
A Pixar encanta crianças e adultos há décadas. Desde seus primeiros curtas animados em 3D na década de 1980, o estúdio surgiu como pioneiro na revolução estética que definiu os clássicos dos anos 2000 em diante. Com o advento da animação 3D, o custo e o tempo de produção dos filmes caiu consideravelmente, permitindo que mais longas fossem lançados por ano.
O lado ruim dessa revolução foi o desuso da clássica animação 2D, que demandava mais tempo e uma equipe maior de artistas para conseguir concluir os projetos.
E o grande diferencial da Pixar ‘raiz’ era o investimento em histórias originais, deixando a ideia de “franquia” para apenas uma de suas histórias. No entanto, com o passar dos anos, o mercado falou mais alto, e o estúdio passou a apostar em mais sequências de seus clássicos originais. Por mais que alguns fãs torçam o nariz para essas continuações, alegando uma crise de criatividade na empresa, houve filmes realmente muito bons que surgiram dessa leva.
Nesta dica, separamos as cinco melhores continuações de filmes Pixar que você pode assistir no Disney+. Para ilustrar os longas, separamos algumas artes conceituais dessas aventuras em vez de cenas finalizadas dos filmes. Vale dizer que eles estão listados por ordem cronológica, não por preferência. Confira!
Toy Story 2
Muitos lembram com carinho da época em que a Pixar lançava clássico atrás de clássico, enfileirando sucessos e cativando o público com sua originalidade. No entanto, é curioso lembrar que o terceiro filme do estúdio foi uma sequência. Após o sucesso de Toy Story (1995), havia um interesse em produzir filmes diretamente para Home Video. Nesse contexto, a Disney encomendou uma sequência para Toy Story. A ideia de lançar o filme em VHS não agradou o estúdio, que negociou e conseguiu convencer os executivos a lançar Toy Story 2 nos cinemas. Tudo certo, né? Errado!
Com a finalização de Vida de Inseto, John Lasseter deixou TS2 pré-produzido e tirou férias. Durante sua ausência, ocorreu um pesadelo. 90% da sequência foi apagada em um erro grotesco. Em desespero, a equipe de animadores acabou descobrindo que uma funcionária grávida tinha um backup do filme, que levou para casa para trabalhar durante a gravidez. Ela correu para o estúdio e quando pensaram que estava tudo resolvido… Outra bomba: os executivos detestaram o filme.
Correndo contra o tempo, Lasseter largou as férias e começou a refazer boa parte do filme, abordando uma história sobre o sequestro do Woody. O resultado foi a primeira – e amada – sequência de Toy Story. Falando brevemente sobre o abandono dos brinquedos, a aventura mostra o Woody sendo furtado por um negociador que pretende vender a coleção do Xerife Woody para um museu de brinquedos no Japão. Diante deste desafio, Buzz Lightyear e os outros brinquedos do Andy partem em uma viagem pela cidade para resgatar o amigo. No caminho, eles encontram um loja de brinquedos, enfrentam uma obra e conhecem novos e inusitados amigos. É uma clássica aventura das tardes dos anos 90. Bom demais!
Toy Story 3

Para muitos, Toy Story 3 é o melhor filme da Pixar, mas também marcou o fim da “Era de Ouro” do estúdio. Depois deste filme ter batido a marca do bilhão de dólares nas bilheterias e ter conseguido cinco indicações ao Oscar, incluindo a Melhor Filme (venceu em Melhor Filme de Animação e Melhor Canção Original), a Pixar passou a apostar mais em continuações e enfrentou uma década com pouquíssimos filmes sendo considerados clássicos. Talvez por não conseguirem repetir o altíssimo nível desta aventura dramática, talvez por adotarem uma fórmula meio cansativa para suas produções, fato é que TS3 foi uma grande despedida.
O longa aborda uma fase muito delicada da relação entre humanos e brinquedos: a chegada da vida adulta. Com Andy crescido e preparando as malas para ir à faculdade, os brinquedos enfrentaram anos de abandono no fundo do baú. Eles viram seus melhores amigos quebrarem, serem doados ou perdidos. Os que restaram agora enfrentam um trauma terrível: descobrir se irão com o menino para a faculdade ou se serão doados. No fim das contas, apenas o Woody é escolhido por Andy, que manda seus outros brinquedos para uma creche. O grupo se sente abandonado, mas logo descobre que poderão ter uma nova vida feliz com muitas crianças. Ou quase, isso porque um urso ressentido transformou a creche em um presídio, colocando seus amigos para brincarem com as crianças maiores e deixando quem não gosta para sofrer a tortura da molecadinha pré-escolar. Woody parte em uma missão para ajudar seus amigos, dando início a uma trama que vai mexer diretamente com seu coração. É um filme espetacular!
Universidade Monstros
Talvez a geração atual não saiba, mas Monstros S.A. foi um fenômeno monstruoso – com o perdão do trocadilho. A história das feras que conseguiam energia para a cidade por meio dos sustos que davam nas crianças foi um golaço da Pixar, que emplacou um clássico instantâneo das animações. E o final trazia um gancho que é aguardado pelos fãs até hoje: Sully reencontrando a Boo. Então, quando anunciaram um ‘Monstros S.A. 2’, houve uma expectativa de que fossem desenvolver essa história. Porém, o resultado final foi a primeira prequel do Mundo Pixar, o que desagradou a muitos que sequer assistiram o filme.
