso da constante névoa, do jogo de luz e sombras, das silhuetas exageradas e da caracterização dos personagens antagonistas. E, mantendo-se fiel à estética explorada anteriormente, temos os efeitos práticos e uma pesada e convincente maquiagem que rodeia os assassinos.

Frake-Waterfield também soa muito mais feroz e garante que o instinto de vendeta de Pooh e dos outros seja a força-motriz da represália contra Christopher Robin e os outros habitantes de Ashdown. Logo, toda a sanguinolência que nos assombrou no filme anterior recebe níveis assombrosos de gore, tripas e muitas mortes – incluindo um massacre gigantesco que ocorre dentro de uma festa de rave. E, apesar dos atores tentam fazer o máximo para fugir dos fracos diálogos do roteiro de Matt Leslie, nem eles conseguem expressar o que é necessário para fazer os espectadores se interessarem por seus destinos além de que a ruína é certeira e que as mortes são bastante criativas.

Um dos equívocos mais imperdoáveis cometidos pelo longa é sua previsibilidade – e não estou comentando da “temporada de matança” promovida por Pooh e os outros, mas sim por tentar construir um mistério a ser resolvido que é ridiculamente calculável e ajuda a acabar com a magia promovida conforme nos aproximamos da conclusão. E, como se não bastasse, a adição de Tigrão (Lewis Santer), um dos personagens mais famosos do cosmos do Ursinho Pooh, é desperdiçado e tem protagonismo em apenas uma determinada cena que, de fato, não serve para muita coisa além de aumentar as camadas do slasher.

Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ é uma sequência desnecessária e que ninguém pediu e, com exceção das pontuais melhoras e dos fãs hardcore desse universo do terror que vem se construindo desde o ano passado, é difícil que essa mixórdia liquidificada agrade ao público geral e cumpra com o que esperado – por mais que as expectativas já não estivessem tão altas assim.

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