quarta-feira , 26 fevereiro , 2025

Do Pior ao Melhor | Ganhadores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do Século XXI


Com o sucesso de crítica de Druk – Mais uma Rodada tanto no exterior quanto no Brasil, a tragicomédia de Thomas Vinterberg (A Caça) já é o favorito ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2021. Vale ressaltar que o filme também ganhou uma indicação na categoria Melhor Diretor, logo os filmes internacionais com outras nomeações acabam por apresentar maior favoritismo. Com exceção de alguns casos, como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), o qual ganhou cinco indicações, saindo sem nada, mas tornou-se mais famoso que todos os ganhadores do prêmio nesta seção.

Leia também: Quais filmes indicados ao OSCAR 2021 já estão disponíveis na Netflix e Amazon Prime



De modo que a categoria de filme estrangeiro é uma abertura de portas para o cinema além Hollywood, o CinePOP realiza este ranking do pior ao melhor das produções cinematográficas que conseguiram conquistar os membros da academia. O nosso termômetro será a nota dos usuários do IMDB, um dos maiores agregadores de opinião cinematográfica do mundo. O critério de desempate é o maior número de votantes em cada título. 

Fica o desafio: você já viu todos esses 20 filmes?

20. Uma Mulher Fantástica | 2018 (Chile) – 7.2 (23 K)


maxresdefault 4

Querido entre a crítica, a obra de Sebastián Lelio – responsável por Desobediência (2017) e Glória Bell (2018) – abre a nossa lista na última posição. Sutil e terno, o enredo segue a trajetória de Marina Vidal (Daniela Vega). Uma mulher transgênero e aspirante a cantora na casa dos vinte anos em Santiago, Chile. Após o falecimento do seu amante, bem mais velho, Marina sente sozinha para lidar com suas dores e as consequências dessa morte repentina, além da ex-mulher e o filho adulto do finado.

19. Infância Roubada | 2006 (África do Sul) – 7.2 (27,7 K)

Assista também: 
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tsotsimusical

Por quatro mil votos a mais que o filme chileno, a produção sul africana conquistou a penúltima colocação. A trama acompanha um bandido sul-africano chamado Tsotsi (Presley Chweneyagae). Ele vive sob um código de violência da sua gangue que ronda, dia e noite, as ruas de Joanesburgo. Depois de atirar casualmente em uma mulher e roubar seu carro, ele descobre um bebê no banco de trás. Em vez de prejudicar o pequeno indefeso, ele o leva para casa e cuida dele. Desse modo, a criança atua como um catalisador para o bandido endurecido recuperar sua humanidade.

18. Ida | 2015 (Polônia) – 7.4

Ida

Com atuação e fotografia esplêndidas, Ida é um reencontro do diretor Pawel Pawlikowski, responsável por Guerra Fria (2018), com suas raízes. Em 1962, Anna (Agata Trzebuchowska) estava prestes a fazer votos como freira quando descobre a existência de uma tia de sua origem judia, Wanda (Agata Kulesza). Ambas as mulheres embarcam em uma jornada para descobrir a história da família e seu local de pertencimento. Após este filme a jornalista Agata Trzebuchowska compartilhou o desejo de nunca mais trabalhar como atriz, uma pena.

17. Lugar Nenhum na África | 2003 (Alemanha) – 7.5 (12,5 K)

Nenhum Lugar na Africa

Considerado pela crítica como um épico visualmente deslumbrante e com personagens cativantes, o filme alemão impressiona pela beleza estética e o conflito dos seus personagens. Após a ameaça representada por Hitler, o advogado judeu Walter Redlich (Merab Ninidze) se muda com sua esposa Jettel (Juliane Köhler) e sua filha Regina (Lea Kurka) para uma fazenda no Quênia. As coisas pioram quando a família é obrigada a mudar-se novamente, desta vez para Nairóbi por ordem das autoridades britânicas. Desanimado, Walter decide se juntar ao exército aliado, enquanto Jettel encontra conforto com outros homens.

