domingo , 24 novembro , 2024

Dossiê 007 | Permissão Para Matar (1989) – Cartéis de Drogas Mexicanos e Vingança no 16º e mais violento filme da franquia

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007 – Sem Tempo para Morrer, o vigésimo quinto filme oficial da franquia mais duradora do cinema, já está em exibição nos cinemas. Com o lançamento do grandioso filme, resolvemos criar uma nova série de matérias dissecando um pouco todos os filmes anteriores, trazendo para você inúmeras curiosidades e muita informação.

O décimo quinto filme da franquia mais duradoura do cinema marcava não apenas a longevidade de 007 nas telonas, mas também a mudança de um novo intérprete. Sean Connery, George Lazenby e Roger Moore haviam passado pelo papel e imortalizado seus nomes como verdadeiros astros. Com a saída de Moore devido à sua idade já avançada, Timothy Dalton se tornava o quarto James Bond oficial do cinema. Embora sua estreia em Marcado para a Morte (1987) não tenha causado o estrondo esperado, os produtores decidiram seguir com o ator para uma nova aventura dois anos depois. Permissão para Matar foi o décimo sexto longa da franquia. Confira abaixo os detalhes dos bastidores e tudo sobre a segunda incursão de Dalton como o espião 007.



Leia também: Todas as Matérias Dossiê 007 – até o momento

Produção

Com o décimo quinto filme da franquia 007 no cinema, James Bond mudava mais uma vez de rosto e ganhava a forma de seu quarto intérprete: Timothy Dalton. Acontece que Marcado para a Morte (1987) não havia “explodido” da forma que os produtores desejavam. O que acontecia é que àquela altura o grande público começava a consumir produtos de ação mais modernos, dinâmicos e arrojados. Era a época de superproduções como Rambo, RoboCop, Máquina Mortífera, O Predador e Duro de Matar. Esses filmes icônicos marcavam o período e como sabemos entraram para a história do cinema entretenimento. Em contrapartida, o “pai” de todos eles, o espião 007, era cada vez mais deixado de lado.

A franquia 007 havia sido muito grande na década de 1960 e moldado o que veríamos em questão de cinema de ação e entretenimento nas décadas seguintes. Mas quando chegamos aos anos 1980, o grande público ansiava por um material mais jovem, por filmes com outros tipos de heróis: o chamado cinema brucutu. Essa foi a época em que Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Mel Gibson e afins reinaram nas bilheterias interpretando policiais, guerrilheiros ou qualquer personagem durão que distribuía tiros e pancadas e só depois perguntava. Ou seja, para não ser esmagado novamente com um rolo compressor, 007 precisava se adequar aos novos tempos e esquecer a formalidade e a suavidade de outrora. Assim nascia Permissão para Matar – um filme de ação dos anos 1980 protagonizado por Timothy Dalton como James Bond

James Bond

Timothy Dalton lançava seu segundo filme na pele de James Bond. Com a saída de Roger Moore a opção era por um intérprete mais jovem, é claro, e também por uma abordagem mais séria do personagem. Fato que viria a ser repetir agora na era de Daniel Craig. Em sua primeira empreitada como 007, Dalton já havia ficado marcado como um James Bond mais sério, turrão e bem menos brincalhão do que Moore. Tais características só aumentariam, adicionando um teor sombrio ao espião (em partes mais próximo aos livros originais de Ian Fleming), neste que é considerado o filme mais violento da franquia.

Por só ter ficado no papel em dois filmes, Timothy Dalton ganhou má fama no personagem. Isto é, alguns até reconhecem seu esforço, mas o ator não se tornou o preferido de ninguém. De fato, chegou-se a cogitar um terceiro filme estrelado por Dalton e até mesmo um quarto – fatos adereçados no livro “The Lost Adventures of James Bond”, de Mark Edlitz, que aborda as ideias abandonadas de projetos envolvendo o personagem, incluindo dois filmes que nunca saíram do papel na era de Timothy Dalton. The Property of a Lady (A Propriedade de uma Dama), que seria o terceiro filme estrelado por Dalton, era baseado num conto de Fleming, e a versão cinematográfica traria Bond enfrentando como vilã uma mulher com partes robóticas em seu corpo. Já imaginou?

Missão Secreta

Em Permissão para Matar o lema é total e simplesmente a vingança. Na trama, o melhor amigo de James Bond, o agente da CIA Felix Leiter, se casa e 007 se torna o padrinho. Logo depois Leiter é capturado por um cruel traficante, líder de um cartel mexicano, e torturado perdendo sua perna ao ser atacado por um tubarão. Sua mulher tem pior sorte, sendo assassinada pelo mesmo vilão. Ao ver refletir no amigo sua própria história lembrando de sua esposa assassinada – fazendo valer a cronologia de A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969), fato igualmente levado em conta na era Roger MooreJames Bond parte para a retaliação, transformando o décimo sexto filme de 007 numa obra de ação sobre acerto de contas. Para isso, James Bond pede demissão da agência britânica e age de forma independente para derrubar o cartel mexicano.

