terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Venom – Não é um desastre (mas por pouco)

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Uma história de amor entre um homem e uma… gosma!

Um híbrido entre duas entidades. Não, não estou falando do personagem Venom, uma mistura de homem e parasita alienígena. Mas sim do filme Venom, nascido do universo da Marvel Comics, mas ainda sob os direitos da Sony. O acordo feito com a Disney, detentora de 90% das propriedades da editora de quadrinhos no terreno audiovisual, levou o Homem-Aranha a se aliar com os maiores heróis da casa nas formas de Tom Holland. Uma vontade de todo fã, concretizada rapidamente através das mídias sociais.

Assim, devido a uma simbiose entre Sony, Marvel e Disney, Holland estrelou três filmes no papel do maior herói da editora: Capitão América: Guerra Civil (2016), Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017) e Vingadores: Guerra Infinita (2018). Ah sim, a continuação Homem-Aranha: Longe de Casa (2019) já está programada para o ano que vem. A Sony, por outro lado, cheia de planos para os personagens do cânone do herói – derivados é que não iam faltar -, brecou um pouco os projetos e afunilou seus lançamentos. Uma coisa que não mudou, no entanto, foi o filme solo do vilão Venom, que acaba de ganhar as telonas, com estreia nesta quinta-feira.

Nascido como antagonista supremo do Homem-Aranha nos quadrinhos, o inimigo já havia dado as caras no cinema numa quase participação especial no terceiro filme do super-herói em 2007, dirigido por Sam Raimi. Agora, a Sony aposta num filme protagonizado por ele, transformando-o em anti-herói – persona que já assumiu igualmente em sua contraparte de papel.

Com modificações acertadas para se adequar às limitações de roteiro – ao não se poder usar todos os elementos necessários para um filme de origem próprio ao personagem – a trama narra as desventuras do jornalista investigativo Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy. O ator além de estrelar, produz o longa, e transforma Brock num repórter celebridade, famoso por seu programa que derruba poderosos e não tem papas na língua. Sua maior característica também pode ser traduzida em sua maldição. O início do filme possui um clima soturno, sério e dramático, bem próximo ao tipo de entretenimento adulto – inclusive nos deixando com a impressão de estar assistindo a um suspense.

A primeira cena que abre o longa e se desenrola antes dos créditos é digna de uma produção de terror, por exemplo. Aliás, não sentimos muito a falta de uma censura mais alta, já que o protagonista não desvia de suas marcas mais notórias: sair arrancando cabeças à base de mordidas. Tudo bem que não vemos exatamente os dentes cravando na carne, sangue ou qualquer detalhe dessa visceral decapitação. Mas entendemos o gesto. Ainda assim, são algumas perfurações torácicas, possessões e cenas tensas envolvendo os experimentos da maligna corporação Vida com as criaturas interplanetárias.

Uma vez assumindo a forma do anti-herói, o filme se transforma e abraça certo teor insano, de nonsense e humor. Não poderia ser diferente ao lidarmos com tais elementos de fantasia tão exagerados que levá-los a sério seria o desafio maior. A ideia é brincar com os conceitos de “O Médico e o Monstro”, onde a esquizofrenia do personagem principal se torna uma de suas qualidades mais apreciáveis no roteiro, dando muito pano para manga para debates e conflitos internos – entre Brock e a criatura.

É justamente nas entrelinhas que Venom ganha força. Na relação quase amorosa entre o errático protagonista e seu parasita. Por falar no simbionte, a tal gosma preta e suas ideias ganham um aprofundamento não imaginado. Um desenvolvimento inesperado, que serve para humanizar este ser e mostrar um lado dele que jamais imaginaríamos. Algo muito ausente no cinema de monstro, nos quais as criaturas são basicamente máquinas de matar. Aqui não, Venom tem consciência, mesmo que em grande parte do tempo deseje apenas “almoçar” humanos. A entidade dá até mesmo dicas de romance para Brock, acredite!

