Cuidado: muitos spoilers à frente.
A aguardada sequência ‘Enola Holmes 2’ finalmente chegou à Netflix e não apenas serviu como uma ótima expansão do universo iniciado em 2020, como também superou todas as expectativas e trouxe diversas reviravoltas aos fãs da já estabelecida mini-franquia.
Um dos principais twists, que inclusive roubou os holofotes da trama principal, envolveu Mira Troy. A personagem, interpretada com exímia por Sharon Duncan-Brewster, posou como secretária do Ministro do Tesouro do Reino Unido, o Lorde Charles McIntyre (Tim McMullan), à sombra de homens que acreditavam saber o que era melhor para os outros – mas sempre atenta a tudo que acontecia ao seu redor.
Logo nas cenas finais, Mira reaparece assim que Enola (Millie Bobby Brown), Sherlock (Henry Cavill) e Lorde Tewkesbury (Louis Partridge) resolvem o crime. Diferente do que poderíamos imaginar, ela não é apenas uma coadjuvante descartada, mas sim uma das personagens mais icônicas do panteão assinado por Sir Arthur Conan Doyle: Moriarty (que, como nos é revelado, também entra como anagrama para Mira Troy). Ela não apenas se envolveu com o mistério estudado por Enola, mas desviou dinheiro do próprio ministro para o que bem quisesse fazer, chamando a atenção de Sherlock e dando o primeiro passo de um império do crime que se igualava à inteligência e à sagacidade dos irmãos Holmes.
Mas quem é Moriarty?
Nos romances de Doyle, o Professor James Moriarty é um gênio do crime e um dos inimigos mais formidáveis de Sherlock. A priori, ele foi criado como um artifício para que Doyle pudesse matar Sherlock e as histórias do herói; entretanto, sua popularidade aumentou exponencialmente, caindo no gosto dos leitores e dando as caras em diversos contos, incluindo ‘A Casa Vazia’, ‘O Construtor de Norwood’ e ‘O Atleta Desaparecido’.
Como já mencionado, Moriarty possui uma inteligência gigantesca, bem como recursos que fornecem a criminosos estratégias e até mesmo proteção da lei – tudo em troca de uma taxa ou de uma parcela dos lucros – levando Holmes a caracterizá-lo como o “Napoleão do crime”. Nos escritos, ele é descrito como altamente impiedoso, jurando acabar com Holmes e sua reputação (“se você é inteligente o suficiente para me trazer destruição, garanto que farei o mesmo com você”, Moriarty diz em uma das histórias).
É possível até mesmo encará-lo como um sociopata, capaz de cometer os atos mais atrozes em prol de se beneficiar, sem ficar com a consciência pesada. Além disso, ele respeita a inteligência de Holmes, declarando que “tem sido um prazer intelectual ver a forma como você lidou com este caso”. Essa máxima, inclusive, é readaptada em ‘Enola Holmes 2’ de diversas maneiras, seja na inesperada maneira com que Moriarty se apresenta a Sherlock, seja em seu discurso final antes de ser presa.
A verdade é que, por enquanto, Moriarty ainda não demonstrou toda sua capacidade, com exceção da invejável inteligência para unir os dois irmãos em uma causa comum. Aliás, não sabemos nem ao menos se a personagem é uma espécie de variante do original – ora, talvez ela seja uma descendente direta do professor ou uma discípula fiel do que ele lhe ensinou em um passado remoto. De qualquer forma, a introdução da antagonista é apenas mais um indicativo do que o universo de Enola ainda tem muito a explorar – e que a Netflix precisa anunciar um terceiro capítulo.
Relembre o trailer: