domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | War Machine – sátira militar da Netflix sem fôlego

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Nenhum Rei

É impossível assistir a War Machine, nova produção original da Netflix, e não ser remetido imediatamente a Três Reis (1999), de David O. Russell. Os dois filmes fazem parte de um subgênero que pode ser definido como sátiras de guerra, o qual se voltarmos bastante no tempo, encontraremos M.A.S.H. (1970), de Robert Altman, como um de seus pilares.

O subgênero não é novidade, porém, está sempre se reestruturando de acordo com as mudanças do mundo – pronto a extrair novos comentários jocosos sobre esta dura realidade. Apesar de depender bastante do humor, tais filmes apenas utilizam o artifício para atacar temas bem sérios, transitando especificamente entre alguns dos piores conflitos que a humanidade já viu, seja a Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã, e agora a Guerra no Oriente Médio e suas ramificações.



Quando cito Três Reis, também devo adereçar a caracterização de Brad Pitt, protagonista e produtor de War Machine, encarnando o amigo George Clooney no filme citado, ou até mesmo nas colaborações com os irmãos Coen. Pitt está grisalho, empostando a voz e descobrindo novas expressões no rosto, as quais testa com afinco em seu personagem, em partes, caricato. Existem algumas semelhanças, porém, muitas diferenças, inclusive com o Tenente Aldo Rayne, infame protagonista de Bastardos Inglórios (2009).

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Apesar de certa mudança de tom com o restante do filme, Pitt é o grande destaque de War Machine, demostrando o forte interesse do ator em se desassociar por completo da imagem de galã (de outrora ou atual, dependendo do seu ponto de vista) que permeou sua carreira. Algo semelhante ao almejado por Johnny Depp, que igualmente costuma se esconder sob a maquiagem dos personagens.

Baseado no livro de Michael Hastings, War Machine tem direção do celebrado australiano David Michôd, do essencial Reino Animal (2010) e do acima da média The Rover – A Caçada (2014). War Machine, no entanto, surge se tornando seu filme mais irregular, nos fazendo compreender o motivo pelo qual o colosso Netflix o preteriu para a viagem a Cannes (a empresa optou por levar Okja e The Meyerowitz Stories).

Na trama, o General Glen McMahon (Pitt), herói condecorado com quatro estrelas, tem o total respeito e admiração de seus subordinados, no comando de tropas americanas no Afeganistão. Uma vez no topo do mundo, o único caminho a seguir é para baixo, quando sua imagem é denegrida por uma história jornalística. Em partes baseado em fatos, o que inclui o personagem de Pitt, War Machine se mostra deficiente nos dois âmbitos que deseja retratar.

O roteiro adaptado pelo próprio Michôd pega leve na sátira, não funcionando muito bem em seus momentos cômicos. O resultado soa mais como Os Homens que Encaravam Cabras (2009), com o próprio Clooney, do que o citado Três Reis, por exemplo. O que serve para apontar certa carência do cineasta australiano no quesito veia humorística, visto que seus trabalhos anteriores eram fortificados pelo teor dramático. Ao mesmo tempo, a sucessão de eventos pelos quais personagens transitam e são apresentados soa como episódica, sem que qualquer uma seja marcante através diálogos, narrativa ou outro elemento que a faça transcender.

O elenco de nomes conhecidos, vide Topher Grace, Anthony Michael Hall, Ben Kingsley, Will Poulter e Meg Tilly não possui espaço suficiente para causar empatia com o público e muitos deles apenas entram e saem do filme sem nada acrescentarem. O texto é básico e passa longe de qualquer relevância atual ao tema, se tornando apenas repetição de abordagens melhores ao tópico, que ganhamos ao longo da última década.

War Machine é um exercício de atuação para Pitt e no quesito, principalmente para os fãs do ator, se sobressai. É muito curioso assistir ao ator se portando nas telas como nunca anteriormente, seja através de trejeitos, postura, movimentação corpórea ou até mesmo na peculiar forma com que corre – reproduzindo o exercício quase de forma neandertal. De resto, esta máquina de guerra, assim como o recente The Discovery (com Robert Redford e Rooney Mara), soa enguiçada e demonstra que o toque de midas Netflix também oscila.