Bondgirls e Aliados

Com jeito de poucos amigos e sem qualquer leveza ou humor, o James Bond de Timothy Dalton desta vez é puro sangue nos olhos. Mesmo assim ainda arruma tempo para confraternizar com algumas damas. A primeira delas é a igualmente graciosa e durona agente Pam Bouvier. Interpretada pela belíssima Carey Lowell e seu indefectível cabelo curtinho ruivo, a Bondgirl de olhos azuis é uma destas que ficamos desejando que tivesse ganhado um filme solo para estrelar. Lowell seguiria para protagonizar logo no ano seguinte o terror A Árvore da Maldição, do mesmo diretor de O Exorcista.

No filme ainda temos uma segunda Bondgirl marcante. A porto-riquenha Talisa Soto (de Mortal Kombat, 1995) vive Lupe, a namorada sofredora do traficante Franz Sanchez, o vilão do filme. Ela vive deixando-o devido aos seus crimes, porém, o sujeito sempre arruma uma forma de encontra-la e castiga-la, em algumas cenas verdadeiramente revoltantes, como quando o vilão a chicoteia. Permissão para Matar, como dito, é o filme da franquia que mais contém violência explícita. Lupe, no entanto, se envolve amorosamente com James Bond e vê nele a chance de escapar de seu “inferno pessoal” ao lado do vilão, assim como tantas Bondgirls sofredoras.

Felix Leiter é novamente interpretado por David Edison, àquela altura o único a viver o personagem duas vezes – tento estrado no papel em Viva e Deixe Morrer (1973). Desmond Llewelyn vive o armeiro Q pela décima quarta vez, aqui se tornando renegado ao lado de Bond. Robert Brown interpreta o chefe M pela quarta vez desde a morte de Bernard Lee na vida real. E Caroline Bliss reprisa o papel da agora agente Moneypenny pela segunda vez, após substituir Lois Maxwell na era Dalton.

Vilões

 

Sombrio e violento, Permissão para Matar cria uma atmosfera bem crua e real para sua trama. E isso reflete diretamente no vilão da história. Franz Sanchez é o líder de um cartel de drogas no fim da década de 1980, época do reinado de Pablo Escobar e da guerra antidrogas que os EUA e o mundo passavam. Assim, criar uma narrativa onde James Bond abandona o serviço secreto e parte para os EUA e o México para combater um traficante líder de cartel era simplesmente fervoroso e atual demais. Dando vida a um dos vilões mais ameaçadores da franquia, aproximando ainda mais o décimo sexto 007 ao que era feito em termos de ação no período, Robert Davi foi o intérprete perfeito. Conhecido por seus papeis em filmes como Os Goonies e Predador 2, Davi era um vilão certo nos anos 1980 e Sanchez marcaria igualmente sua carreira. Fora isso, o traficante tinha como braço direito o capanga Dario, vivido por um Benicio Del Toro em início de carreira.

Relatório

Permissão para Matar foi o mais “americanizado” dos filmes de 007 até então. O longa se comporta muito como um dos variados produtos de ação do período, dono de cenas de explosões e tiroteios, e até mesmo uma cena de briga de bar – algo incomum na filmografia do agente secreto. Justamente por isso, por não se parecer tanto como um filme de 007 e soar mais como o que era feito em Hollywood na década, o longa é muito criticado pelos fãs. Parte do público o acusa de ser muito um produto de sua época e não algo atemporal como as produções anteriores.

Outro detalhe que chama atenção, como dito é o grafismo da violência em variados momentos do longa. As mortes e torturas promovidas por Sanchez e sua gangue se tornam muito reais e diferentes do que estávamos habituados na franquia até então. Até mesmo o protagonista James Bond comete atos sádicos em sua trajetória de vingança contra os traficantes, matando criminosos à queima roupa e com bastante sangue frio. Embora tudo tenha sido planejado para se manter à altura da competição, Permissão para Matar terminou alienando demais os fãs e não capturando novos seguidores – que optaram por blockbusters como Indiana Jones e a Última Cruzada, Batman e Máquina Mortífera 2, os verdadeiros reis das bilheterias aquele ano. O resultado financeiro do segundo 007 com Timothy Dalton foi, digamos, no mínimo tímido e terminou por eliminar quaisquer planos para o terceiro longa estrelado pelo ator. Seriam mais seis anos até o retorno da franquia. Mas isso é assunto para um próximo Dossiê.

