sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | ‘X – A Marca da Morte’ é uma carta de amor aos filmes slasher

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A partir dos anos 1970, o subgênero do terror conhecido como slasher ganhou popularidade significativa e deixou sua marca no cenário do entretenimento assim como diversas outras incursões adoradas pelo público (como a comédia romântica ou a ficção científica). Dentre os principais títulos do estilo supracitado, temos os clássicos ‘Halloween’, ‘A Hora do Pesadelo’ e ‘Sexta-Feira 13’, o revolucionário e ácido ‘Pânico’ e, mais recentemente, títulos como ‘A Morte Te Dá Parabéns’ e ‘Freaky – No Corpo de um Assassino’. Agora, abrimos um novo e nostálgico capítulo com o ambicioso ‘X – A Marca da Morte’, que, apesar das óbvias fórmulas trazidas às telonas, posa como uma divertida carta de amor a seus predecessores e uma sangrenta aventura no interior do Texas.

Seguindo tendências que já vêm se consolidando desde o final da década passada (isto é, de canalizar esforços em narrativas que não sejam tão esperadas dentro do escopo do terror e do horror), a trama acompanha um grupo de jovens que viaja para uma cabana para rodar um filme pornográfico. Dentre eles, temos Maxine (Mia Goth), uma aspirante à atriz que acredita que sua participação nessas produções irá ajudá-la a conquistar seus sonhos; é por essa razão que ela embarca nessa jornada ao lado do namorado, Wayne (Martin Henderson), que também é o diretor e o produtor da obra, e acompanhada da bombshell Bobby-Lynne (Brittany Snow), do charmoso Jackson Hole (Scott Mescudi) e do casal formado por Lorraine (Jenna Ortega) e RJ Nichols (Owen Campbell).



Entretanto, o que promete ser apenas uma road-trip cinematográfica logo se transforma em um pesadelo infindável: afinal, eles alugam uma casa de hóspedes que pertence a dois idosos para poderem rodar a produção, mas sem que eles saibam. E, conforme as horas passam, eles percebem que os estranhos anfitriões têm planos malignos para tirá-los de cena um a um – até que não sobre absolutamente ninguém.

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A iteração é comandada pelo conhecido cineasta Ti West, cuja filmografia inclui ‘A Casa do Demônio’, ‘Hotel da Morte’ e ‘V/H/S’ – o que significa que o realizador não é nenhum estranho à história que traz à vida. E, considerando que ele também fica a encargo da produção e do roteiro, a narrativa é pincelada com uma identidade bastante clara e com um propósito objetivo e prático, que faz ótimo uso dos convencionalismos em uma atmosfera original e que se afasta do mero sobrenatural. Afinal, não estamos lidando com uma criatura demoníaca que caça adolescentes aleatoriamente em um monte de vingança; enfrentamos um casal de idosos que, em uma crise de ódio e de inveja que cresce exponencialmente ao descobrir o que seus hóspedes estão fazendo, resolvem se vingar pelo simples fato de serem rejeitados pela idade. Em outras palavras, há uma belíssima e impactante análise sobre etarismo que paira sobre o enredo principal e que serve como mote dos antagonistas para coletarem suas vítimas.

West faz questão de transformar a produção em uma carta de amor aos filmes que o influenciaram desde o começo da carreira – e constrói espécies de easter eggs para satisfazer o público. A saga de Jason Voorhees, por exemplo, é referenciada no pseudo-idílico cenário da casa no lago e na arquitetura dos personagens; o famoso ‘Pânico no Lago’ também é recuperado em algumas sequências específicas, incluindo um arrepiante plongé absoluto envolvendo Maxine e prenunciando uma das mortes mais cruéis do enredo; a paleta de cores e a caracterização sentimental das cenas abraça as inflexões de ‘O Massacre da Serra Elétrica’; em suma, é notável como o diretor assina uma carta de amor aos slashers sem deixar se levar pelo preciosismo fílmico e sem deixar de lado peculiaridades bem-vindas que nos guiam do começo ao fim.

Enquanto boa parte das investidas técnicas funciona como deveria, é o estelar elenco que rouba a atenção. Goth não apenas encanta com a complexidade de Maxine, como também transmuta-se na perigosa Pearl, a vilã, mergulhando de cabeça em uma performance de tirar o fôlego; Ortega também encontra sucesso significativo ao interpretar Lorraine, reiterando seu status como uma das futuras representantes do terror contemporâneo (ainda mais considerando sua participação em obras como ‘A Babá: Rainha da Morte’ e o capítulo mais recente da franquia ‘Pânico’); e Snow, em um dos melhores papéis de sua carreira, faz um aguardado comeback ao gênero depois do subestimado ‘Would You Rather’. Cada qual adornada com arcos que vão além da mera superfície e que contribuem para as múltiplas reviravoltas do roteiro.