16. O Filho de Saul | 2016 (Hungria) – 7.5 (45,5 K)

Filho de Saul 2

Pela maior popularidade, o filme húngaro ganhou a disputa entre o 17º e 16º lugar. Logo no seu primeiro longa-metragem László Nemes abocanhou um Oscar e tornou-se um talento promissor a ser assistido. Sombriamente intenso, mas totalmente gratificante, O Filho de Saul oferece uma experiência memorável. Em resumo, a trama se desenrola durante a Segunda Guerra Mundial, quando um trabalhador judeu (Géza Röhrig) no campo de concentração de Auschwitz tenta encontrar um rabino para dar a uma criança um enterro adequado.

15. As Invasões Bárbaras | 2004 (Canadá) – 7.6 (28,3 K)

as invasoes barbaras

Primeiro filme franco-canadense a ganhar um César, o Oscar francês, As Invasões Bárbaras é o segundo filme de uma longeva trilogia começada por Denys Arcand com O Declínio do Império Americano (1986) e seguida por A Era da Inocência (2007). Nesta sequência, o professor de meia-idade Rémy (Rémy Girard), que mora em Montréal, descobre que está com câncer em estado terminal. Essa revelação o leva a se reconectar com seu filho, Sébastien (Stéphane Rousseau), um especialista financeiro em Londres, cujos ideais estão em completo desacordo com as tendências socialistas de seu pai.

14. Em um Mundo Melhor | 2011 (Dinamarca) – 7.6 (38,6 K)

em mundo melhor.jpp

Diretora do fenômeno Netflix Birdbox (2018), Susanne Bier fez o seu nome ecoar pelo mundo a partir da obtenção do Oscar. Umas das diretoras e roteiristas mais proeminentes da Dinamarca, Bier é conhecida por tratar de relações familiares e conjugais complicadas e trágicas, vide Irmãos (2004) e Serena (2014). Nesta trama não é diferente, Anton (Mikael Persbrandt) é um médico que viaja frequentemente entre a Dinamarca e um campo de refugiados na África. A relação com a esposa, Marianne (Trine Dyrholm), é conflituosa, enquanto que seu filho, Elias (Markus Rygaard), é vítima de bullying na escola. Quando um menino, cuja mãe morreu recentemente, muda-se para a cidade e torna-se amigo de Elias, as coisas se tornam trágicas.

13. Os Falsários | 2008 ustria) – 7.6 (43,4 K)

Os Falsarios

Os Falsários é um relato emocionante do dilema moral do prisioneiro Salomon Sorowitsch, magnificamente interpretado pelo ator Karl Markovics. O protagonista vive entre a jogatina, bebidas e mulheres em Berlim durante o regime nazista. De repente, ele é preso e levado a um campo de concentração. Lá, Salomon exibe habilidades excepcionais e, em seguida, é transferido para um acampamento atualizado. Por conta de sua aptidão única, ele é forçado a produzir moeda estrangeira falsa.

12. Roma | 2019 (México) – 7.7

roma

Ganhador do Oscar de Melhor Direção para Alfonso Cuarón e, de longe, um dos melhores filmes da safra de premiações 2019, Roma merecia uma posição melhor no nosso ranking. Contudo, a opinião do público encontrou alguns entraves no retrato da infância de Cuarón no bairro de Roma, México, durante os anos 1970. Como uma obra de memória afetiva, o diretor destaca a vivência da empregada doméstica Cleo (Yalitza Aparício) no meio de uma família de classe média mexicana. Ganhador de três Oscar, Roma merecia ter levado também a estatueta de Melhor Filme, perdida para o mediano Green Book: O Guia (2018), de Peter Farrelly.

11. O Apartamento | 2017 (Irã) – 7.8 (52,2 K)

the salesman forushande 2016

Aclamado por sua distinta filmografia, o roteirista e diretor Asghar Farhadi (A Separação) propõe um olhar complexo e ambicioso para temas instigantes. O Apartamento é um resultado bem-sucedido desta teia tecida pelo cineasta iraniano. O pontapé inicial da narrativa é a busca por um novo apartamento do casal de artistas teatrais Rana (Taraneh Alidoosti) e Emad Etesami (Shahab Hosseini). Com sua antiga moradia em ruínas, um dos seus colegas de trabalho oferece um novo teto, no entanto, eles ignoram o fato da antiga locatária ter sido uma prostituta. Uma noite, um antigo cliente entra no apartamento enquanto Rana está sozinha no banho. O resultado dessa “visita” transforma completamente a vida pacífica do casal.

