quinta-feira, março 28, 2024

Crítica | Your Name – Animação japonesa sucesso de público e crítica estreia na Netflix

Se Eu Fosse Você

Como é bom ainda ser surpreendido pelos filmes. Em uma época na qual tudo parece muito igual, muito repetido e reciclado – reflexo de um público que espera cada vez mais familiaridade – é muito bom se deparar com maravilhas como este Your Name, animação japonesa que aposta na fantasia para contar uma história envolvente, dona de um subtexto poderoso, que remete diretamente à magia do cinema.

A obra chamou atenção ano passado, pela bilheteria mundial extremamente gorda, fazendo mais e mais pessoas perceberem o longa. Não é segredo para ninguém que as animações japonesas, ainda enfatizando o estilo tradicional (daquele desenhado à mão, mesmo que muitos gráficos de computadores sejam adicionados em detalhes), conseguem abordar temas considerados adultos demais para o público infantil. Ou seja, tais animações são tão recomendadas para os mais velhos (e até mais para eles) quanto aos mais novos.

Your Name é baseado no livro de Makoto Shinkai, que adapta o roteiro para o cinema, e dirige a animação igualmente! Dono de uma história e narrativa tão únicas, não me espantaria se em breve o longa for refilmado em versão live action – apenas esperamos que um Ghost in the Shell não se repita (o que me faz temer muito por Akira também). Porém, ao contrário das produções citadas, Your Name não é uma ficção científica, e sua trama não é tão complexa assim – você só precisa embarcar nesta viagem e abrir sua mente.

Assim que o filme começa, conhecemos Mitsuha, uma típica estudante colegial nipônica. A mocinha é introvertida e sonha um dia conhecer a cidade grande de Tóquio – ela vive num pequeno vilarejo rural onde nada acontece e não se tem muito o que fazer. O fato é inclusive adereçado em um diálogo da moça com o casal de melhores amigos. O sonho da menina é frequentar uma cafeteria.

A rotina sem muita emoção de Mitsuha logo vira, e a menina começa a escutar do seu comportamento suspeito em dias que ela não lembra de nada. Seus sonhos, por outro lado, começam a ficar mais reais, e suas lembranças de momentos nos quais jurava estar dormindo, mais vivas. Bem, não é segredo para ninguém – já que a sinopse também entrega – que a protagonista começa a trocar de corpo com um rapaz, justamente um morador da cidade grande, em Tóquio, chamado Taki. Nos momentos de branco, o corpo de Mitsuha é tomado pela consciência de Taki, e ele agora está no controle, como em mágicas típicas de filmes da Sessão da Tarde (nos quais filhos trocam de corpo com os pais, e etc.), ou do sucesso brasileiro Se Eu Fosse Você, com Toni Ramos e Glória Pires.

Ao mesmo tempo, a mente de Mitsuha vai parar no corpo de Taki, e por lá é a menina quem assume o comando, causando desencontros inconvenientes ao jovem. Pelo lado positivo, a protagonista consegue um encontro com uma atraente colega de trabalho do rapaz, coisa que ele sempre sonhou e nunca foi capaz de concretizar. A primeira metade de Your Name é focada nestes pequenos empecilhos diários, causados pela transmutação inexplicável. Os dois tentam se ajeitar nos intervalos destes lapsos, procurando entender sua nova condição. Nesta primeira metade – e o filme não é longo – conta muito a sensação de impacto causada pela exuberante animação. É simplesmente de tirar o fôlego.

O impacto da história acontece mesmo no segundo ato, mesmo que as migalhas tenham sido jogadas na primeira metade, para despertar nosso interesse em tentar entender a confusão e o que virá dela. Sem entregar muitos detalhes, vale dizer que o cerne desta história romântica inusitada, e pra lá de emocionante, reverbera no cinema catástrofe (é sério!), e que a reviravolta que explica a ligação entre os protagonistas é criativa e acima da média.

Não deixe de assistir:

O epílogo do longa, passado muitos anos depois do término desta história, dá o sabor especial – do cinema de Richard Linklater – para a trama, se mostrando uma satisfatória cereja no bolo. Your Name perde tempo construindo seus personagens, e se dedicando a uma narrativa – fato cada vez mais raro dentro do cinema de Hollywood. A solução é buscarmos tais alternativas. É simplesmente um crime a produção não ter sido indicada ao Oscar deste ano. Como não menos importante prêmio de consolação, Your Name encontra-se no número 79 da lista dos melhores filmes de todos os tempos, na opinião dos usuários do maior site de cinema da rede, o IMDB. E chega para mostrar que animação no Japão não é feita só de Miyazaki, sua família, e o estúdio Ghibli.

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