‘X – A Marca da Morte’ é uma das grandes surpresas do ano e, mesmo com seus óbvios deslizes, consagra-se como uma sólida e sangrenta aventura que é mais densa do que aparenta. Guiado por rendições aplaudíveis, o longa-metragem discorre sobre temas como amadurecimento e liberdade – e é acompanhado de uma sutil reviravolta que dialoga totalmente com a jornada da personagem principal.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A partir dos anos 1970, o subgênero do terror conhecido como slasher ganhou popularidade significativa e deixou sua marca no cenário do entretenimento assim como diversas outras incursões adoradas pelo público (como a comédia romântica ou a ficção científica). Dentre os principais títulos do estilo supracitado, temos os clássicos ‘Halloween’, ‘A Hora do Pesadelo’ e ‘Sexta-Feira 13’, o revolucionário e ácido ‘Pânico’ e, mais recentemente, títulos como ‘A Morte Te Dá Parabéns’ e ‘Freaky – No Corpo de um Assassino’. Agora, abrimos um novo e nostálgico capítulo com o ambicioso ‘X – A Marca da Morte’, que, apesar das óbvias fórmulas trazidas às telonas, posa como uma divertida carta de amor a seus predecessores e uma sangrenta aventura no interior do Texas.

Seguindo tendências que já vêm se consolidando desde o final da década passada (isto é, de canalizar esforços em narrativas que não sejam tão esperadas dentro do escopo do terror e do horror), a trama acompanha um grupo de jovens que viaja para uma cabana para rodar um filme pornográfico. Dentre eles, temos Maxine (Mia Goth), uma aspirante à atriz que acredita que sua participação nessas produções irá ajudá-la a conquistar seus sonhos; é por essa razão que ela embarca nessa jornada ao lado do namorado, Wayne (Martin Henderson), que também é o diretor e o produtor da obra, e acompanhada da bombshell Bobby-Lynne (Brittany Snow), do charmoso Jackson Hole (Scott Mescudi) e do casal formado por Lorraine (Jenna Ortega) e RJ Nichols (Owen Campbell).

Entretanto, o que promete ser apenas uma road-trip cinematográfica logo se transforma em um pesadelo infindável: afinal, eles alugam uma casa de hóspedes que pertence a dois idosos para poderem rodar a produção, mas sem que eles saibam. E, conforme as horas passam, eles percebem que os estranhos anfitriões têm planos malignos para tirá-los de cena um a um – até que não sobre absolutamente ninguém.

A iteração é comandada pelo conhecido cineasta Ti West, cuja filmografia inclui ‘A Casa do Demônio’, ‘Hotel da Morte’ e ‘V/H/S’ – o que significa que o realizador não é nenhum estranho à história que traz à vida. E, considerando que ele também fica a encargo da produção e do roteiro, a narrativa é pincelada com uma identidade bastante clara e com um propósito objetivo e prático, que faz ótimo uso dos convencionalismos em uma atmosfera original e que se afasta do mero sobrenatural. Afinal, não estamos lidando com uma criatura demoníaca que caça adolescentes aleatoriamente em um monte de vingança; enfrentamos um casal de idosos que, em uma crise de ódio e de inveja que cresce exponencialmente ao descobrir o que seus hóspedes estão fazendo, resolvem se vingar pelo simples fato de serem rejeitados pela idade. Em outras palavras, há uma belíssima e impactante análise sobre etarismo que paira sobre o enredo principal e que serve como mote dos antagonistas para coletarem suas vítimas.

West faz questão de transformar a produção em uma carta de amor aos filmes que o influenciaram desde o começo da carreira – e constrói espécies de easter eggs para satisfazer o público. A saga de Jason Voorhees, por exemplo, é referenciada no pseudo-idílico cenário da casa no lago e na arquitetura dos personagens; o famoso ‘Pânico no Lago’ também é recuperado em algumas sequências específicas, incluindo um arrepiante plongé absoluto envolvendo Maxine e prenunciando uma das mortes mais cruéis do enredo; a paleta de cores e a caracterização sentimental das cenas abraça as inflexões de ‘O Massacre da Serra Elétrica’; em suma, é notável como o diretor assina uma carta de amor aos slashers sem deixar se levar pelo preciosismo fílmico e sem deixar de lado peculiaridades bem-vindas que nos guiam do começo ao fim.

Enquanto boa parte das investidas técnicas funciona como deveria, é o estelar elenco que rouba a atenção. Goth não apenas encanta com a complexidade de Maxine, como também transmuta-se na perigosa Pearl, a vilã, mergulhando de cabeça em uma performance de tirar o fôlego; Ortega também encontra sucesso significativo ao interpretar Lorraine, reiterando seu status como uma das futuras representantes do terror contemporâneo (ainda mais considerando sua participação em obras como ‘A Babá: Rainha da Morte’ e o capítulo mais recente da franquia ‘Pânico’); e Snow, em um dos melhores papéis de sua carreira, faz um aguardado comeback ao gênero depois do subestimado ‘Would You Rather’. Cada qual adornada com arcos que vão além da mera superfície e que contribuem para as múltiplas reviravoltas do roteiro.

‘X – A Marca da Morte’ é uma das grandes surpresas do ano e, mesmo com seus óbvios deslizes, consagra-se como uma sólida e sangrenta aventura que é mais densa do que aparenta. Guiado por rendições aplaudíveis, o longa-metragem discorre sobre temas como amadurecimento e liberdade – e é acompanhado de uma sutil reviravolta que dialoga totalmente com a jornada da personagem principal.

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