quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Westworld 3×02 – ‘The Winter Line’

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Atenção! Contém spoilers!

Aquele com o dragão de Game of Thrones.



O segundo episódio da terceira temporada de Westworld dá um passo atrás. Quase não há vislumbre do mundo real. Não há Dolores (Evan Rachel Wood), não há Charlotte (Tessa Thompson), e ao invés disso estamos de volta aos parques da Delos, às narrativas propositalmente repetitivas e aos muitos plot twists de “uma realidade dentro da outra, dentro de um simulacro” e semelhantes. Sentiu falta?

Este retorno, quase uma espécie de retrocesso, não é o suficiente para desfazer aquilo que o episódio 1, ‘Parce Domine’, construiu, mas a princípio é pouco mais do que um espaço para referências e easter eggs durate boa parte. Ainda que Maeve (Thandie Newton) estivesse dentro de uma realidade virtual, a mesma é baseada no que existe de verdade nos parques da Delos. Portanto, o parque número 3 é, sim, ‘War World’, baseado em um território ocupado pela Alemanha nazista durante a 2ª Guerra Mundial. Porque, aparentemente, ir a um lugar desses pode ser o ideal de diversão de alguém…? Enfim…

A tentativa de criar uma grande reviravolta no episódio se dá através da junção de dois arcos. O primeiro é o de Maeve tentando sair de War World, o que acontece primeiro com Hector (Rodrigo Santoro, de volta a princípio apenas como uma participação especial), depois com Lee Sizemore (Simon Quarterman), ou uma versão dele.

O segundo arco é o de Bernard (Jeffrey Wright), de volta ao parque para resgatar Maeve e levá-la para fora, a fim de que ela o ajude na missão de impedir que Dolores cometa um massacre com os humanos. Rapidamente, ele encontra Stubbs (Luke Hemsworth) em um depósito. Lembra que descobrimos no final da 2ª temporada que Stubbs era um anfitrião? Agora, aprendemos que Ford o havia programado para proteger Bernard a qualquer custo. Por isso, os dois partem juntos na missão.

Existe aí, portanto, supostamente nenhum conflito: Bernard vai buscar Maeve, e Maeve quer sair do parque. Teoricamente, uma missão não muito difícil. Seria típico das duas temporadas anteriores construir uma mega narrativa elaborada para que, apenas no final, entendêssemos que Maeve não está no parque de verdade. Mas as peças para montar este quebra-cabeça são escancaradas para o espectador à primeira vista, desde quando Felix e Sylvester não a reconhecem quando ela volta para o conserto. Mais um indício de que as coisas não devem ser tão complicadas nesta temporada quanto já foram no passado. 

Desta forma, a ligação entre os dois arcos se fragiliza. Eles correm quase em total paralelo. Tratam-se de duas fugas, mas os obstáculos e as questões no caminho raramente se cruzam, simbolicamente falando. Isso não é necessariamente um problema, mas acaba empobrecendo o produto final e deixando o espectador no vazio a respeito do elo emocional entre as duas partes da trama.

No fim das contas, Bernard à parte, este é o episódio de Maeve. Ele é desenvolvido quase todo como um jogo de video game com e suas missões, que ela precisa vencer contando com a ajuda dos personagens secundários que servem basicamente para exposição de roteiro e para que ela não fale sozinha (ou seja, Lee). Logo que Maeve descobre estar dentro de uma simulação, passa a usar a programação contra ela mesma, de forma a criar um ‘bug’ dentro do sistema. Uma tática não apenas inteligente, mas visualmente enriquecedora para o episódio, entrando na ideia de realidade virtual de uma forma que ‘Westworld’ nunca explorou a fundo.

Quanto a Bernard, suas andanças com Stubbs dão ao público algumas referências (talvez você tenha reparado em David Benioff e D.B. Weiss, os showrunners de ‘Game of Thrones’, do lado de um enorme dragão negro). O momento, aliás, também tem um aceno a ‘O Parque dos Dinossauros’, cujo roteiro é de Michael Crichton — que escreveu e dirigiu o filme ‘Westworld: Onde Ninguém tem Alma’.

