sexta-feira , 22 novembro , 2024

Entrevista | Diretora Crystal Moselle põe em evidência skatistas e feminismo

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Com apenas dois longa-metragens na carreira, a diretora e roteirista Crystal Moselle destaca-se pela originalidade de suas obras. Em passagem pelo Brasil durante o Festival do Rio, a cineasta conversou com o CinePOP sobre o seu recente trabalho, Skate Kitchen, que aliás, é o nome real do coletivo de skatistas do filme.

Com mistura de realidade e ficção, já que quase todo elenco é formado por skatistas, Moselle aborda a presença das mulheres no mundo dos skates, além de temas como descoberta da sexualidade e relacionamento familiar. O filme surgiu do encontro da diretora com as meninas no metrô, levando-as à produção do curta The One Day (2016), premiado no Festival de Veneza, e posteriormente ao longa. 



Antes deste trabalho, Moselle abocanhou o Prêmio do Júri de Documentário no Festival de Sundance 2015, com Os Irmãos Lobos (The Woof Pack). Ao esbarrar pelas ruas de Nova York com um grupo de rapazes de aparência “mais exótica”, ela começou a conversar com eles e desse encontro surgiu o documentário sobre a história de seis irmãos criados presos dentro de um apartamento pelo pai autoritário.

Com certeza, Crystal Moselle é uma cineasta para ficar de olho. Enquanto Skate Kitchen não ganha uma data de estreia no circuito nacional, veja o nosso rápido bate-papo com a diretora norte-americana.

Crítica | Skate Kitchen – Autodescoberta e pertencimento na adolescência

CinePOP: Quando realizou Skate Kitchen, você imaginava o impacto que ele teria em públicos de diversas partes do mundo, como o Brasil, por exemplo?

Crystal Moselle: Sim. Algumas meninas brasileiras skatistas entraram em contato comigo pelo Instagram (@crystalmoselle). Eu tive contato com vários grupos de skatistas do mundo todo. O elenco do filme também é completamente formado de meninas skatistas na vida real e elas entram em contato com pessoas do mundo todo. É muito bom ter realizado um filme que se conecta com as pessoas em qualquer lugar, com as pessoas da Rússia, Inglaterra, Espanha, agora na América do Sul. Isso tudo tem sido uma ótima experiência.

https://www.instagram.com/p/Bp7cQx9Bes7/?utm_source=ig_web_options_share_sheet

CinePOP: Como foi para você colocar em evidência essa temática de nicho, meninas skatistas, em um filme sobre adolescência?

Crystal Moselle: Eu tive o trabalho de ouvi-las e discutir com elas essas questões. Eu, pessoalmente, pensei neste processo: “Uau, eu nunca vi isso em um filme; esses segredos sendo compartilhados no cinema”. Então, eu fiz um filme em que elas poderiam falar abertamente sobre suas próprias questões.

CinePOP: Como você compôs o roteiro? Ele é totalmente baseado na conversa com as meninas do filme?

Crystal MoselleEu ouvia muito as meninas falando e anotava para colocar no filme. Por exemplo, quando elas falavam sobre um acontecimento, menstruação ou Nelson Mandela. Qualquer coisa que elas falavam, eu planejava uma pequena cena e deixava elas improvisarem na atuação e depois eu escrevia a cena inteira a partir disso.

CinePOP: Ao escrever e dirigir um filme, você coloca a sua perspectiva no personagem? A protagonista Camille (Rachelle Vinberg) tem alguma coisa sua?

Crystal Moselle: Não. Somos totalmente diferentes. Eu sou documentarista, eu encontro um assunto e a minha criação se dá ao redor desse elemento. A vida em si. Nesse caso, o filme fala por várias jovens mulheres e, pessoalmente, eu não me sinto nem um pouco parecida com elas.

CinePOP: Com a repercussão positiva desse projeto, você pretende realizar outras produções para inspirar jovens mulheres?