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007 – Sem Tempo para Morrer, o vigésimo quinto filme oficial da franquia mais duradora do cinema, já está em exibição nos cinemas. Com o lançamento do grandioso filme, resolvemos criar uma nova série de matérias dissecando um pouco todos os filmes anteriores, trazendo para você inúmeras curiosidades e muita informação.

O décimo quinto filme da franquia mais duradoura do cinema marcava não apenas a longevidade de 007 nas telonas, mas também a mudança de um novo intérprete. Sean Connery, George Lazenby e Roger Moore haviam passado pelo papel e imortalizado seus nomes como verdadeiros astros. Com a saída de Moore devido à sua idade já avançada, Timothy Dalton se tornava o quarto James Bond oficial do cinema. Embora sua estreia em Marcado para a Morte (1987) não tenha causado o estrondo esperado, os produtores decidiram seguir com o ator para uma nova aventura dois anos depois. Permissão para Matar foi o décimo sexto longa da franquia. Confira abaixo os detalhes dos bastidores e tudo sobre a segunda incursão de Dalton como o espião 007.

Leia também: Todas as Matérias Dossiê 007 – até o momento

Produção

Com o décimo quinto filme da franquia 007 no cinema, James Bond mudava mais uma vez de rosto e ganhava a forma de seu quarto intérprete: Timothy Dalton. Acontece que Marcado para a Morte (1987) não havia “explodido” da forma que os produtores desejavam. O que acontecia é que àquela altura o grande público começava a consumir produtos de ação mais modernos, dinâmicos e arrojados. Era a época de superproduções como Rambo, RoboCop, Máquina Mortífera, O Predador e Duro de Matar. Esses filmes icônicos marcavam o período e como sabemos entraram para a história do cinema entretenimento. Em contrapartida, o “pai” de todos eles, o espião 007, era cada vez mais deixado de lado.

A franquia 007 havia sido muito grande na década de 1960 e moldado o que veríamos em questão de cinema de ação e entretenimento nas décadas seguintes. Mas quando chegamos aos anos 1980, o grande público ansiava por um material mais jovem, por filmes com outros tipos de heróis: o chamado cinema brucutu. Essa foi a época em que Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Mel Gibson e afins reinaram nas bilheterias interpretando policiais, guerrilheiros ou qualquer personagem durão que distribuía tiros e pancadas e só depois perguntava. Ou seja, para não ser esmagado novamente com um rolo compressor, 007 precisava se adequar aos novos tempos e esquecer a formalidade e a suavidade de outrora. Assim nascia Permissão para Matar – um filme de ação dos anos 1980 protagonizado por Timothy Dalton como James Bond

James Bond

Timothy Dalton lançava seu segundo filme na pele de James Bond. Com a saída de Roger Moore a opção era por um intérprete mais jovem, é claro, e também por uma abordagem mais séria do personagem. Fato que viria a ser repetir agora na era de Daniel Craig. Em sua primeira empreitada como 007, Dalton já havia ficado marcado como um James Bond mais sério, turrão e bem menos brincalhão do que Moore. Tais características só aumentariam, adicionando um teor sombrio ao espião (em partes mais próximo aos livros originais de Ian Fleming), neste que é considerado o filme mais violento da franquia.

Por só ter ficado no papel em dois filmes, Timothy Dalton ganhou má fama no personagem. Isto é, alguns até reconhecem seu esforço, mas o ator não se tornou o preferido de ninguém. De fato, chegou-se a cogitar um terceiro filme estrelado por Dalton e até mesmo um quarto – fatos adereçados no livro “The Lost Adventures of James Bond”, de Mark Edlitz, que aborda as ideias abandonadas de projetos envolvendo o personagem, incluindo dois filmes que nunca saíram do papel na era de Timothy Dalton. The Property of a Lady (A Propriedade de uma Dama), que seria o terceiro filme estrelado por Dalton, era baseado num conto de Fleming, e a versão cinematográfica traria Bond enfrentando como vilã uma mulher com partes robóticas em seu corpo. Já imaginou?

Missão Secreta

Em Permissão para Matar o lema é total e simplesmente a vingança. Na trama, o melhor amigo de James Bond, o agente da CIA Felix Leiter, se casa e 007 se torna o padrinho. Logo depois Leiter é capturado por um cruel traficante, líder de um cartel mexicano, e torturado perdendo sua perna ao ser atacado por um tubarão. Sua mulher tem pior sorte, sendo assassinada pelo mesmo vilão. Ao ver refletir no amigo sua própria história lembrando de sua esposa assassinada – fazendo valer a cronologia de A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969), fato igualmente levado em conta na era Roger MooreJames Bond parte para a retaliação, transformando o décimo sexto filme de 007 numa obra de ação sobre acerto de contas. Para isso, James Bond pede demissão da agência britânica e age de forma independente para derrubar o cartel mexicano.