10. A Grande Beleza | 2014 (Itália) – 7.8 (81,9 K)

La grande bellezza

Chegamos ao TOP 10 e igualmente a metade da nossa lista. A maior ganhadora de Oscar nesta categoria, no total 14 prêmios (sendo três honorários, antes da modalidade tornar-se oficial), a Itália aparece apenas uma vez entre os vitoriosos dos últimos 20 anos. Quinze anos após Roberto Benigni levar o prêmio por A Vida É Bela, Paolo Sorrentino retoma o prestígio do cinema italiano na cerimônia. Lindamente filmado e totalmente cativante, A Grande Beleza acompanha a trajetória da vida de exuberância e delírio do jornalista Jep Gambardella (Toni Servillo), um lendário intelectual de Roma. No seu aniversário de 65 anos, um choque do passado provoca uma profunda reflexão sobre a sua vida. Desse modo, ele percorre a cidade de Roma para encontrar toda a sua glória: uma paisagem atemporal de beleza absurda e requintada.

9. O Tigre e o Dragão | 2001 (Taiwan) –  7.8 (254,8 K)

O Tigre e o Dragão CinePOP

Esta produção catapultou Ang Lee para as fileiras dos cineastas de alto escalão de Hollywood, cujo trabalho foi premiado duas vezes, com o Oscar de Melhor Direção por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e As Aventuras de Pi (2012). O Tigre e o Dragão apresenta uma hábil mistura de incríveis batalhas de artes marciais, belas paisagens e bom drama narrativo. O filme é considerado um marco para as produções internacionais nos Estados Unidos. Primeiro, a obra recebeu 10 indicações ao Oscar e saiu com quatro troféus. Segundo, foi o primeiro longa-metragem em língua estrangeira a arrecadar mais de US $100 milhões nas bilheterias norte-americanas em 2001.

8. Terra de Ninguém | 2002 (Bósnia Herzegovina) – 7.9 (44,9 K)

Terra de Ninguem

Desolador e com humor sombrio, Terra de Ninguém ilustra vividamente o absurdo da guerra. A história se desenrola na Bósnia e Herzegovina durante 1993, na época dos combates mais pesados ​​entre os dois lados em guerra. Dois soldados de lados opostos no conflito, um bósnio e um sérvio, enfrentam-se em uma trincheira entre os limites de cada pátria. As coisas se complicam quando Nino (Rene Bitorajac) e Ciki (Branko Djuric) percebem que estão presos com um terceiro soldado sobre uma mina ativada. Eles tentam chamar a atenção de ajuda exterior para salvá-los, mas as previsões não lhe são favoráveis.

7. Amour | 2013 ustria) – 7.9 (93,8 K)

amour1

Com cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, este amargo drama do alemão Michael Haneke nos impacta de forma pungente. Com performances elevadas do elenco de peso formado por Jean-Louis Trintignant (Os Melhores Anos de Uma Vida), Emmanuelle Riva (Perdidos em Paris) e Isabelle Huppert (Frankie), Amour conta a história do casal octogenário Georges (Trintignant) e Anne (Riva). Eles são professores de música aposentados e cultos. A filha (Huppert), também musicista, mora na Grã-Bretanha com a família. Um dia, Anne tem um derrame e a partir deste acontecimento o vínculo de amor do casal é severamente testado. De forma honesta e comovente, Haneke ressignifica a expressão “ato de amor”.

6. Mar Adentro | 2005 (Espanha) – 8.0

mar adentro

É o maior ganhador do Goya, principal premiação do cinema espanhol, de todos os tempos, com 14 estatuetas das 15 para as quais foi indicado. Além disso, a obra é responsável por apresentar Javier Bardem (Sonhos de Uma Vida) ao mundo, após mais de 20 anos de carreira. Em uma performance fascinante, Bardem retrata a vida real do espanhol Ramón Sampedro, que lutou durante 30 anos para conquistar o direito de acabar com sua vida com dignidade. Dirigido por Alejandro Amenábar (Os Outros), Mar Adentro explora o relacionamento de Ramón com duas visitantes: Júlia (Belén Rueda), uma advogada que apoia sua causa, e Rosa (Lola Dueñas), uma mulher local que quer convencê-lo de que vale a pena viver a vida. O título transcende o melodrama com ternura e graça.