Crystal Moselle: Não exatamente. Eu trabalho com o que me inspira e não tenho nada nesta direção no momento. Agora, eu estou criando um roteiro com o meu pai baseado em um período da vida dele. Eu não sei se eu vou voltar a trabalhar com adolescentes e fazer mais projetos voltado para essa faixa etária.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Com mistura de realidade e ficção, já que quase todo elenco é formado por skatistas, Moselle aborda a presença das mulheres no mundo dos skates, além de temas como descoberta da sexualidade e relacionamento familiar. O filme surgiu do encontro da diretora com as meninas no metrô, levando-as à produção do curta The One Day (2016), premiado no Festival de Veneza, e posteriormente ao longa. 

Antes deste trabalho, Moselle abocanhou o Prêmio do Júri de Documentário no Festival de Sundance 2015, com Os Irmãos Lobos (The Woof Pack). Ao esbarrar pelas ruas de Nova York com um grupo de rapazes de aparência “mais exótica”, ela começou a conversar com eles e desse encontro surgiu o documentário sobre a história de seis irmãos criados presos dentro de um apartamento pelo pai autoritário.

Com certeza, Crystal Moselle é uma cineasta para ficar de olho. Enquanto Skate Kitchen não ganha uma data de estreia no circuito nacional, veja o nosso rápido bate-papo com a diretora norte-americana.

Crítica | Skate Kitchen – Autodescoberta e pertencimento na adolescência

CinePOP: Quando realizou Skate Kitchen, você imaginava o impacto que ele teria em públicos de diversas partes do mundo, como o Brasil, por exemplo?

Crystal Moselle: Sim. Algumas meninas brasileiras skatistas entraram em contato comigo pelo Instagram (@crystalmoselle). Eu tive contato com vários grupos de skatistas do mundo todo. O elenco do filme também é completamente formado de meninas skatistas na vida real e elas entram em contato com pessoas do mundo todo. É muito bom ter realizado um filme que se conecta com as pessoas em qualquer lugar, com as pessoas da Rússia, Inglaterra, Espanha, agora na América do Sul. Isso tudo tem sido uma ótima experiência.

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CinePOP: Como foi para você colocar em evidência essa temática de nicho, meninas skatistas, em um filme sobre adolescência?

Crystal Moselle: Eu tive o trabalho de ouvi-las e discutir com elas essas questões. Eu, pessoalmente, pensei neste processo: “Uau, eu nunca vi isso em um filme; esses segredos sendo compartilhados no cinema”. Então, eu fiz um filme em que elas poderiam falar abertamente sobre suas próprias questões.

CinePOP: Como você compôs o roteiro? Ele é totalmente baseado na conversa com as meninas do filme?

Crystal MoselleEu ouvia muito as meninas falando e anotava para colocar no filme. Por exemplo, quando elas falavam sobre um acontecimento, menstruação ou Nelson Mandela. Qualquer coisa que elas falavam, eu planejava uma pequena cena e deixava elas improvisarem na atuação e depois eu escrevia a cena inteira a partir disso.

CinePOP: Ao escrever e dirigir um filme, você coloca a sua perspectiva no personagem? A protagonista Camille (Rachelle Vinberg) tem alguma coisa sua?

Crystal Moselle: Não. Somos totalmente diferentes. Eu sou documentarista, eu encontro um assunto e a minha criação se dá ao redor desse elemento. A vida em si. Nesse caso, o filme fala por várias jovens mulheres e, pessoalmente, eu não me sinto nem um pouco parecida com elas.

CinePOP: Com a repercussão positiva desse projeto, você pretende realizar outras produções para inspirar jovens mulheres?

Crystal Moselle: Não exatamente. Eu trabalho com o que me inspira e não tenho nada nesta direção no momento. Agora, eu estou criando um roteiro com o meu pai baseado em um período da vida dele. Eu não sei se eu vou voltar a trabalhar com adolescentes e fazer mais projetos voltado para essa faixa etária.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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