Quando Stubbs e Bernard entram em Mesa Hub e vêem alguns técnicos, Bernard questiona e diz que imaginava que o lugar estaria vazio. Stubbs explica que eles estão esperando saber se serão demitidos, e descobrimos que estamos nos bastidores do Parque 4. É então que vemos os showrunners de ‘Game of Thrones’, David e Dan, conversando. Um deles conta que “talvez tenha achado um comprador” para um dos robôs do parque, e diz que o tal comprador está na Costa Rica. É então que o plano se abre e descobrimos que ele está falando de um enorme dragão (bem semelhante ao Drogon de Daenerys). 

westworld - gameofthrones

A brincadeira com a Costa Rica é que é a referência a Jurassic Park, pois é lá que o parque se localiza no filme original. O showrunner Jonathan Nolan contou que sempre teve vontade de fazer esta homenagem a Crichton, mas era impedido por questão de direitos de propriedade intelectual: a história pertence à NBCUniversal, enquanto ‘Westworld’ é da HBO/WarnerMedia. Reunir a referência a ‘Game of Thrones’ a uma sutil menção aos dinossauros foi a solução ideal encontrada pelo time criativo.

Resumo da história: encontramos o grande vilão da temporada, Engerraud Serac (Vincent Cassel), que queria Maeve para acabar com os planos de Dolores. Bernard também tirou Stubbs do parque, e agora temos mais dois anfitriões no mundo real. Quando será que todos vão se encontrar?

Cabe aqui uma observação sobre a percepção de Bernard. Da última vez que ele viu Dolores, ela era de fato bastante sanguinária e cruel, mas ela tende a ser uma personagem com mais compaixão e complexidade nesta temporada. A própria diz, no primeiro episódio, que não quer matar ou fazer alguém sofrer a não ser que seja necessário, e vimos isso na prática. Pelo jeito, não estamos mais com o impiedoso Wyatt, o que é bom para a personagem e para a série. Mas Bernard ainda não tem como saber disso, não é? Portanto, aguardemos. 

Outras reflexões

  • O título do episódio, ‘The Winter Line’, é uma menção a várias frentes de batalha italianas durante a 2ª Guerra Mundial. 
  • Ok, o parque sofreu muitas baixas com o massacre da segunda temporada… mas realmente seria tão fácil assim para Bernard simplesmente atracar um barco e entrar no parque sem nenhum impedimento? Uau.
  • Quando Bernard fez a análise em si mesmo, um dos flashbacks mostra que ele se recorda de Dolores lendo os registros de Liam Dempsey, o CEO da Incite que ela estava espionando. Atenção para este detalhe: ele provavelmente será importante.
  • Agora, já conhecemos cinco dos seis parques da Delos Destinations: Westworld, Shogun World, War World, ‘Medieval World’, (?) e The Raj. O único desconhecido é o parque 5.

Veja o teaser do próximo episódio:

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Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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Este retorno, quase uma espécie de retrocesso, não é o suficiente para desfazer aquilo que o episódio 1, ‘Parce Domine’, construiu, mas a princípio é pouco mais do que um espaço para referências e easter eggs durate boa parte. Ainda que Maeve (Thandie Newton) estivesse dentro de uma realidade virtual, a mesma é baseada no que existe de verdade nos parques da Delos. Portanto, o parque número 3 é, sim, ‘War World’, baseado em um território ocupado pela Alemanha nazista durante a 2ª Guerra Mundial. Porque, aparentemente, ir a um lugar desses pode ser o ideal de diversão de alguém…? Enfim…

A tentativa de criar uma grande reviravolta no episódio se dá através da junção de dois arcos. O primeiro é o de Maeve tentando sair de War World, o que acontece primeiro com Hector (Rodrigo Santoro, de volta a princípio apenas como uma participação especial), depois com Lee Sizemore (Simon Quarterman), ou uma versão dele.

O segundo arco é o de Bernard (Jeffrey Wright), de volta ao parque para resgatar Maeve e levá-la para fora, a fim de que ela o ajude na missão de impedir que Dolores cometa um massacre com os humanos. Rapidamente, ele encontra Stubbs (Luke Hemsworth) em um depósito. Lembra que descobrimos no final da 2ª temporada que Stubbs era um anfitrião? Agora, aprendemos que Ford o havia programado para proteger Bernard a qualquer custo. Por isso, os dois partem juntos na missão.

Existe aí, portanto, supostamente nenhum conflito: Bernard vai buscar Maeve, e Maeve quer sair do parque. Teoricamente, uma missão não muito difícil. Seria típico das duas temporadas anteriores construir uma mega narrativa elaborada para que, apenas no final, entendêssemos que Maeve não está no parque de verdade. Mas as peças para montar este quebra-cabeça são escancaradas para o espectador à primeira vista, desde quando Felix e Sylvester não a reconhecem quando ela volta para o conserto. Mais um indício de que as coisas não devem ser tão complicadas nesta temporada quanto já foram no passado. 