5. A Partida | 2009 (Japão) – 8.1

A Partida

Apesar de lento e previsível, A Partida destaca-se como um conto acalentador e positivo. Na trama, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) é um violoncelista sem orquestra e em busca de um emprego. Assim, ele decide voltar à sua cidade natal com sua esposa para recomeçar a vida. Ao responder a um anúncio chamado “Partidas”, ele acaba por ser empregado em uma funerária. Agindo como um gentil porteiro musical entre a vida e a morte, entre o falecido e a família do finado, Daiho descobre a maravilha, a alegria e o significado da vida.

4. O Segredo dos Seus Olhos | 2010 (Argentina) – 8.2

O Segredo de seus olhos

Consagrada pelo mundo, a trama argentina é baseada na novela de Eduardo Sacheri e representa um período de ditadura militar no país. Dirigido por Juan José Campanella e protagonizado por Ricardo Darín (A Odisseia dos Tontos) e Soledad Villamil (Muito Amor Para Dar), O Segredo dos Seus Olhos é o segundo filme argentino a receber um Oscar nesta categoria, o primeiro foi A História Oficial, de Luis Puenzo, em 1986. Com um enredo envolvente, imprevisível e rico em simbolismo, este suspense de assassinato faz jus ao seu Oscar, além das atuações hipnóticas. Não à toa a produção ganhou uma versão norte-americana chamada Olhos da Justiça (2015), sem o mesmo prestígio. Vale ressaltar que o diretor Juan José Campanella recebeu uma indicação anterior à categoria com a obra O Filho da Noiva (2001).

3. A Separação | 2012 ( Irã) – 8.3

A Separacao

Com um dos melhores finais de roteiro dos últimos tempos, Asghar Farhadi é o único diretor e roteirista presente duas vezes nesta lista. Sendo considerada sua obra mais proeminente, A Separação também foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original, sendo um feito inédito para o Irã. A trama concentra-se na ousada decisão de Simin (Leila Hatami) em separar-se do marido Nader (Payman Maadi) para morar no exterior e oferecer melhores oportunidades para sua única filha, Termeh (Sarina Farhadi). Isso porque Nader recusa deixar o país para cuidar de seu pai (Ali-Asghar Shahbazi), que sofre de Alzheimer.

2. A Vida dos Outros | 2007 (Alemanha) –  8.4

A Vida dos Outros

A medalha de prata é concedida para uma das obras mais instigantes e tocantes sobre espionagem. Saímos da seara da Segunda Guerra Mundial para os anos de divisão dos blocos mundiais entre capitalistas e comunistas na Guerra Fria. Em 1984, Berlim Oriental, o agente da polícia secreta Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) vigia o escritor Georg Dreyman (Sebastian Koch) e sua amante Christa-Maria (Martina Gedeck). Cada vez mais, o agente vê-se absorvido por suas vidas. Diferentes das tradicionais histórias de espionagem, A Vida dos Outros destaca os personagens acima de perseguições e traições, assim, as performances (como a do falecido Ulrich Mühe) permanecem em nossa memória.

1. Parasita | 2020 (Coreia do Sul) – 8.6

parasita

Ganhador de seis estatuetas, Parasita é a única produção a obter o prêmio de Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro, ao mesmo tempo. Esta é a obra-prima de Bong Joon Ho. Não é à toa que o longa ocupa a primeira posição e torna-se uma experiência cinematográfica mandatória daqui em diante. Comédia, crítica social, suspense, alegoria, terror e ação, todos os gêneros condensam-se para construir uma metáfora de luta de classe entre a família de Dong Ik (Lee Sun Kyun) e de Ki Taek (Song Kang Ho). Vale a pena conferir toda a produção do diretor e roteirista, desde Cão Que Ladra Não Morde (2000), passando por O Hospedeiro (2006), Mother: A Busca Pela Verdade (2009) e, claro, Expresso do Amanhã (2013). 