Universidade Monstros é constantemente listado como um dos piores filmes do estúdio, só que a Pixar tem um acervo tão espetacular que até mesmo suas produções mais fracas são ótimas. Nesta história, o público acompanha o pequeno Mike Wazowski, um monstrinho pequetucho que sonha em se tornar um assustador de primeira. O problema é que ele é realmente muito fofo e não mete medo em ninguém. Sabendo da dificuldade, ele dedica sua vida a estudar para entrar para a melhor faculdade de sustos do país. Entretanto, quando ele chega lá, acaba sendo atrapalhado por Sully, um aluno vagabundo que é tido como um dos mais promissores monstros da universidade por ter grande porte e ser filho de um lendário assustador. Eles acabam sendo expulsos das aulas de susto, mas recebem uma última oportunidade para serem aceitos novamente: eles precisam vencer os jogos universitários com uma irmandade de excluídos, a Oozma Kappa. Por mais que o filme seja uma grande comédia sobre as universidades dos EUA, ele traz uma mensagem sensacional sobre aprender a lidar com o próprio fracasso e como as expectativas geralmente mais atrapalham do que ajuda. É um longa subestimado e julgado justamente por expectativas não cumpridas dos fãs, mas definitivamente vale ser visto.
Carros 3
A franquia Carros é complexa. Após o sucesso estrondoso do primeiro filme, a Pixar investiu em curtas divertidos e se deparou com um verdadeiro sucesso comercial, porque os carrinhos vendiam feito água e havia um mercado muito interessante para explorar o carisma de Relâmpago McQueen e Mate. Essa visão mercadológica levou ao lançamento do péssimo Carros 2 (2011), que é uma trama de espionagem (?) protagonizada pelo Mate, enquanto o McQueen disputava um Grand Prix Mundial. O filme foi um fracasso de crítica e o público também não respondeu muito bem. Ainda assim, a venda de produtos seguiu em alta e a equipe de animadores continuou lançando seus curtas.
Carros 3 esquece essa viagem de espionagem e volta às raízes das corridas. Ele mostra o McQueen como maior vencedor da Copa Pistão. Longe do auge, o carro agora é o mais experiente piloto do torneio e se depara com um desafio que chega para todos os atletas: a nova geração. Com carros de corrida cada vez mais tecnológicos e velozes, McQueen começa a perder. Sem performar bem, ele é pressionado pelos patrocinadores a se aposentar, só que ele é apaixonado pelas corridas. Então, ele propõe um desafio para seu patrocinador: se ele conseguir vencer uma corrida, poderá decidir se é hora ou não de se aposentar. Com isso, ele parte para treinar à moda antiga com o auxílio da jovem Cruz Ramirez, sua nova treinadora. Frustrado com os resultados que vem conseguindo, McQueen volta ao lar de Doc Hudson para tentar conseguir conselhos do mentor de seu mentor. Em meio a essa jornada de autodescoberta e amadurecimento, ele descobre que é muito mais do que um carro de corridas, e que uma possível aposentadoria não seria o fim do mundo. Ele não pode definir sua vida pela falsa sensação de serventia a um grande show. É um filme que também sofreu com o pré-conceito de parte do público, que ainda estava traumatizado com Carros 2, mas que é um filmaço extremamente subestimado.
Divertida Mente 2
Esse aqui se tornou o filme favorito de 2024 de uma galera boa pelo mundo. Lançado em 2015, Divertida Mente foi um sucesso arrebatador, até mesmo para os padrões de excelência da Pixar. O longa que acompanha a viagem pelos sentimentos de uma garotinha entrando na adolescência conseguiu adaptar conceitos extremamente complexos da neurociência e da psicologia para uma animação colorida, divertida e emocionante, tornando compreensível para pessoas de todas as idades. É um filme muito lúdico e bem trabalhado, que conquistou uma base sólida de fãs ao redor do mundo. E como todo grande sucesso, era apenas questão de tempo para que ganhasse uma sequência.
Ela chegou em 2024 prontinha para falar sobre um dos maiores problemas da sociedade atualmente: a Ansiedade. Praticamente repetindo a estrutura do primeiro filme, Divertida Mente 2 voltou a explorar a mente da jovem Riley, agora uma adolescente que acha ser adulta. Depois de estabilizar suas emoções, a menina vê sua cabeça entrar em parafuso novamente com a mudança de escola de suas duas melhores amigas. Com a pressão de fazer um teste para o time de hockey e tentando não transparecer que se sentiu traída pelas amigas, ela acaba sendo tomada por sentimentos como a Inveja e a Ansiedade, que assume o controle de emoções e manda a Alegria e as outras emoções para uma viagem só de ida pelo subconsciente da garota. Agora, essa turminha emocionada tem que encontrar uma forma de retornar ao painel de controle para evitar que a coitada da Riley fracasse desportiva e emocionalmente na nova escola. É um drama interessantíssimo, que mesmo com uma temática pesada, também consegue faz rir.