Desta forma, a ligação entre os dois arcos se fragiliza. Eles correm quase em total paralelo. Tratam-se de duas fugas, mas os obstáculos e as questões no caminho raramente se cruzam, simbolicamente falando. Isso não é necessariamente um problema, mas acaba empobrecendo o produto final e deixando o espectador no vazio a respeito do elo emocional entre as duas partes da trama.

No fim das contas, Bernard à parte, este é o episódio de Maeve. Ele é desenvolvido quase todo como um jogo de video game com e suas missões, que ela precisa vencer contando com a ajuda dos personagens secundários que servem basicamente para exposição de roteiro e para que ela não fale sozinha (ou seja, Lee). Logo que Maeve descobre estar dentro de uma simulação, passa a usar a programação contra ela mesma, de forma a criar um ‘bug’ dentro do sistema. Uma tática não apenas inteligente, mas visualmente enriquecedora para o episódio, entrando na ideia de realidade virtual de uma forma que ‘Westworld’ nunca explorou a fundo.

Quanto a Bernard, suas andanças com Stubbs dão ao público algumas referências (talvez você tenha reparado em David Benioff e D.B. Weiss, os showrunners de ‘Game of Thrones’, do lado de um enorme dragão negro). O momento, aliás, também tem um aceno a ‘O Parque dos Dinossauros’, cujo roteiro é de Michael Crichton — que escreveu e dirigiu o filme ‘Westworld: Onde Ninguém tem Alma’.

Quando Stubbs e Bernard entram em Mesa Hub e vêem alguns técnicos, Bernard questiona e diz que imaginava que o lugar estaria vazio. Stubbs explica que eles estão esperando saber se serão demitidos, e descobrimos que estamos nos bastidores do Parque 4. É então que vemos os showrunners de ‘Game of Thrones’, David e Dan, conversando. Um deles conta que “talvez tenha achado um comprador” para um dos robôs do parque, e diz que o tal comprador está na Costa Rica. É então que o plano se abre e descobrimos que ele está falando de um enorme dragão (bem semelhante ao Drogon de Daenerys). 

westworld - gameofthrones

A brincadeira com a Costa Rica é que é a referência a Jurassic Park, pois é lá que o parque se localiza no filme original. O showrunner Jonathan Nolan contou que sempre teve vontade de fazer esta homenagem a Crichton, mas era impedido por questão de direitos de propriedade intelectual: a história pertence à NBCUniversal, enquanto ‘Westworld’ é da HBO/WarnerMedia. Reunir a referência a ‘Game of Thrones’ a uma sutil menção aos dinossauros foi a solução ideal encontrada pelo time criativo.

Resumo da história: encontramos o grande vilão da temporada, Engerraud Serac (Vincent Cassel), que queria Maeve para acabar com os planos de Dolores. Bernard também tirou Stubbs do parque, e agora temos mais dois anfitriões no mundo real. Quando será que todos vão se encontrar?

Cabe aqui uma observação sobre a percepção de Bernard. Da última vez que ele viu Dolores, ela era de fato bastante sanguinária e cruel, mas ela tende a ser uma personagem com mais compaixão e complexidade nesta temporada. A própria diz, no primeiro episódio, que não quer matar ou fazer alguém sofrer a não ser que seja necessário, e vimos isso na prática. Pelo jeito, não estamos mais com o impiedoso Wyatt, o que é bom para a personagem e para a série. Mas Bernard ainda não tem como saber disso, não é? Portanto, aguardemos. 

Outras reflexões

  • O título do episódio, ‘The Winter Line’, é uma menção a várias frentes de batalha italianas durante a 2ª Guerra Mundial. 
  • Ok, o parque sofreu muitas baixas com o massacre da segunda temporada… mas realmente seria tão fácil assim para Bernard simplesmente atracar um barco e entrar no parque sem nenhum impedimento? Uau.
  • Quando Bernard fez a análise em si mesmo, um dos flashbacks mostra que ele se recorda de Dolores lendo os registros de Liam Dempsey, o CEO da Incite que ela estava espionando. Atenção para este detalhe: ele provavelmente será importante.
  • Agora, já conhecemos cinco dos seis parques da Delos Destinations: Westworld, Shogun World, War World, ‘Medieval World’, (?) e The Raj. O único desconhecido é o parque 5.

Veja o teaser do próximo episódio:

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Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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