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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Do Pior ao Melhor | Ganhadores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do Século XXI

Com o sucesso de crítica de Druk – Mais uma Rodada tanto no exterior quanto no Brasil, a tragicomédia de Thomas Vinterberg (A Caça) já é o favorito ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2021. Vale ressaltar que o filme também ganhou uma indicação na categoria Melhor Diretor, logo os filmes internacionais com outras nomeações acabam por apresentar maior favoritismo. Com exceção de alguns casos, como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), o qual ganhou cinco indicações, saindo sem nada, mas tornou-se mais famoso que todos os ganhadores do prêmio nesta seção.

Leia também: Quais filmes indicados ao OSCAR 2021 já estão disponíveis na Netflix e Amazon Prime

De modo que a categoria de filme estrangeiro é uma abertura de portas para o cinema além Hollywood, o CinePOP realiza este ranking do pior ao melhor das produções cinematográficas que conseguiram conquistar os membros da academia. O nosso termômetro será a nota dos usuários do IMDB, um dos maiores agregadores de opinião cinematográfica do mundo. O critério de desempate é o maior número de votantes em cada título. 

Fica o desafio: você já viu todos esses 20 filmes?

20. Uma Mulher Fantástica | 2018 (Chile) – 7.2 (23 K)

maxresdefault 4

Querido entre a crítica, a obra de Sebastián Lelio – responsável por Desobediência (2017) e Glória Bell (2018) – abre a nossa lista na última posição. Sutil e terno, o enredo segue a trajetória de Marina Vidal (Daniela Vega). Uma mulher transgênero e aspirante a cantora na casa dos vinte anos em Santiago, Chile. Após o falecimento do seu amante, bem mais velho, Marina sente sozinha para lidar com suas dores e as consequências dessa morte repentina, além da ex-mulher e o filho adulto do finado.

19. Infância Roubada | 2006 (África do Sul) – 7.2 (27,7 K)

tsotsimusical

Por quatro mil votos a mais que o filme chileno, a produção sul africana conquistou a penúltima colocação. A trama acompanha um bandido sul-africano chamado Tsotsi (Presley Chweneyagae). Ele vive sob um código de violência da sua gangue que ronda, dia e noite, as ruas de Joanesburgo. Depois de atirar casualmente em uma mulher e roubar seu carro, ele descobre um bebê no banco de trás. Em vez de prejudicar o pequeno indefeso, ele o leva para casa e cuida dele. Desse modo, a criança atua como um catalisador para o bandido endurecido recuperar sua humanidade.

18. Ida | 2015 (Polônia) – 7.4

Ida

Com atuação e fotografia esplêndidas, Ida é um reencontro do diretor Pawel Pawlikowski, responsável por Guerra Fria (2018), com suas raízes. Em 1962, Anna (Agata Trzebuchowska) estava prestes a fazer votos como freira quando descobre a existência de uma tia de sua origem judia, Wanda (Agata Kulesza). Ambas as mulheres embarcam em uma jornada para descobrir a história da família e seu local de pertencimento. Após este filme a jornalista Agata Trzebuchowska compartilhou o desejo de nunca mais trabalhar como atriz, uma pena.

17. Lugar Nenhum na África | 2003 (Alemanha) – 7.5 (12,5 K)

Nenhum Lugar na Africa

Considerado pela crítica como um épico visualmente deslumbrante e com personagens cativantes, o filme alemão impressiona pela beleza estética e o conflito dos seus personagens. Após a ameaça representada por Hitler, o advogado judeu Walter Redlich (Merab Ninidze) se muda com sua esposa Jettel (Juliane Köhler) e sua filha Regina (Lea Kurka) para uma fazenda no Quênia. As coisas pioram quando a família é obrigada a mudar-se novamente, desta vez para Nairóbi por ordem das autoridades britânicas. Desanimado, Walter decide se juntar ao exército aliado, enquanto Jettel encontra conforto com outros homens.