Bondgirls e Aliados

Com jeito de poucos amigos e sem qualquer leveza ou humor, o James Bond de Timothy Dalton desta vez é puro sangue nos olhos. Mesmo assim ainda arruma tempo para confraternizar com algumas damas. A primeira delas é a igualmente graciosa e durona agente Pam Bouvier. Interpretada pela belíssima Carey Lowell e seu indefectível cabelo curtinho ruivo, a Bondgirl de olhos azuis é uma destas que ficamos desejando que tivesse ganhado um filme solo para estrelar. Lowell seguiria para protagonizar logo no ano seguinte o terror A Árvore da Maldição, do mesmo diretor de O Exorcista.

No filme ainda temos uma segunda Bondgirl marcante. A porto-riquenha Talisa Soto (de Mortal Kombat, 1995) vive Lupe, a namorada sofredora do traficante Franz Sanchez, o vilão do filme. Ela vive deixando-o devido aos seus crimes, porém, o sujeito sempre arruma uma forma de encontra-la e castiga-la, em algumas cenas verdadeiramente revoltantes, como quando o vilão a chicoteia. Permissão para Matar, como dito, é o filme da franquia que mais contém violência explícita. Lupe, no entanto, se envolve amorosamente com James Bond e vê nele a chance de escapar de seu “inferno pessoal” ao lado do vilão, assim como tantas Bondgirls sofredoras.

Felix Leiter é novamente interpretado por David Edison, àquela altura o único a viver o personagem duas vezes – tento estrado no papel em Viva e Deixe Morrer (1973). Desmond Llewelyn vive o armeiro Q pela décima quarta vez, aqui se tornando renegado ao lado de Bond. Robert Brown interpreta o chefe M pela quarta vez desde a morte de Bernard Lee na vida real. E Caroline Bliss reprisa o papel da agora agente Moneypenny pela segunda vez, após substituir Lois Maxwell na era Dalton.

Vilões

 

Sombrio e violento, Permissão para Matar cria uma atmosfera bem crua e real para sua trama. E isso reflete diretamente no vilão da história. Franz Sanchez é o líder de um cartel de drogas no fim da década de 1980, época do reinado de Pablo Escobar e da guerra antidrogas que os EUA e o mundo passavam. Assim, criar uma narrativa onde James Bond abandona o serviço secreto e parte para os EUA e o México para combater um traficante líder de cartel era simplesmente fervoroso e atual demais. Dando vida a um dos vilões mais ameaçadores da franquia, aproximando ainda mais o décimo sexto 007 ao que era feito em termos de ação no período, Robert Davi foi o intérprete perfeito. Conhecido por seus papeis em filmes como Os Goonies e Predador 2, Davi era um vilão certo nos anos 1980 e Sanchez marcaria igualmente sua carreira. Fora isso, o traficante tinha como braço direito o capanga Dario, vivido por um Benicio Del Toro em início de carreira.

Relatório

Permissão para Matar foi o mais “americanizado” dos filmes de 007 até então. O longa se comporta muito como um dos variados produtos de ação do período, dono de cenas de explosões e tiroteios, e até mesmo uma cena de briga de bar – algo incomum na filmografia do agente secreto. Justamente por isso, por não se parecer tanto como um filme de 007 e soar mais como o que era feito em Hollywood na década, o longa é muito criticado pelos fãs. Parte do público o acusa de ser muito um produto de sua época e não algo atemporal como as produções anteriores.

Outro detalhe que chama atenção, como dito é o grafismo da violência em variados momentos do longa. As mortes e torturas promovidas por Sanchez e sua gangue se tornam muito reais e diferentes do que estávamos habituados na franquia até então. Até mesmo o protagonista James Bond comete atos sádicos em sua trajetória de vingança contra os traficantes, matando criminosos à queima roupa e com bastante sangue frio. Embora tudo tenha sido planejado para se manter à altura da competição, Permissão para Matar terminou alienando demais os fãs e não capturando novos seguidores – que optaram por blockbusters como Indiana Jones e a Última Cruzada, Batman e Máquina Mortífera 2, os verdadeiros reis das bilheterias aquele ano. O resultado financeiro do segundo 007 com Timothy Dalton foi, digamos, no mínimo tímido e terminou por eliminar quaisquer planos para o terceiro longa estrelado pelo ator. Seriam mais seis anos até o retorno da franquia. Mas isso é assunto para um próximo Dossiê.

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