sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Gloria Bell – o Lady Bird da melhor idade

Sebastián Lelio é um diretor chileno que vem se tornando cada vez mais ‘desses que precisamos ficar atentos aos novos trabalhos’. Em 2013 ele ganhou os holofotes devido as nomeações e prêmios recebidos pelo filme Gloria. Já em 2018, o cineasta voltou o olhar do universo audiovisual para si quando venceu o Oscar por Uma Mulher Fantástica, que conta com uma protagonista transexual. Neste mesmo ano foi lançado nos cinemas a produção Desobediência, com Rachel Weisz e Rachel McAdams.

E agora, em pleno 2019, ele traz a versão americana de seu longa-metragem de 2013 com o novo título Gloria Bell. Protagonizado por Julianne Moore, o longa conta a história de Gloria, uma mulher acima dos 50 anos, com um espírito jovial que se envolve com um ex-oficial da Marinha que ela conhece em uma danceteria de Los Angeles.

Enquanto Lelio comanda a direção, quem faz a adaptação do roteiro é  Gonzalo Maza (El Año del Tigre) e Alice Johnson Boher (A Portrait of Female Desperation). A trama não possui muitas curvas e não traz algo necessariamente novo. Aqui o espectador acompanha um período na vida da personagem principal, cuja dramaturgia está 100% concentrada na mesma e tudo que acontece neste meio tempo, como por exemplo: algumas mudanças, um desenvolvimento que vai de x a z, crescimento, e por aí vai.

Contudo, não é difícil imaginar que esta história mostrada poderia se tornar facilmente esquecida na mente do público caso não fosse o monstro da atuação Julianne Moore protagonizando. Esqueça momentaneamente a atriz e o diretor, agora imagine uma produção cujo enredo trata do dia a dia de uma mulher acima dos 50 anos, que conhece um homem também mais velho e cheio de problemas com a família, e do casamento recém-terminado com traços de babaquice… Você se interessaria? Você não já viu esse filme antes?

É claro que quando se adiciona Moore, o longa-metragem ganha um olhar todo diferente e de fato, é ela quem torna a dramaturgia interessante. A vencedora do Oscar permanece em foco durante os 102 minutos e entrega momentos espetaculares. Outro detalhe para dar ênfase são as cenas em que tudo o que o público tem da mesma são as expressões faciais. Os outros membros do elenco realizam um trabalho de acordo com o que o roteiro pede, em destaque John Turturro como o interesse romântico chamado Arnold; e Caren Pistorius Ubach e Michael Cera como os filhos Anne e Peter. Por fim, ênfase para a presença de Holland Taylor como Hillary.

A direção de Sebastián Lelio está coerente com a qualidade de seu trabalho e possui cenas cuja câmera transporta o espectador para o que Gloria está sentindo e/ou passando. Outro detalhe fica para a direção de arte que faz um trabalho excelente na composição dos ambientes e nas luzes escolhidas para representar o longa-metragem. A trilha sonora é um dos pontos mais altos do filme e fica aquela vontade de escutar em looping eterno.

Gloria Bell não é uma produção espetacular, memorável ou única, está mais para uma espécie de Lady Bird: A Hora de Voar da melhor idade. O longa entrega uma história comum que conta com a vantagem de ter uma atriz de nome e que consegue levar facilmente a narrativa toda nas costas.

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