16. O Filho de Saul | 2016 (Hungria) – 7.5 (45,5 K)

Filho de Saul 2

Pela maior popularidade, o filme húngaro ganhou a disputa entre o 17º e 16º lugar. Logo no seu primeiro longa-metragem László Nemes abocanhou um Oscar e tornou-se um talento promissor a ser assistido. Sombriamente intenso, mas totalmente gratificante, O Filho de Saul oferece uma experiência memorável. Em resumo, a trama se desenrola durante a Segunda Guerra Mundial, quando um trabalhador judeu (Géza Röhrig) no campo de concentração de Auschwitz tenta encontrar um rabino para dar a uma criança um enterro adequado.

15. As Invasões Bárbaras | 2004 (Canadá) – 7.6 (28,3 K)

as invasoes barbaras

Primeiro filme franco-canadense a ganhar um César, o Oscar francês, As Invasões Bárbaras é o segundo filme de uma longeva trilogia começada por Denys Arcand com O Declínio do Império Americano (1986) e seguida por A Era da Inocência (2007). Nesta sequência, o professor de meia-idade Rémy (Rémy Girard), que mora em Montréal, descobre que está com câncer em estado terminal. Essa revelação o leva a se reconectar com seu filho, Sébastien (Stéphane Rousseau), um especialista financeiro em Londres, cujos ideais estão em completo desacordo com as tendências socialistas de seu pai.

14. Em um Mundo Melhor | 2011 (Dinamarca) – 7.6 (38,6 K)

em mundo melhor.jpp

Diretora do fenômeno Netflix Birdbox (2018), Susanne Bier fez o seu nome ecoar pelo mundo a partir da obtenção do Oscar. Umas das diretoras e roteiristas mais proeminentes da Dinamarca, Bier é conhecida por tratar de relações familiares e conjugais complicadas e trágicas, vide Irmãos (2004) e Serena (2014). Nesta trama não é diferente, Anton (Mikael Persbrandt) é um médico que viaja frequentemente entre a Dinamarca e um campo de refugiados na África. A relação com a esposa, Marianne (Trine Dyrholm), é conflituosa, enquanto que seu filho, Elias (Markus Rygaard), é vítima de bullying na escola. Quando um menino, cuja mãe morreu recentemente, muda-se para a cidade e torna-se amigo de Elias, as coisas se tornam trágicas.

13. Os Falsários | 2008 ustria) – 7.6 (43,4 K)

Os Falsarios

Os Falsários é um relato emocionante do dilema moral do prisioneiro Salomon Sorowitsch, magnificamente interpretado pelo ator Karl Markovics. O protagonista vive entre a jogatina, bebidas e mulheres em Berlim durante o regime nazista. De repente, ele é preso e levado a um campo de concentração. Lá, Salomon exibe habilidades excepcionais e, em seguida, é transferido para um acampamento atualizado. Por conta de sua aptidão única, ele é forçado a produzir moeda estrangeira falsa.

12. Roma | 2019 (México) – 7.7

roma

Ganhador do Oscar de Melhor Direção para Alfonso Cuarón e, de longe, um dos melhores filmes da safra de premiações 2019, Roma merecia uma posição melhor no nosso ranking. Contudo, a opinião do público encontrou alguns entraves no retrato da infância de Cuarón no bairro de Roma, México, durante os anos 1970. Como uma obra de memória afetiva, o diretor destaca a vivência da empregada doméstica Cleo (Yalitza Aparício) no meio de uma família de classe média mexicana. Ganhador de três Oscar, Roma merecia ter levado também a estatueta de Melhor Filme, perdida para o mediano Green Book: O Guia (2018), de Peter Farrelly.

11. O Apartamento | 2017 (Irã) – 7.8 (52,2 K)

the salesman forushande 2016

Aclamado por sua distinta filmografia, o roteirista e diretor Asghar Farhadi (A Separação) propõe um olhar complexo e ambicioso para temas instigantes. O Apartamento é um resultado bem-sucedido desta teia tecida pelo cineasta iraniano. O pontapé inicial da narrativa é a busca por um novo apartamento do casal de artistas teatrais Rana (Taraneh Alidoosti) e Emad Etesami (Shahab Hosseini). Com sua antiga moradia em ruínas, um dos seus colegas de trabalho oferece um novo teto, no entanto, eles ignoram o fato da antiga locatária ter sido uma prostituta. Uma noite, um antigo cliente entra no apartamento enquanto Rana está sozinha no banho. O resultado dessa “visita” transforma completamente a vida pacífica do casal.

