De mais um menos um ano para cá, a líder mundial de streaming Netflix vem abrindo seu leque de produções, indo muito além dos filmes e séries de ficção. É como se ela estivesse de olho no que há de melhor dos canais da tv paga e buscasse fazer semelhante. Talvez por isso nos últimos meses os assinantes estão se deparando com a estreia de programas com uma pegada mais investigativa, reality shows gravados, séries de viagens pelo mundo e até mesmo guias organizacionais. Nessa nova levada, chega agora a série ‘A Vida Após a Morte’.
Dividido em seis episódios com quase uma hora de duração cada, o enredo de ‘A Vida Após a Morte’ se propõe a investigar todos os elementos que envolvem este que é um dos maiores mistérios da humanidade e que tantas pessoas buscam tão avidamente tentar definir. Para tal, os seis episódios se dividem mais ou menos em pequenos núcleos temáticos: o primeiro apresenta as experiências de pessoas que foram tecnicamente dadas como mortas por alguns momentos e voltaram à vida – e estão bem; os dois episódios seguintes joga luz sobre o trabalho daqueles que funcionam como intermediador de mensagens entre os que já foram e os vivos – os médiuns; nos dois capítulos seguintes vemos mais sinais e recados daqueles que já faleceram e a evidência dos estudos científicos de pesquisadores que tentam desvendar se há algum tipo de consciência após a morte e como seria possível registrá-la; por fim, a série se fecha trazendo relatos de indivíduos que alegam se lembrar de suas vidas passadas e de outros estudiosos que buscam entender esse fenômeno.
Considerando que o público-alvo dessa produção deve ser composta por curiosos, interessados no tema e pessoas que seguem a religião espírita, ‘Vida Após a Morte’ não entrega o que promete e, a bem da verdade, não só não esclarece a questão como parece até mesmo ter pouca base para construir seu argumento. O roteiro de Leslie Kean facilmente poderia condensar as seis horas da série em um único documentário investigativo de uma hora e meia de duração. Do jeito que está é um apinhado de depoimentos de pessoas aleatórias – desde cidadãos comuns a especialistas no assunto (e como tem!) – pontuando suas dúvidas sobre a existência de uma continuação da vida depois da morte, interligados por uma tênue linha de raciocínio que busca conectar os elementos, mas o faz de maneira canhestra, quase invalidando a própria produção.
Dirigido por Ricki Stern e Jesse Sweet, ‘A Vida Após a Morte’ parece querer mandar o recado para quem já teve experiências paranormais de que a pessoa não está sozinha, mas é só isso mesmo. Com uma narrativa extremamente chata, dificilmente o espectador assiste mais de um episódio. Se for escolher, assista ao segundo, em que além dos depoimentos obsessivos de pessoas querendo contatar familiares, há ainda um retiro mediúnico para pessoas que queiram desenvolver suas habilidades canalizadoras – e entendemos como tudo é uma indústria lucrativa nesse mundo. Incrível.