Hardy está empenhado e transita bem entre uma carga dramática mais temperada, bom timing cômico e desempenha até mesmo trechos pra lá de amalucados – nos quais ficamos desejando que o filme tivesse investido mais. Afinal, o maior pecado de Venom é não abraçar de vez a loucura a que a ideia se propõe.

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Assim, devido a uma simbiose entre Sony, Marvel e Disney, Holland estrelou três filmes no papel do maior herói da editora: Capitão América: Guerra Civil (2016), Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017) e Vingadores: Guerra Infinita (2018). Ah sim, a continuação Homem-Aranha: Longe de Casa (2019) já está programada para o ano que vem. A Sony, por outro lado, cheia de planos para os personagens do cânone do herói – derivados é que não iam faltar -, brecou um pouco os projetos e afunilou seus lançamentos. Uma coisa que não mudou, no entanto, foi o filme solo do vilão Venom, que acaba de ganhar as telonas, com estreia nesta quinta-feira.

Nascido como antagonista supremo do Homem-Aranha nos quadrinhos, o inimigo já havia dado as caras no cinema numa quase participação especial no terceiro filme do super-herói em 2007, dirigido por Sam Raimi. Agora, a Sony aposta num filme protagonizado por ele, transformando-o em anti-herói – persona que já assumiu igualmente em sua contraparte de papel.

Com modificações acertadas para se adequar às limitações de roteiro – ao não se poder usar todos os elementos necessários para um filme de origem próprio ao personagem – a trama narra as desventuras do jornalista investigativo Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy. O ator além de estrelar, produz o longa, e transforma Brock num repórter celebridade, famoso por seu programa que derruba poderosos e não tem papas na língua. Sua maior característica também pode ser traduzida em sua maldição. O início do filme possui um clima soturno, sério e dramático, bem próximo ao tipo de entretenimento adulto – inclusive nos deixando com a impressão de estar assistindo a um suspense.

A primeira cena que abre o longa e se desenrola antes dos créditos é digna de uma produção de terror, por exemplo. Aliás, não sentimos muito a falta de uma censura mais alta, já que o protagonista não desvia de suas marcas mais notórias: sair arrancando cabeças à base de mordidas. Tudo bem que não vemos exatamente os dentes cravando na carne, sangue ou qualquer detalhe dessa visceral decapitação. Mas entendemos o gesto. Ainda assim, são algumas perfurações torácicas, possessões e cenas tensas envolvendo os experimentos da maligna corporação Vida com as criaturas interplanetárias.

Uma vez assumindo a forma do anti-herói, o filme se transforma e abraça certo teor insano, de nonsense e humor. Não poderia ser diferente ao lidarmos com tais elementos de fantasia tão exagerados que levá-los a sério seria o desafio maior. A ideia é brincar com os conceitos de “O Médico e o Monstro”, onde a esquizofrenia do personagem principal se torna uma de suas qualidades mais apreciáveis no roteiro, dando muito pano para manga para debates e conflitos internos – entre Brock e a criatura.

É justamente nas entrelinhas que Venom ganha força. Na relação quase amorosa entre o errático protagonista e seu parasita. Por falar no simbionte, a tal gosma preta e suas ideias ganham um aprofundamento não imaginado. Um desenvolvimento inesperado, que serve para humanizar este ser e mostrar um lado dele que jamais imaginaríamos. Algo muito ausente no cinema de monstro, nos quais as criaturas são basicamente máquinas de matar. Aqui não, Venom tem consciência, mesmo que em grande parte do tempo deseje apenas “almoçar” humanos. A entidade dá até mesmo dicas de romance para Brock, acredite!

Hardy está empenhado e transita bem entre uma carga dramática mais temperada, bom timing cômico e desempenha até mesmo trechos pra lá de amalucados – nos quais ficamos desejando que o filme tivesse investido mais. Afinal, o maior pecado de Venom é não abraçar de vez a loucura a que a ideia se propõe.

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