10. A Grande Beleza | 2014 (Itália) – 7.8 (81,9 K)

La grande bellezza

Chegamos ao TOP 10 e igualmente a metade da nossa lista. A maior ganhadora de Oscar nesta categoria, no total 14 prêmios (sendo três honorários, antes da modalidade tornar-se oficial), a Itália aparece apenas uma vez entre os vitoriosos dos últimos 20 anos. Quinze anos após Roberto Benigni levar o prêmio por A Vida É Bela, Paolo Sorrentino retoma o prestígio do cinema italiano na cerimônia. Lindamente filmado e totalmente cativante, A Grande Beleza acompanha a trajetória da vida de exuberância e delírio do jornalista Jep Gambardella (Toni Servillo), um lendário intelectual de Roma. No seu aniversário de 65 anos, um choque do passado provoca uma profunda reflexão sobre a sua vida. Desse modo, ele percorre a cidade de Roma para encontrar toda a sua glória: uma paisagem atemporal de beleza absurda e requintada.

9. O Tigre e o Dragão | 2001 (Taiwan) –  7.8 (254,8 K)

O Tigre e o Dragão CinePOP

Esta produção catapultou Ang Lee para as fileiras dos cineastas de alto escalão de Hollywood, cujo trabalho foi premiado duas vezes, com o Oscar de Melhor Direção por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e As Aventuras de Pi (2012). O Tigre e o Dragão apresenta uma hábil mistura de incríveis batalhas de artes marciais, belas paisagens e bom drama narrativo. O filme é considerado um marco para as produções internacionais nos Estados Unidos. Primeiro, a obra recebeu 10 indicações ao Oscar e saiu com quatro troféus. Segundo, foi o primeiro longa-metragem em língua estrangeira a arrecadar mais de US $100 milhões nas bilheterias norte-americanas em 2001.

8. Terra de Ninguém | 2002 (Bósnia Herzegovina) – 7.9 (44,9 K)

Terra de Ninguem

Desolador e com humor sombrio, Terra de Ninguém ilustra vividamente o absurdo da guerra. A história se desenrola na Bósnia e Herzegovina durante 1993, na época dos combates mais pesados ​​entre os dois lados em guerra. Dois soldados de lados opostos no conflito, um bósnio e um sérvio, enfrentam-se em uma trincheira entre os limites de cada pátria. As coisas se complicam quando Nino (Rene Bitorajac) e Ciki (Branko Djuric) percebem que estão presos com um terceiro soldado sobre uma mina ativada. Eles tentam chamar a atenção de ajuda exterior para salvá-los, mas as previsões não lhe são favoráveis.

7. Amour | 2013 ustria) – 7.9 (93,8 K)

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Com cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, este amargo drama do alemão Michael Haneke nos impacta de forma pungente. Com performances elevadas do elenco de peso formado por Jean-Louis Trintignant (Os Melhores Anos de Uma Vida), Emmanuelle Riva (Perdidos em Paris) e Isabelle Huppert (Frankie), Amour conta a história do casal octogenário Georges (Trintignant) e Anne (Riva). Eles são professores de música aposentados e cultos. A filha (Huppert), também musicista, mora na Grã-Bretanha com a família. Um dia, Anne tem um derrame e a partir deste acontecimento o vínculo de amor do casal é severamente testado. De forma honesta e comovente, Haneke ressignifica a expressão “ato de amor”.

6. Mar Adentro | 2005 (Espanha) – 8.0

mar adentro

É o maior ganhador do Goya, principal premiação do cinema espanhol, de todos os tempos, com 14 estatuetas das 15 para as quais foi indicado. Além disso, a obra é responsável por apresentar Javier Bardem (Sonhos de Uma Vida) ao mundo, após mais de 20 anos de carreira. Em uma performance fascinante, Bardem retrata a vida real do espanhol Ramón Sampedro, que lutou durante 30 anos para conquistar o direito de acabar com sua vida com dignidade. Dirigido por Alejandro Amenábar (Os Outros), Mar Adentro explora o relacionamento de Ramón com duas visitantes: Júlia (Belén Rueda), uma advogada que apoia sua causa, e Rosa (Lola Dueñas), uma mulher local que quer convencê-lo de que vale a pena viver a vida. O título transcende o melodrama com ternura e graça.