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É impossível assistir a War Machine, nova produção original da Netflix, e não ser remetido imediatamente a Três Reis (1999), de David O. Russell. Os dois filmes fazem parte de um subgênero que pode ser definido como sátiras de guerra, o qual se voltarmos bastante no tempo, encontraremos M.A.S.H. (1970), de Robert Altman, como um de seus pilares.

O subgênero não é novidade, porém, está sempre se reestruturando de acordo com as mudanças do mundo – pronto a extrair novos comentários jocosos sobre esta dura realidade. Apesar de depender bastante do humor, tais filmes apenas utilizam o artifício para atacar temas bem sérios, transitando especificamente entre alguns dos piores conflitos que a humanidade já viu, seja a Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã, e agora a Guerra no Oriente Médio e suas ramificações.

Quando cito Três Reis, também devo adereçar a caracterização de Brad Pitt, protagonista e produtor de War Machine, encarnando o amigo George Clooney no filme citado, ou até mesmo nas colaborações com os irmãos Coen. Pitt está grisalho, empostando a voz e descobrindo novas expressões no rosto, as quais testa com afinco em seu personagem, em partes, caricato. Existem algumas semelhanças, porém, muitas diferenças, inclusive com o Tenente Aldo Rayne, infame protagonista de Bastardos Inglórios (2009).

Apesar de certa mudança de tom com o restante do filme, Pitt é o grande destaque de War Machine, demostrando o forte interesse do ator em se desassociar por completo da imagem de galã (de outrora ou atual, dependendo do seu ponto de vista) que permeou sua carreira. Algo semelhante ao almejado por Johnny Depp, que igualmente costuma se esconder sob a maquiagem dos personagens.

Baseado no livro de Michael Hastings, War Machine tem direção do celebrado australiano David Michôd, do essencial Reino Animal (2010) e do acima da média The Rover – A Caçada (2014). War Machine, no entanto, surge se tornando seu filme mais irregular, nos fazendo compreender o motivo pelo qual o colosso Netflix o preteriu para a viagem a Cannes (a empresa optou por levar Okja e The Meyerowitz Stories).

Na trama, o General Glen McMahon (Pitt), herói condecorado com quatro estrelas, tem o total respeito e admiração de seus subordinados, no comando de tropas americanas no Afeganistão. Uma vez no topo do mundo, o único caminho a seguir é para baixo, quando sua imagem é denegrida por uma história jornalística. Em partes baseado em fatos, o que inclui o personagem de Pitt, War Machine se mostra deficiente nos dois âmbitos que deseja retratar.

O roteiro adaptado pelo próprio Michôd pega leve na sátira, não funcionando muito bem em seus momentos cômicos. O resultado soa mais como Os Homens que Encaravam Cabras (2009), com o próprio Clooney, do que o citado Três Reis, por exemplo. O que serve para apontar certa carência do cineasta australiano no quesito veia humorística, visto que seus trabalhos anteriores eram fortificados pelo teor dramático. Ao mesmo tempo, a sucessão de eventos pelos quais personagens transitam e são apresentados soa como episódica, sem que qualquer uma seja marcante através diálogos, narrativa ou outro elemento que a faça transcender.

O elenco de nomes conhecidos, vide Topher Grace, Anthony Michael Hall, Ben Kingsley, Will Poulter e Meg Tilly não possui espaço suficiente para causar empatia com o público e muitos deles apenas entram e saem do filme sem nada acrescentarem. O texto é básico e passa longe de qualquer relevância atual ao tema, se tornando apenas repetição de abordagens melhores ao tópico, que ganhamos ao longo da última década.

War Machine é um exercício de atuação para Pitt e no quesito, principalmente para os fãs do ator, se sobressai. É muito curioso assistir ao ator se portando nas telas como nunca anteriormente, seja através de trejeitos, postura, movimentação corpórea ou até mesmo na peculiar forma com que corre – reproduzindo o exercício quase de forma neandertal. De resto, esta máquina de guerra, assim como o recente The Discovery (com Robert Redford e Rooney Mara), soa enguiçada e demonstra que o toque de midas Netflix também oscila.

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