5. A Partida | 2009 (Japão) – 8.1

A Partida

Apesar de lento e previsível, A Partida destaca-se como um conto acalentador e positivo. Na trama, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) é um violoncelista sem orquestra e em busca de um emprego. Assim, ele decide voltar à sua cidade natal com sua esposa para recomeçar a vida. Ao responder a um anúncio chamado “Partidas”, ele acaba por ser empregado em uma funerária. Agindo como um gentil porteiro musical entre a vida e a morte, entre o falecido e a família do finado, Daiho descobre a maravilha, a alegria e o significado da vida.

4. O Segredo dos Seus Olhos | 2010 (Argentina) – 8.2

O Segredo de seus olhos

Consagrada pelo mundo, a trama argentina é baseada na novela de Eduardo Sacheri e representa um período de ditadura militar no país. Dirigido por Juan José Campanella e protagonizado por Ricardo Darín (A Odisseia dos Tontos) e Soledad Villamil (Muito Amor Para Dar), O Segredo dos Seus Olhos é o segundo filme argentino a receber um Oscar nesta categoria, o primeiro foi A História Oficial, de Luis Puenzo, em 1986. Com um enredo envolvente, imprevisível e rico em simbolismo, este suspense de assassinato faz jus ao seu Oscar, além das atuações hipnóticas. Não à toa a produção ganhou uma versão norte-americana chamada Olhos da Justiça (2015), sem o mesmo prestígio. Vale ressaltar que o diretor Juan José Campanella recebeu uma indicação anterior à categoria com a obra O Filho da Noiva (2001).

3. A Separação | 2012 ( Irã) – 8.3

A Separacao

Com um dos melhores finais de roteiro dos últimos tempos, Asghar Farhadi é o único diretor e roteirista presente duas vezes nesta lista. Sendo considerada sua obra mais proeminente, A Separação também foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original, sendo um feito inédito para o Irã. A trama concentra-se na ousada decisão de Simin (Leila Hatami) em separar-se do marido Nader (Payman Maadi) para morar no exterior e oferecer melhores oportunidades para sua única filha, Termeh (Sarina Farhadi). Isso porque Nader recusa deixar o país para cuidar de seu pai (Ali-Asghar Shahbazi), que sofre de Alzheimer.

2. A Vida dos Outros | 2007 (Alemanha) –  8.4

A Vida dos Outros

A medalha de prata é concedida para uma das obras mais instigantes e tocantes sobre espionagem. Saímos da seara da Segunda Guerra Mundial para os anos de divisão dos blocos mundiais entre capitalistas e comunistas na Guerra Fria. Em 1984, Berlim Oriental, o agente da polícia secreta Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) vigia o escritor Georg Dreyman (Sebastian Koch) e sua amante Christa-Maria (Martina Gedeck). Cada vez mais, o agente vê-se absorvido por suas vidas. Diferentes das tradicionais histórias de espionagem, A Vida dos Outros destaca os personagens acima de perseguições e traições, assim, as performances (como a do falecido Ulrich Mühe) permanecem em nossa memória.

1. Parasita | 2020 (Coreia do Sul) – 8.6

parasita

Ganhador de seis estatuetas, Parasita é a única produção a obter o prêmio de Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro, ao mesmo tempo. Esta é a obra-prima de Bong Joon Ho. Não é à toa que o longa ocupa a primeira posição e torna-se uma experiência cinematográfica mandatória daqui em diante. Comédia, crítica social, suspense, alegoria, terror e ação, todos os gêneros condensam-se para construir uma metáfora de luta de classe entre a família de Dong Ik (Lee Sun Kyun) e de Ki Taek (Song Kang Ho). Vale a pena conferir toda a produção do diretor e roteirista, desde Cão Que Ladra Não Morde (2000), passando por O Hospedeiro (2006), Mother: A Busca Pela Verdade (2009) e, claro, Expresso do Amanhã (2013). 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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